eco.sapo.pteco.sapo.pt - 4 mar. 18:35

Mind The Trash: “Temos de pensar na nossa pegada de carbono digital”

Mind The Trash: “Temos de pensar na nossa pegada de carbono digital”

A Mind The Trash foi E-commerce do Ano em Utensílios para o Lar e arrecadou o ouro nas categorias Melhor Acondicionamento e Melhor Packaging dos Artigos no Portugal E-Commerce Awards 2020.

De página pessoal de Instagram a e-commerce 3-em-um. Assim se faz a história da Mind The Trash, uma loja online que vende produtos amigos do ambiente e que se desdobrou já em três canais distintos – para o consumidor final, para parceiros e como plataforma B2B. Na edição passada do Portugal E-Commerce Awards, uma iniciativa do Lisbon Awards Group, em parceria com o ECO, que visa distinguir os melhores projetos de e-commerce no país, foi distinguida como E-commerce do Ano em Utensílios para o Lar e arrecadou o ouro nas categorias Melhor Acondicionamento e Melhor Packaging dos Artigos.

Catarina Matos, CEO e fundadora da Mind The Trash, explica nesta entrevista a evolução da marca e a sua perspetiva sobre o setor do comércio eletrónico.

Quais eram as vossas expectativas quando se candidataram ao Portugal E-Commerce Awards?

Tínhamos a noção de que muitas marcas desta área poderiam concorrer e que a possibilidade de elas ganharem o Portugal E-Commerce Awards era muito grande. Aliás, quando lançámos o post a dizer que ganhámos estes prémios, até referi que sou um bocadinho cética em relação a estas coisas, porque parece que só acontece aos outros, mas parece que não!

Claro que houve um bocadinho de esperança de podermos ganhar, pois esforçámo-nos muito para “lutar contra a maré”, contra o que estava a ser feito no mercado.

Qual foi a ideia ou necessidade que deu origem ao vosso e-commerce?

A Mind The Trash nasceu como sendo uma página pessoal de Instagram, onde partilhava dicas e os produtos que usava. Após me mudar de Londres para Portugal, decidi abrir a Mind The Trash enquanto loja online pois não encontrava no mercado português os produtos mais amigos do ambiente que já estava a usar no meu dia-a-dia. Assim, eu e o meu parceiro de negócio, Christian Andersen, criámos o nosso site de raiz sozinhos! Tivemos de pesquisar e aprender imenso como se faz uma loja online do início e tudo o que implica para termos tudo dentro das legalidades necessárias.

E-commerce em 2017 e agora em 2021 – como consideram este crescimento e evolução?

Aprendemos bastante ao longo destes quase quatro anos de loja online aberta. O nosso primeiro site era, tal como o atual, muito intuitivo e simples, mas tinha várias falhas de configuração por trás que o tornavam suscetível a falhas de funcionamento. Ainda tivemos alguns sustos em que a página simplesmente deixou de funcionar. Através de blogues e tutoriais, fomos aprendendo a melhorar e atualmente posso afirmar que estamos muito orgulhosos com o que conseguimos construir! E ao invés de uma página, já temos três! A Mind The Trash destinada ao consumidor final, a Mind The Trash para parceiros, ou seja, o nosso canal de distribuição, e o novo projeto SimpleTradeCo, uma plataforma B2B que une várias lojas e distribuidores num único local.

Como é que a pandemia e o confinamento alteraram as vossas rotinas?

Infelizmente com o confinamento, alguns membros da nossa equipa tiveram de ir para casa em teletrabalho. Tem sido um desafio, mas como somos muito unidos e estamos sempre em contacto uns com os outros, está a correr bem. Acredito mesmo, que este seja o segredo para superar a pandemia e o confinamento. Não é nada fácil ter uma equipa separada, antes era muito mais fácil pedir opiniões, debater assuntos e conviver. Agora estamos sempre ligados ao computador a mandar mensagens ou a fazer vídeo-chamadas uns com os outros, falta o contacto humano que nós tanto valorizamos.

Qual foi a característica funcional ou política de e-commerce que deu origem ao vosso prémio no Portugal E-Commerce Awards?

Nesta primeira edição inscrevemo-nos em duas categorias, Melhor Packaging de Artigos e Melhor Acondicionamento dos Artigos, e foi com muita surpresa que ficámos em primeiro lugar em ambas. Julgo que foi a nossa transparência e coerência que nos fez ser os vencedores. Tanto os nossos valores como os nossos produtos fazem todo o sentido para a nossa missão. Sempre defendemos a importância do não uso do plástico, de não haver excesso de material e da reutilização e isso está refletido tanto nos nossos produtos como na maneira como entregamos as nossas encomendas.

Com o grande crescimento de e-commerce nos últimos tempos, como é que se conseguem distinguir da concorrência?

Vemos muito a concorrência como uma forma de melhorar e tentar inovar, não só como forma de nos distinguirmos, mas também para poder inspirar marcas, que, tal como nós, lutam por um mundo mais consciente e sustentável. Às vezes parece que já está tudo feito, mas há sempre espaço para inovar e fazer diferente. Não é fácil, porque existem muito boas marcas a trazer coisas novas para o mercado do desperdício zero, mas é olhar para o que ainda se pode melhorar e querer fazer sempre diferente.

Quais são os maiores desafios para quem trabalha na área do e-commerce?

Existe muito a ideia de que o e-commerce é muito mais sustentável que uma loja física, o que em certos aspetos é verdade. Contudo, é necessário ter sempre em atenção como se pode diminuir a pegada ecológica de um e-commerce. Isto porque, apesar de se ter apenas um site, temos sempre de pensar na nossa pegada de carbono digital, que também tem bastante impacto no planeta.

Algo que gostaria de referir também é que senti muitas vezes que é muito fácil abrir uma loja online, contudo, é assumido que temos de saber toda a legislação sobre a venda online apesar de a informação estar dispersa. Tirámos cursos para estarmos mais tranquilos nesse campo, mas sinto que deveria haver mais informação sobre isso. Outro aspeto que considero um desafio é o de encontrar os plug-ins certos, que funcionem corretamente e que não causem incompatibilidade com o site. Por vezes perdemos muito tempo a tentar encontrar soluções para melhoramentos que queremos fazer.

Quais foram as vantagens da participação no Portugal E-Commerce Awards?

Uma das grandes vantagens foi vermos o nosso esforço de três anos reconhecido. Claro que tudo o que fazemos não é para ganhar prémios, longe disso. No entanto, foi muito importante para nós e motivador ver as nossas ideias e a forma como trabalhamos serem reconhecidas por este evento. Felizmente as empresas na área da sustentabilidade têm vindo a ganhar espaço no mercado e neste tipo de eventos e isso é muito importante.

Quais as tendências que apontam nesta área para o futuro?

Uma das grandes tendências é sem dúvida o uso do telemóvel para fazer compras. As pessoas atualmente usam o telemóvel para tudo e estão mais conectadas ao mesmo, do que a um computador, por exemplo. Conseguem comprar quer estejam num café ou em transportes públicos e não precisam de andar sempre com o computador atrás. Já existem muitas marcas com uma aplicação, para que os seus clientes possam fazer as suas encomendas a partir do seu telemóvel, mas a meu ver, será ainda mais uma tendência no futuro.

Com a constante atualização e desenvolvimento desta área, como é que se acompanha todas estas tendências?

Pela minha experiência, é estar sempre atento ao que se pode melhorar e como. É muito importante estarmos atentos às tendências e como podemos inovar, mas sempre sem nos desviarmos dos nossos valores e propósito. Para nós a inovação só faz sentido se estiver de mãos dadas com a sustentabilidade.

Qual o futuro do e-commerce na sua marca: uma alternativa ou o caminho a seguir?

O e-commerce para a Mind The Trash é um dos nossos focos, tendo em consideração que somos uma loja online. O nosso objetivo para agora e para o futuro é tentar melhorar o nosso serviço de acordo com aquilo que acreditamos. Conseguirmos diminuir a nossa pegada de carbono vai ser sempre uma das nossas prioridades, assim como, apostar em novas formas de reutilizar material para o envio das encomendas e tornar o nosso site ainda mais amigo do ambiente.

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