eco.sapo.pt - 23 fev 08:03
Rui Moreira quer articulação entre linha de alta velocidade e ponte do metro do Porto
Rui Moreira quer articulação entre linha de alta velocidade e ponte do metro do Porto
O presidente da Câmara do Porto defende que a linha de alta velocidade e a nova ponte sobre o rio Douro têm de ser “pensadas de forma articulada”.
O presidente da Câmara do Porto disse esta segunda-feira que a linha de alta velocidade e a nova ponte sobre o rio Douro, que integra o projeto de expansão da Metro do Porto, têm de ser “pensadas de forma articulada”.
“Escrevi uma carta aos dois ministros [das Infraestruturas e do Ambiente] propondo uma reunião a três sobre esta matéria porque me parece que a questão da expansão do metro, por um lado, e a questão da alta velocidade, por outro, não podem ser vistas em separado”, afirmou Rui Moreira, em resposta a uma questão colocada pelo deputado socialista Pedro Braga de Carvalho durante a Assembleia Municipal do Porto.
Quanto à nova ponte de metro sobre o rio Douro, que ligará Santo Ovídio (Vila Nova de Gaia) à Casa da Música (Porto), Rui Moreira afirmou que o município “reconhece a extraordinária importância” desta ligação, em particular porque “reduz o afluxo” na Ponte da Arrábida.
“Os estudos de procura estão disponíveis, os estudos daquilo que será o impacto no trânsito, esses, neste momento, não lhe posso dizer, mas aquilo que é interessante é que quando olhamos para os estudos de procura eles são extraordinariamente importantes”, referiu, acrescentando, contudo, que a inclusão da ponte na “malha urbana é algo que preocupa” a autarquia.
“Nós sabemos bem tudo aquilo que rodeia a proteção visual da Ponte da Arrábida, portanto, é absolutamente crucial que o projeto em termos de arquitetura seja um projeto de grande qualidade porque vai ter um impacto visual muito significativo”, defendeu o autarca.
Quanto à nova linha de alta velocidade, Rui Moreira disse “pouco conhecer” sobre o tema, referindo que a reunião que propôs “não foi considerada oportuna pelos membros do Governo”. “O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, manifestou-me interesse, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, disse-me que não estamos a falar da mesma coisa”, acrescentou.
O autarca defendeu ainda que a linha de alta velocidade têm de ser “muito bem” pensada em termos de estruturação da Área Metropolitana do Porto (AMP), nomeadamente, como é que “a alta velocidade deve entrar no centro da AMP”.
A 23 de outubro, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, apontou a ligação atlântica Lisboa-Porto-Vigo como a prioridade portuguesa para a rede ibérica de alta velocidade, avisando que o Governo português não aceita a “solução imposta” por Espanha que prioriza a ligação Lisboa-Madrid. Na apresentação do Programa Nacional de Investimentos 2030, em 22 de outubro, o ministro das Infraestruturas anunciou que as metas para a ferrovia se centram, entre outras, na criação de uma nova linha Porto-Vigo com duração de uma hora, bem como a eletrificação da rede até 2030.
Rui Moreira só se pronuncia sobre refinaria da Galp depois de falar com autarca de MatosinhosO presidente da Câmara do Porto afirmou que só se pronuncia sobre o encerramento da refinaria da Galp, em Matosinhos, depois de falar com a presidente desta autarquia e “conhecer com mais rigor” os planos da Petrogal. “Estou à espera de falar com a presidente da Câmara de Matosinhos acerca desta matéria antes de me pronunciar sobre o assunto e também de conhecer em mais rigor aquilo que a Petrogal lá pretende fazer”, afirmou.
Rui Moreira, que respondia a uma questão levantada pelo deputado Rui Sá, da CDU, lembrou, no entanto, que “os munícipes de Matosinhos andaram durante anos a pedir o encerramento da refinaria”. “Tendo eu muito respeito naturalmente pela questão dos trabalhadores, é verdade que não posso tomar uma posição fora daquilo que é o pensamento da presidente da Câmara de Matosinhos sobre esta matéria, bem como da Área Metropolitana do Porto (AMP) e também perceber o que lá se vai fazer”, referiu.
Os trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos, que deverá encerrar até ao final do ano, vão protestar em frente à Câmara do Porto na quinta-feira, dia 25 de fevereiro. A concentração, que compreende a realização de um plenário de trabalhadores, está agendada para às 14h30, frente à Câmara Municipal do Porto, disse em declarações à Lusa, Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte e da comissão de trabalhadores.
O sindicalista explicou que o objetivo é “ouvir” o presidente da autarquia sobre o fecho do complexo petroquímico que vai afetar não só o concelho de Matosinhos, onde está sedeada, mas toda a região norte. “Já pedimos reunião com o presidente Rui Moreira e, até agora, nada. Está calado sobre o assunto”, afirmou. Telmo Silva criticou o facto de o independente ainda não ter defendido publicamente a refinaria, sendo ele um “defensor do Norte”.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano. A decisão põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos. Telmo Silva adiantou que a empresa continua sem dar respostas aos trabalhadores, nem a apresentar soluções. “Ainda não apresentou qualquer plano até ao momento”, acrescentou.
Depois de um plenário de trabalhadores junto à Câmara Municipal de Matosinhos a 12 de janeiro, estes manifestaram-se a 02 de fevereiro em frente à sede da Galp e à residência do primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa. O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.