jornaleconomico.sapo.ptAna Pina - 26 jan. 00:06

‘Revenge travel’

‘Revenge travel’

A indústria do turismo espera agora por uma vaga de 'revenge travel': pessoas que vão fazer viagens extraordinárias depois da crise pandémica porque estiveram impedidas de o fazer durante bastante tempo.

A secretária de Estado do Turismo disse-nos recentemente que, até ao final de setembro, o sector turístico nacional perdeu 7,7 mil milhões de euros de receitas. Em valores, o país recuou dez anos e com este novo confinamento a situação irá piorar.

No entanto, estudos recentes demonstram-nos que, quem pode vai querer recuperar as oportunidades perdidas de viajar quando ultrapassarmos a crise pandémica.

Embora pareça um conceito estranho, revenge travel é uma expressão que deriva de revenge spending dos anos 1980 na China, quando as restrições ao comércio externo foram levantadas. Este padrão de comportamento repetiu-se após o primeiro confinamento quando, por exemplo, uma loja da Hermès vendeu 2,2 milhões de euros num só dia em Guangzhou.

A indústria do turismo espera agora por uma vaga de revenge travel – pessoas que vão fazer viagens extraordinárias depois da crise pandémica porque estiveram impedidas de o fazer durante bastante tempo.

Num estudo da Alibaba, na China 55% das pessoas que cancelaram as suas viagens devido à Covid-19 disseram que as iriam remarcar. Nos EUA, em estudos da “Fuel Travel” e da “Harris Poll”, apenas 3% dos inquiridos disse que não tinha interesse em viajar nos tempos mais próximos. Estes estudos também indicam que os residentes em áreas mais atingidas pela crise pandémica são os que demonstraram maior vontade de viajar assim que as restrições forem levantadas.

Noutros cantos do mundo, os sinais são semelhantes. Na Austrália, a Ernst & Young refere que uma vez levantadas as restrições, espera-se um grande boom nas viagens para a Nova Zelândia.

Na Índia, um dos mercados turísticos em maior crescimento, que em 2019 previa 50 milhões de viajantes internacionais para 2020, esta tendência também se tem verificado. E na Europa, Copenhaga por exemplo, tem feito um grande esforço promocional na região da Escandinávia, algo que nunca tinha feito até à crise pandémica.

Quem até agora melhor aproveitou o conceito de revenge travel foi o Dubai. Após o primeiro confinamento, em julho o Dubai adotou políticas mais relaxadas de contenção da crise pandémica, mantendo apenas a obrigatoriedade de apresentação de um teste negativo à Covid-19, e o Turismo do Dubai lançou uma forte campanha “Visit Dubai” com vários influencers de diferentes países.

O turismo tem um peso de 11% no PIB do Dubai e esta campanha gerou frutos. O Dubai foi dos países mais procurados a nível global no final de 2020, reduzindo assim o impacto da crise pandémica na economia local e lançando as bases para o sucesso da Expo 2021.

Este vírus tem avançado a ritmos diferentes à volta do globo e embora a terceira vaga pareça estar a atingir todos os países de forma mais uniforme é previsível que as restrições sejam levantadas a ritmos diferentes de país para país, por isso prevê-se que o mercado do turismo interno recupere antes do mercado externo.

Os estudos mostram que o desejo de viajar está mais forte do que nunca embora, face a esta volatilidade, se verifique que a flexibilidade nas políticas de cancelamento/remarcação e o last minute sejam fatores cada vez mais determinantes.

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