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Um país para todos

Um país para todos

As eleições presidenciais marcam um ciclo de cinco anos em que o país vai enfrentar uma das mais duras crises de sempre. Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso como presidente eleito, deixou claro que teremos um longo trabalho pela frente, que se inicia sob o signo da emergência pandémica, mas que continuará no combate à crise social e económica.

Esta é uma missão de todos os portugueses e o presidente deixou claro que convocará a nossa união em torno deste desígnio nacional. Esta responsabilidade coletiva, que Marcelo onerou como tributo a todas as vítimas da covid, é intergeracional e interclassista.

Entramos numa fase da vida do país em que todos precisam de todos e em que a capacidade do Estado de apoiar todos os que são afetados pela crise será testada ao limite. Os apoios à economia são essenciais para preservar o emprego e garantir a competitividade de Portugal. É evidente que não bastam os apoios do Estado: exige-se às empresas uma adaptação célere às novas condições de mercado e, também, um nível de responsabilidade social elevado.

As famílias, independentemente da sua condição social, estão também a ser duramente atingidas. É fundamental que os apoios cheguem a todos, incluindo as classes médias, tantas vezes esquecidas.

Trata-se de criarmos a partir desta crise um país mais justo e equilibrado. É uma oportunidade para corrigirmos muitos erros do passado que se foram acumulando e sobrecarregando uma parte da população que tem vindo a perder muito do seu bem-estar. Foi assim durante a intervenção da troika, com uma fatura que o Governo Passos Coelho fez recair essencialmente sobre as classes médias. O país não pode continuar a empobrecer aqueles que trabalham e se esforçam diariamente, destruindo as suas expectativas numa vida melhor.

Os impostos estão demasiadamente orientados para tributar o trabalho e é necessário que sejam criados mecanismos de cobrança de impostos a muitas empresas multinacionais que geram receitas em Portugal e pouco ou nada contribuem para a riqueza nacional, como é o caso dos gigantes da Internet.

Para protegermos os mais frágeis - idosos, deficientes, crianças, doentes - temos de encontrar um modelo mais eficiente que não recaia sempre sobre os mesmos.

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A voz respeitada do presidente da República, a sua capacidade de federação dos portugueses e o seu nível de influência no Governo e na Assembleia da República serão essenciais para a criação deste novo desenho social, mais justo, mais solidário, mais inclusivo e universalista.

Este não é um tema de Direita ou de Esquerda. É o que nos separa dos países europeus que muitos usam como referência do que devíamos ser. Como referiu Marcelo Rebelo de Sousa citando Eduardo Lourenço, "Portugal é uma nação pequena que foi maior do que os deuses, em geral, permitem". E esta é uma altura em que teremos de voltar a ser maiores.

* Presidente da Câmara de Matosinhos

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