www.jn.ptjn.pt - 26 jan. 00:05

No mercado da vacina

No mercado da vacina

Sempre pareceu excessiva a largueza com que as grandes farmacêuticas produtoras de vacinas anticovid se propuseram abastecer o ávido mercado mundial.

Eram dezenas, centenas de milhões de unidades que, rapidamente, se fariam jorrar por todos os cantos do planeta. As estratégias de combate à pandemia convergiram num objetivo comum: conseguir que os serviços de saúde aguentem até que um gigantesco esforço de vacinação produza os efeitos ansiados.

A indústria ganhou de várias maneiras: ninguém mais se preocupou com evitar referências promocionais a tais marcas. Depois, aconteceu o que sucede, amiúde, em empreitadas de obras públicas: os prazos deixam de ser viáveis, os preços sobem, as dificuldades operacionais agigantam-se.

As suspeitas são legítimas porque há factos. Se há países que pagam mais que outros por unidade, é para aí que se canaliza a produção. Parece ser o caso de Israel, que, graças ao pagamento de um preço muito superior ao que, por exemplo, a União Europeia acordou, está perto de fazer o pleno na vacinação da população.

Os Estados Unidos, além de, compreensivelmente, terem reservado a parte de leão, aceitaram pagar mais do que o acordado, pelo facto de cada frasco ser suficiente para mais uma dose do que antes se pensava.

Muitos países veem passar pela sua frente os carregamentos de vacina, sem poder de compra que lhes permita entrar nesse mercado. Instalou-se a lógica exclusiva e fria do negócio - a sórdida lógica do lucro baseado no sofrimento humano.

* Professor universitário

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