www.publico.ptpublico.pt - 25 jan. 18:51

Cartas ao director

Cartas ao director

Presidenciais

Neste tempo de dias cinzentos a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, à primeira volta, é sem dúvida uma constatação que a democracia ainda prevalece. A vontade soberana dos cidadãos marcou a diferença, apesar do nível elevado dos abstencionistas. Com esta pandemia seria ingrato e bastante desgastante organizar uma segunda volta.

Os extremos políticos e os insultos verificados na campanha eleitoral deverão ser esquecidos e ultrapassados. Nesta situação dramática em que vivemos necessitamos que os políticos saibam dialogar com consenso e equilíbrio para garantia da estabilidade do país.

Diamantino Reis, Portimão

A procrastinação do voto electrónico

"Never waste a good crisis" disse Churchill, um dos grandes líderes que os políticos mais gostam de citar. Na minha área, anos de telemedicina a arrastar-se lentamente por inércias individuais e colectivas foram dinamitados e substituídos por um pragmatismo acelerado do tem de ser.

Mas a política tem razões que a razão desconhece e o voto electrónico, há muito falado e desejado, num país em que a grande maioria da população tem cartão de cidadão com autenticação forte de assinatura por chip e PIN ou CMD, que permitiria a largas dezenas de confinados votar, não arrancou em plena pandemia. Mais logo vamos ouvir falar de abstenção, dever cívico, festa da Democracia... Mas a mesma elite política que tanto gosta de abanar no ar os ideais democráticos não tem a cabeça suficientemente arejada para fazer o óbvio: implementar o voto electrónico. "If not now then when?”

Paulo Varela, Porto

Vitória de Marcelo

Convém, agora que Marcelo Rebelo de Sousa ganha e muito bem, por si, saber valorizar quem tem o mérito. Foi a grande maioria da população que quis que a Presidência da República continuasse, e, merecidamente, entregue a Marcelo Rebelo de Sousa. O PSD e o CDS tiveram demasiadas hesitações em apoiar o recandidato porque, na sua opinião, dava cobertura aberta e exagerada a um Governo de esquerda. Logo, o mérito é do próprio Marcelo Rebelo de Sousa e de quem nele votou. Marcelo é reeleito com um percentagem superior à obtida por um grande Presidente, Jorge Sampaio, e de um muito menos bom, Cavaco Silva.

Há ainda que felicitar todos aqueles que tão bem organizaram as eleições deste dia 24 de Janeiro. Governo, câmaras, juntas e todas e todos que estiveram nas mesas de voto.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Voto na província com cautela prevista

Seriam 10h da manhã quando nos dirigimos ao pavilhão eleitoral. Respeitámos naturalmente a fila de entrada, em bom andamento, cidadãos de máscaras a cumprirem o distanciamento entre si, bem nítida a escala das mesas de votos com as respectivas indicações alfabéticas. Num total de 16 mesas, tinha sido anunciado o desmembramento a fim de evitar aglomerações. No corredor, o desinfectante. Os colaboradores de serviço indicavam com simpatia os devidos encaminhamentos conforme as mesas e as setas.

No nosso caso, assim como na maioria das mesas a essa hora, éramos aguardados como se fôssemos os únicos. Não se viam filas nas mesas, foi chegar, proceder aos cumprimentos, apresentar o cartão de cidadão, receber o papelinho mágico, dirigirmo-nos ao biombo e olharmos para o rosto dos candidatos, colocando a cruz no escolhido, servindo-nos de caneta própria. A vantagem da caneta própria é que ela própria já sabia onde devia votar, como se fosse aparo em algodão, não engana. Dobrado o papel, foi só introduzi-lo na ranhura. Despedidas e seguir em frente. Assim se formalizou o voto na província, aqui de forma tranquila.

Mário Santos, Tomar

A vacina em Portugal e em Espanha

Em Portugal um presidente de câmara passa à frente na fila, é vacinado contra a covid-19, aparece na televisão de touca ridícula na cabeça a segurar um frasquinho da dita vacina, todo sorridente como que a gabar-se da sua esperteza e tudo o que acontece são uns tímidos cacarejares de uns tantos responsáveis políticos sobre o assunto: nem sobressalto cívico, nem a mínima reacção partidária de qualquer latitude.

Em Espanha um general chefe do Exército faz o mesmo. Emerge uma forte reacção na sociedade e na estrutura partidária, o general pede desculpa e depois é demitido da sua função. Isto diz muito sobre ambos os países e explica muito porque um deles avança e já é uma potência e o outro definha cada vez mais a caminho da lanterna vermelha da Europa. E diz muito também sobre os expressivos números das abstenções nas eleições no nosso pobre país.

Carlos Duarte, Lisboa

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