rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 25 jan. 22:25

Proximidade ao Governo PS penalizou a esquerda, sugere investigadora do ICS

Proximidade ao Governo PS penalizou a esquerda, sugere investigadora do ICS

Susana Salgado adverte que este comportamento do eleitorado não permite antecipar cenários, em particular, as eleições legislativas de 2023. As eleições presidenciais são mais propicias ao chamado “voto de protesto”, sublinha.

A investigadora do Instituto de Ciências Sociais Susana Salgado considera que os resultados eleitorais dos candidatos presidenciais apoiados pelo PCP e pelo BE podem refletir um descontentamento dos eleitores "com a proximidade" daqueles partidos ao Governo PS.

Em declarações à Lusa, a investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) e especialista em comunicação política admitiu que João Ferreira e Marisa Matias possam ter sido penalizados pelos eleitores do BE e do PCP, argumentando que as eleições presidenciais favorecem o "voto de protesto".

“Podem ter sido penalizados pela sua proximidade, nos últimos anos, ao Governo do PS. Não havendo um candidato do PS, as pessoas acabaram por penalizar aquilo que seria o mais próximo que tinham”, referiu.

“São pessoas que não se reveem nas escolhas que têm sido feitas ultimamente, ou seja, no apoio à governação do PS. São pessoas que, muito provavelmente, se reveem em propostas mais irreverentes”, descreveu Susana Salgado.

Este comportamento eleitoral não pode, no entanto, servir de base para fazer previsões sobre o futuro a médio prazo e, em particular, as eleições legislativas de 2023, já que tipicamente as eleições presidenciais são mais propicias ao chamado “voto de protesto”, disse.

Se isso se poderá começar a verificar em breve, depende desde logo da prestação do executivo, mas “mais próximo das legislativas é expectável que se verifique um distanciamento maior”.

Além desta eventual penalização, a investigadora apontou outros potenciais fatores explicativos. Ou, melhor dizendo, outros candidatos: Ana Gomes e André Ventura.

Numa primeira análise, Susana Salgado admite que a candidatura de Ana Gomes possa ter sido particularmente prejudicial para o resultado de Marisa Matias - 3,95% - pela proximidade entre ambas.

“Acabaram por entrar um bocadinho no espaço uma da outra”, disse, acrescentando que a ameaça de um candidato de extrema-direita conseguir o segundo lugar também pode ter mobilizado o apoio de alguns eleitores a Ana Gomes que, de outra forma, votariam na candidata apoiada pelo BE.

Marcelo Rebelo de Sousa, com o apoio do PSD e CDS, foi reeleito Presidente da República nas eleições de domingo, com 60,70% dos votos, segundo os resultados provisórios apurados em todas as 3.092 freguesias e quando faltava apurar três consulados.

A socialista Ana Gomes foi a segunda candidata mais votada, com 12,97%, seguindo-se André Ventura, do Chega, com 11,90%, João Ferreira (PCP e Verdes) com 4,32%, Marisa Matias (Bloco de Esquerda) com 3,95%, Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal) com 3,22% e Vitorino Silva (Reagir, Incluir e Reciclar - RIR) com 2,94%.

A abstenção foi de 60,5%, a percentagem mais elevada de sempre em eleições para o Presidente da República.

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