jornaleconomico.sapo.pt - 25 jan. 17:10
André Ventura: o populista sulfuroso está em maré alta, diz o ‘Le Parisien’
André Ventura: o populista sulfuroso está em maré alta, diz o ‘Le Parisien’
O jornal francês 'Le Parisien' traça um perfil do líder da extrema-direita nacional, que recorda ser amigo de Marine Le Pen e do italiano Matteo Salvini.
Parecia que a onda extremista de direita não chegaria a Portugal – como vaticinaram erradamente vários analistas nacionais – mas afinal acabou mesmo por chegar, pela mão do Chega de André Ventura e pela sua aventura nas presidenciais deste domingo. O jornal francês ‘Le Parisien’, que o chama de populista sulfuroso, refere que, apesar de não ter conseguido avançar para uma segunda volta das eleições, Ventura conseguiu marcar a ascensão da extrema-direita num país “onde o populismo ainda não se consolidou”.
“Este hábil e ambicioso provocador quase alcançou o seu objetivo secundário, que era ultrapassar a socialista Ana Gomes no segundo lugar, atrás do conservador moderado Marcelo Rebelo de Sousa, facilmente reeleito”, escreve o jornal.
Mas, aos 38 anos, André Ventura continua a avançar no panorama político português: o “advogado de formação embarcou na corrida presidencial apenas um ano depois de entrar no Parlamento, como único deputado do partido anti-sistema Chega”.
A formação que ele próprio fundou obteve nas eleições legislativas de 2019 uma pontuação de 1,3%, ou 70 mil votos, recorda o jornal, para enfatizar que, neste domingo, obteve 11,9% e quase meio milhão de votos. “É uma noite histórica em Portugal, que vê a direita reconfigurar-se completamente”, disse Ventura.
O jornal recorda que Ventura defendeu um plano especial de confinamento sanitário para as comunidades ciganas e propôs que uma deputada nascida na Guiné-Bissau, que pretendia devolver obras de arte às antigas colónias portuguesas, fosse devolvida ao seu país de origem.
Aliado da francesa Marine Le Pen e do italiano Matteo Salvini, mas não dos espanhóis de Vox, André Ventura não exige que Portugal saia da União Europeia. Ventura beneficiou de um enfraquecimento dos dois partidos da direita tradicional, ainda penalizados pela cura de austeridade que impuseram aos portugueses após a crise da dívida de 2011.