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Julgamento: ″Vendia só para consumir. Ninguém me obrigou a nada″

Julgamento: ″Vendia só para consumir. Ninguém me obrigou a nada″

Apenas dois dos 20 acusados de integrarem uma rede de tráfico de droga na cidade do Porto falaram, esta segunda-feira, no arranque do julgamento, em Gaia. Um para admitir o crime, outro para negá-lo.

Segundo a acusação, entre 2017 e 2020, os 18 homens e duas mulheres montaram uma estrutura criminosa, sediada no bairro de Francos, para vender heroína, cocaína, haxixe e anfetaminas.

"É verdade. Era consumidor e precisava de consumir. Perguntaram se eu queria vender, eu disse que sim", admitiu Fábio Daniel. Segundo o pescador, de 23 anos, terá sido uma "Maria - que foi suspensa do processo -" que o "contratou".

A casa onde encontraram droga seria dela. "Deu-me a chave para eu entrar e dizia-me quando era para ir buscar. Era só pegar e ir para a rua vender", contou. Fábio assegurou que "vendia só para consumir", ninguém o obrigou. E recusou-se a implicar mais algum dos arguidos. "Só estou aqui por mim. Não estou para falar dos outros. Não tenho nada a ver com isso", explicou.

sobrinho de pedro bicho

Fábio antecipou-se e revelou que os pais estão presos por tráfico e que é sobrinho do Pedro "Bicho", considerado pela PSP como um dos principais traficantes da zona do Porto, condenado a 13 anos de prisão em 2015. Mas Fábio garante que já se deixou do tráfico e do consumo. "O meu sogro ameaçou-me que não me deixava mais ver a minha filha. Então aí meti-me a pescador e até estou a tirar a carta de mestre", afirmou.

No auditório de Gaia, onde, por motivos de segurança sanitária, decorre o julgamento, apenas um outro arguido usou da palavra. Nuno, 45 anos, admitiu que comprava droga em Francos mas nunca vendeu. Só conhecia os outros arguidos de conversa. "Morávamos todos no mesmo bairro, era difícil não conhecer, mas nunca me pediram nada", afirmou, garantindo que tem quatro filhos menores em casa e que nunca venderia lá droga.

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Para o Ministério Público, segundo a acusação, os 20 arguidos faziam parte de um grupo altamente organizado que vendia droga a partir do bairro de Francos, junto à linha de metro. O gangue usava vários métodos de despiste (ler ficha) mas acabou desmantelado após uma megaoperação da PSP em fevereiro de 2020.

Sem telefone e de Uber - Só comunicavam pessoalmente ou através das redes sociais e WhatsApp. Viajavam de táxi ou Uber para não serem seguidos

Rede de vigias - Montaram uma rede de vigias por todo o bairro para avisar sobre veículos estranhos ou polícias na zona.

Filial no Aleixo - O grupo estava baseado no bairro de Francos, em Ramalde, mas chegou a ter uma "filial" no bairro do Aleixo, até este ser demolido.

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