luisdelgado - 24 jan. 22:02
Visão | A noite do grande falhanço das sondagens
Visão | A noite do grande falhanço das sondagens
Tudo o resto foi um desastre completo, e as televisões todas levaram algum tempo a perceber que a realidade não correspondia a nenhuma das previsões iniciais. Aliás, a noite eleitoral foi rápida, e ainda mais quando os resultados já mostravam uma noite muito diferente do que se mostrava e dizia. A noite eleitoral morreu sem glória
Quem perdeu as presidenciais? As sondagens. Em tudo. Logo a começar na taxa de abstenção prevista, que levou muitos comentadores a achar que era uma grande lição de civismo dos portugueses. Os portugueses cumpriram, mas era óbvio que a pandemia e o confinamento iriam ter um peso devastador na afluência às urnas. Só numa coisa acertaram, que não nos números, mas na vitória de Marcelo à primeira. A realidade mostrou, depois, que a reeleição foi conseguida com um resultado excecional, e que não existindo este nível de abstenção, Marcelo teria ultrapassado o melhor resultado de Mário Soares.
Tudo o resto foi um desastre completo, e as televisões todas levaram algum tempo a perceber que a realidade não correspondia a nenhuma das previsões iniciais. Aliás, a noite eleitoral foi rápida, e ainda mais quando os resultados já mostravam uma noite muito diferente do que se mostrava e dizia.
Claro que há milhões de explicações para esse desastre na previsão eleitoral, que se ouvirão nos próximos dias, mas nada disso invalida o que foi a expetativa criada em relação a todos os candidatos, depois de Marcelo, e a deceção que se seguiu. A noite eleitoral morreu sem glória.
A abstenção é pesada, muito, mas não penalizou Marcelo, nem, aparentemente, André Ventura, que conseguiu um lugar que ninguém lhe atribuía, pelo facto de que o voto neste candidato, como no Chega, ser de um eleitorado que não revela a sua intenção. A votação de Ana Gomes desiludiu muito, para não falar de Marisa e João Ferreira. Esta esquerda encolheu significativamente nestas eleições, e o candidato liberal, um pouco como na campanha e nos debates, não convenceu, e os votos foram para Marcelo. Ao mostrarem as projeções, o candidato da Iniciativa Liberal era dado como a maior surpresa da noite, logo a seguir a Ana Gomes e André Ventura.
Salva-se a noite com a eleição direta, expressiva e contundente de Marcelo Rebelo de Sousa, que foi, até agora, o melhor Presidente da República em democracia. Para mim, e para uma maioria sólida e quase histórica dos portugueses. E sendo o melhor, o mais próximo, o mais preocupado, o mais empenhado, e o mais afetivo, não poderia deixar de cumprir mais 5 anos. É o pior momento para ser Presidente, com crises dramáticas sucessivas, e para isso, por muito exigente, extenuante e cansativo que seja, é fundamental ter em Belém um chefe de Estado estável, exigente, capaz de ajudar e apaziguar. Este Presidente nunca gostou de crises, ou de instabilidade política, e isso é um fator decisivo nos próximos tempos, que podem ser alguns anos.
Marcelo Rebelo de Sousa foi e será, sempre, um Presidente como nenhum outro: um simples cidadão que “está” Presidente, por escolha dos portugueses, que não liga nada à liturgia e pompa do cargo, que está permanentemente em contato com os cidadãos, conhece o país como poucos, e sempre disponível para ouvir, uma das suas melhores caraterísticas. Ouve e dá a sua opinião. Este Presidente reeleito está no lugar certo, quando o país mais precisa. E isso foi o que os portugueses disseram e confirmaram nestas eleições, que felizmente não foram adiadas.