www.publico.ptpublico@publico.pt - 27 out. 06:40

Mudem-se as regras!

Mudem-se as regras!

Enquanto noutros países, como é o caso da Bélgica, há profissionais de saúde infetados a trabalhar, desde que assintomáticos, por cá mantemos regras de proteção desajustadas face à intensidade da epidemia.

Senhor Presidente da República, senhor primeiro-ministro, responsáveis políticos em geral; de que é que estamos à espera para mudar “as regras do jogo” face ao recrudescer da pandemia?

Como pode o país aceitar que, por exemplo, as grávidas do hospital de Santarém tenham de ser transferidas para Vila Franca de Xira porque sete anestesistas, supõem-se que assintomáticos, estejam de quarentena por a uma colega da mesma especialidade ter sido diagnosticada covid-19! Partilhando o mesmo serviço e os mesmos locais de trabalho, não o fizeram de forma protegida usando como proteção, entre outras, máscara cirúrgica? Nos seus contactos hospitalares, não estiveram envolvidos outros grupos profissionais (enfermeiros, auxiliares…) e doentes com outras patologias anestesiados pela colega! Pergunta-se: que lhes aconteceu?

Como justificar que privemos concidadãos de cuidados de saúde inadiáveis por uma hipotética infeção cruzada entre colegas? A manter-se este grau de prevenção em pouco tempo os cuidados de saúde paralisam. Se tão elevado zelo epidemiológico se justificava na primeira fase da pandemia, quando o número de casos era diminuto havendo que, a todo o custo, interromper cadeias de transmissão, parece-me agora despropositado e desproporcionado pelo que se conhece sobre a natureza da infeção e suas consequências.

Enquanto noutros países, como é o caso da Bélgica, há profissionais de saúde infetados a trabalhar, desde que assintomáticos, por cá mantemos regras de proteção desajustadas face à intensidade da epidemia e necessidade de tratar doentes privados de cuidados de saúde pelas razões que se conhecem.

Há quem não goste de equiparar a situação que vivemos a uma guerra. Porém, há imensas semelhanças entre um conflito armado e uma pandemia descontrolada, sendo a natureza das vítimas a mais óbvia. Uma guerra, neste caso biológica, só se vence se soubermos ultrapassar o medo e tivermos “generais” à altura, a todos os níveis.

Em cada momento da pandemia, há que tomar decisões atempadas e assumir risco ajustados ao grau de perigosidade do agente infecioso em causa. As circunstâncias hoje são diferentes das da primeira vaga, adequemos pois as regras de atuação começando pelas que regem a atividade dos profissionais de saúde.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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