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Como um supercomputador conquista o poder na Terra

Como um supercomputador conquista o poder na Terra

Uma aventura de verão sob a forma do preâmbulo do livro do professor do MIT Max Tegmark. Abordamos esta reinvenção da sociedade. Parte III disponível

É um dos investigadores e autores mais respeitados e citados no domínio da inteligência artificial (IA) e na sua ligação ao ser humano e à sociedade capitalista em que vivemos. Max Tegmark é professor no MIT, presidente do Instituto Future of Life e conhecido por colaborar em dezenas de documentários de divulgação científica.

O seu livro Life 3.0 – Ser-se humano na era da inteligência artificial – é de 2017, foi publicado em Portugal em 2019, mas é tão futurista que continua a ser um manual do potencial e perigo da tecnologia com inteligência artificial, mesmo no pós-pandemia.

A forma apaixonada e aventureira como imagina o futuro da humanidade nas próximas décadas e convida o leitor a fazer uma reflexão sobre o tema tem sido alvo de inúmeros elogios, mas também algumas dúvidas, suscitando o debate em revista científicas como a Nature ou a Science, mas também no Wall Street Journal, entre outros. O seu livro esteve, aliás, duas semanas na lista dos mais vendidos do New York Times e liderou mesmo a tabela na área Business do mesmo jornal durante dois meses. Foi considerado um dos melhores do ano de 2018 por Barack Obama e é recomendado por Elon Musk, um ávido crente que a IA avançada pode por em perigo a sobrevivência humana.

Life 3.0

Tegmark discute no livro várias implicações sociais, económicas e políticas da IA na humanidade. Sugere ainda caminhos sobre o que pode ser feito para maximizar as hipóteses de trazer o lado positivo e de potencial ilimitado da inteligência artificial para o futuro da humanidade no planeta Terra e fora dele.

Um dos temas mais polémicos é o nível de consciência das futuras máquinas superinteligentes e como pode o ser humano controlá-las e tirar o melhor delas. Tegmark dá várias hipóteses, umas otimistas, outros mais pessimistas.

Logo a abrir o livro o autor deixa um desafio ao leitor sobre a forma de um preâmbulo que a Dom Quixote – que edita o livro em Portugal – nos permitiu reproduzir em parte. Como tratam-se de algumas páginas, nos próximos dias vamos publicar um excerto por dia.

O que é descrito é um arrojado exercício de imaginação na forma como um computador superinteligente chamado Prometheus, que surge num laboratório de investigação, consegue com a supervisão dos seus criadores humanos e em tempo recorde, mudar de forma estrutural e profunda a sociedade em que vivemos. O tal Prometheus permite uma espécie de “explosão de inteligência”, com potencial de funcionar como uma arma ou mecanismo ‘nuclear’ de algoritmos.

Reproduzimos desde já o tal preâmbulo (editado e reduzido) com a pergunta que o alimenta (publicado inicialmente terça-feira, 11 de agosto):

Pensa que a inteligência artificial (IA) superior à humana pode ser criada neste século [?

NÃO – Passar ao capítulo 1 seguinte (página 41) [esta parte não reproduzimos]

SIM – Continuar a ler de seguida

life pagina

A HISTÓRIA DA EQUIPA ÓMEGA

A equipa Ómega era a alma da empresa. Enquanto o resto da empresa produzia o dinheiro necessário para manter as coisas em funcionamento, através de diversas aplicações comerciais de uma IA estreita, a equipa Ómega avançava na sua busca daquilo que sempre fora o sonho do seu diretor executivo: elaborar uma inteligência artificial geral.

A maioria dos outros funcionários considerava «os Ómegas», como lhes chamavam afetuosamente, um grupo de sonhadores, eternamente a décadas de distância do seu objetivo. No entanto, aceitavam-nos alegremente, porque gostavam do prestígio que o trabalho de vanguarda dos Ómegas trazia à sua empresa, e apreciavam também os algoritmos aperfeiçoados que os Ómegas ocasionalmente lhes davam.

O que eles não perceberam foi que os Ómegas tinham construído cuidadosamente a sua imagem para esconder um segredo: estavam muito perto de realizar o plano mais audacioso da história da humanidade. O seu carismático diretor executivo escolhera-os a dedo não só por serem investigadores brilhantes, mas também pela sua ambição, idealismo e forte empenho em ajudar a humanidade.

Recordou-lhes que o seu plano era extremamente perigoso e que se fossem descobertos por governos poderosos, estes fariam praticamente tudo — recorrendo mesmo ao rapto — para os impedir, ou, de preferência, para roubar o seu código informático. No entanto, todos estavam com ele a 100%, pelo mesmo motivo que levou os principais físicos do mundo a participar no Projeto Manhattan para desenvolver armas nucleares: estavam convencidos de que, se não o fizessem primeiro, alguém menos idealista o faria.

A IA que tinham elaborado, com a alcunha de Prometheus, estava a tornar-se cada vez mais capaz. Embora as suas capacidades cognitivas ainda estivessem muito aquém das humanas em muitas áreas, como, por exemplo, as competências sociais, os Ómegas tinham realizado um grande esforço para a tornar extraordinária numa tarefa específica: a programação de sistemas de IA. Tinham optado deliberadamente por esta estratégia por ter acreditado no argumento da explosão de inteligência, apresentado pelo matemático britânico Irving Good em 1965:

«Uma máquina ultrainteligente deve definir-se como uma máquina capaz de ultrapassar em muito as atividades intelectuais de qualquer ser humano, por mais inteligente que seja. Como a conceção de máquinas é uma dessas atividades intelectuais, uma máquina ultrainteligente poderia conceber máquinas ainda melhores; haveria então sem dúvida uma “explosão de inteligência”, e a inteligência humana seria profundamente ultrapassada. Assim, a primeira máquina ultrainteligente é a última invenção que o homem precisa de realizar, desde que a máquina seja suficientemente dócil para nos dizer como a manter sob controlo.»

Imaginaram que, se conseguissem pôr em prática esse autoaperfeiçoamento recorrente, em breve a máquina se tornaria suficientemente inteligente para aprender sozinha todas as outras competências humanas que pudessem ser úteis.

Os primeiros milhões

Eram nove da manhã de sexta-feira quando decidiram o lançamento. O Prometheus estava a funcionar no seu conjunto de computadores construído seguindo os seus requisitos, guardado em longas filas de prateleiras numa sala com ar condicionado e acesso controlado. Por motivos de segurança, estava totalmente desligado da internet, mas continha uma cópia local de grande parte da web (Wikipedia, Biblioteca do Congresso, Twitter, uma seleção do YouTube, grande parte do Facebook, etc.) para utilizar como dados de treino e aprendizagem.

(…)

No momento do lançamento, o Prometheus era ligeiramente pior do que eles na programação de sistemas de IA, mas compensava isso sendo muito mais rápido, empregando o equivalente a milhares de pessoas por ano a trabalhar no problema enquanto bebericavam Red Bull. Cerca das dez da manhã, concluíra a primeira reinvenção de si próprio, a versão 2.0, que era ligeiramente melhor, mas ainda sub-humana. No entanto, quando o Prometheus 5.0 foi lançado às duas da tarde, os Ómegas ficaram pasmados: ultrapassara em muito os seus objetivos de desempenho, e o ritmo de progresso parecia estar a acelerar. Ao anoitecer, decidiram lançar o Prometheus 10.0 para iniciar a fase 2 do seu plano: ganhar dinheiro. O seu primeiro alvo foi o MTurk, o Turco Mecânico da Amazon.

Após o seu lançamento, em 2005, como um local de transações de crowdsourcing da internet, crescera rapidamente, com dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo que concorriam de forma anónima para desempenhar tarefas altamente sofisticadas designadas HITs, «Human Intelligence Tasks» (Tarefas de Inteligência Humana». Estas tarefas iam da transcrição de registos de áudio à classificação de imagens e à redação de descrições de páginas da internet, e todas tinham uma coisa em comum: se fossem bem feitas, ninguém saberia que eram realizadas por uma inteligência artificial.

O Prometheus 10.0 era capaz de realizar cerca de metade dessas tarefas com uma qualidade razoável. Para cada uma dessas categorias de tarefas, os Ómegas fizeram com que o Prometheus concebesse um módulo de IA estreita que realizava precisamente essas tarefas e nada mais. Em seguida, transferiram esse programa para a Amazon Web Services, uma plataforma informática na nuvem que poderia funcionar num número ilimitado de computadores virtuais alugados. Por cada dólar pago à divisão de computação em nuvem da Amazon, ganhavam mais de dois dólares na divisão MTurk da Amazon. Mal sabia a Amazon que existia esta extraordinária oportunidade de arbitragem no interior da sua própria empresa!

(…)

Como conseguiam duplicar o seu dinheiro todas as oito horas, começaram rapidamente a saturar o mercado de tarefas do MTurk e descobriram que não podiam ganhar mais do que cerca de um milhão de dólares por dia, sem atrair sobre si próprios uma atenção indesejada. No entanto, isto foi mais do que suficiente para financiar o seu próximo passo: eliminar a necessidade de pedidos embaraçosos de dinheiro ao diretor financeiro da empresa.

Jogos perigosos

Além das suas descobertas na área da IA, um dos projetos recentes com os quais os Ómegas se divertiram mais foi planear a forma mais rápida de ganhar dinheiro após o lançamento do Prometheus. Basicamente, toda a economia digital estava à sua disposição, mas seria melhor começar pela produção de jogos de computador, música, filmes ou programas informáticos, escrever livros ou artigos, jogar na Bolsa ou inventar coisas e vendê-las? Tudo se resumia a maximizar a sua taxa de lucro em relação ao investimento, mas as estratégias normais de investimento não passavam de uma caricatura em câmara lenta daquilo que podiam fazer: enquanto um investidor normal poderia ficar satisfeito com um lucro anual de 9%, os seus investimentos no MTurk tinham tido um lucro de 9% por hora, gerando oito vezes mais dinheiro todos os dias. Portanto, agora que tinham saturado o MTurk, o que poderiam fazer?

(…)

Perceberam rapidamente que, embora pudessem obter lucros muito maiores do que os outros investidores, era improvável que tivessem lucros semelhantes aos que teriam se vendessem os seus próprios produtos. Quando se tem a primeira IA superinteligente do mundo a trabalhar para nós, mais vale investir nas nossas próprias empresas do que nas dos outros! Embora pudesse haver exceções pontuais (tais como utilizar as capacidades sobre-humanas de pirataria informática do Prometheus para obter informações privilegiadas e comprar opções sobre ações prestes a serem colocadas no mercado), os Ómegas sentiam que isso não compensava a atenção indesejada que poderia atrair.

Quando centraram a atenção nos produtos que poderiam desenvolver e vender, os jogos de computador começaram por parecer a melhor escolha óbvia. O Prometheus poderia rapidamente tornar-se extremamente competente na criação de jogos atraentes, lidando facilmente com a codificação informática, o design gráfico, ray tracing e todas as outras tarefas necessárias para a produção de um produto final pronto a ser utilizado. Além disso, depois de processar todos os dados da web sobre as preferências das pessoas, poderia saber exatamente aquilo de que cada categoria de jogador gostava, e podia desenvolver uma capacidade sobre-humana para otimizar os lucros de vendas de um jogo.

O jogo The Elder Scrolls V: Skyrim, no qual muitos Ómegas tinham desperdiçado mais horas do que gostavam de reconhecer, tivera lucros totais de 400 milhões de dólares na sua primeira semana de vendas em 2011, e estavam confiantes de que o Prometheus poderia produzir algo pelo menos tão viciante em 24 horas utilizando um milhão de dólares de recursos computacionais na nuvem.

(…)

Como não sabiam como iriam evoluir os seus objetivos durante o seu autoaperfeiçoamento contínuo, decidiram ser prudentes e esforçar-se ao máximo por manter o Prometheus isolado («encaixotado») de tais formas que o impedissem de escapar para a internet. Em relação ao principal computador do Prometheus que funcionava na sua sala de servidores, recorreram ao isolamento físico: simplesmente não existia uma ligação à internet, e a única saída do Prometheus era na forma de mensagens e documentos que enviava para um computador controlado pelos Ómegas.

(…)

Os Ómegas criaram o seu próprio computador virtual, com a alcunha de Caixa de Pandora, que simulava um computador ultrassimplificado, sem quaisquer extras que normalmente associamos aos computadores: sem teclado, sem monitor, sem colunas, sem ligação à internet, nada. Para as transcrições de áudio do MTurk, os Ómegas definiram as coisas de forma que tudo o que podia entrar na Caixa de Pandora era um único ficheiro de áudio e tudo o que podia sair era um único documento de texto — a transcrição. Estas regras da caixa eram para os programas informáticos no interior o mesmo que as leis da Física são para nós no interior do nosso Universo: os programas informáticos não podiam sair da caixa, tal como nós não podemos viajar de forma mais rápida do que a luz, por mais inteligentes que sejamos.

(…)

Na altura, o risco de fuga de informações colocou fora do alcance não só o mercado dos jogos, mas também o extremamente lucrativo mercado de outros programas informáticos, onde estavam em jogo centenas de milhares de milhões de dólares.

[Publicado quarta-feira, 12 agosto]

Os primeiros milhares de milhões

Os Ómegas tinham limitado a sua busca a produtos de alto valor, puramente digitais (evitando a lentidão do fabrico) e facilmente compreensíveis (por exemplo, texto ou filmes que não implicassem um risco de fuga de informações). No final, decidiram lançar uma empresa de média, começando por entretenimento animado. O site da internet, o plano de marketing e os comunicados de imprensa estavam todos prontos antes ainda de o Prometheus se tornar superinteligente — só faltava o conteúdo.

Embora o Prometheus já fosse extraordinariamente capaz no domingo de manhã, ganhando dinheiro de forma contínua no MTurk, as suas capacidades intelectuais eram ainda bastante limitadas: o Prometheus fora deliberadamente otimizado para conceber sistemas de IA e redigir programas informáticos que realizassem tarefas bastante repetitivas no MTurk. Não era bom, por exemplo, a produzir filmes — não por algum motivo profundo, mas pelo mesmo motivo que fez com que James Cameron não fosse bom a produzir filmes quando nasceu: trata-se de uma competência que leva tempo a aprender.

Tal como uma criança humana, o Prometheus podia aprender o que quisesse a partir dos dados de que dispunha. Enquanto James Cameron levara anos a aprender a ler e a escrever, o Prometheus tratara disso na sexta-feira, arranjando ainda tempo para ler toda a Wikipedia e alguns milhões de livros. Produzir filmes era mais difícil. Escrever um guião que os seres humanos considerassem interessante era tão difícil como escrever um livro, exigindo uma compreensão pormenorizada da sociedade humana e daquilo que os seres humanos consideravam divertido.

(…)

Os Ómegas repararam que depois de o Prometheus assistir num ritmo vertiginoso a algumas centenas de filmes, começou a ficar bastante bom na previsão do tipo de críticas que um filme teria e como atrairia os diversos públicos.

De facto, aprendeu a redigir as suas próprias críticas de filmes de forma que demonstrava uma verdadeira compreensão, comentando tudo.

(…)

Os Ómegas instruíram o Prometheus para que no início se concentrasse na produção de animação, para evitar perguntas embaraçosas sobre quem eram os atores simulados. No domingo à noite, encerraram o seu extraordinário fim de semana abastecendo-se de cerveja e pipocas de micro-ondas, reduziram a iluminação e assistiram ao primeiro filme do Prometheus. Era uma fantasia-comédia animada no estilo do Frozen, da Disney, e o ray tracing fora realizado por um programa informático do Prometheus encaixotado na nuvem da Amazon, utilizando a maior parte do lucro de um milhão de dólares do MTurk desse dia. Quando o filme começou, consideraram simultaneamente fascinante e assustador o facto de ter sido criado por uma máquina sem orientação humana. No entanto, em pouco tempo estavam a rir com as piadas e a suster a respiração nos momentos dramáticos. Alguns até derramaram uma lágrima no final emocional, envolvendo-se de tal forma naquela realidade ficcional que esqueceram tudo sobre o seu criador.

Os Ómegas agendaram o lançamento do seu site da internet para sexta-feira, dando tempo ao Prometheus para produzir mais conteúdos e a si próprios para fazer as coisas que não tinham confiado ao Prometheus: comprar publicidade e começar a recrutar empregados para as empresas fictícias que tinham criado ao longo dos últimos meses. Para ocultar o seu rasto, a história oficial seria que a empresa de média (que não estava publicamente associada aos Ómegas) comprava a maior parte dos seus conteúdos a produtores independentes de filmes, normalmente empresas emergentes de alta tecnologia em regiões pobres.

Estes fornecedores falsos estavam convenientemente situados em regiões remotas como Tiruchirappalli e Yakutsk, que os jornalistas mais curiosos não se dariam ao trabalho de visitar. (…) Escolheram o slogan empresarial «Canalizar o talento criativo do mundo» e classificaram a sua empresa como sendo radicalmente diferente, utilizando tecnologia de ponta para capacitar pessoas criativas, especialmente nos países em desenvolvimento.

Quando se chegou a sexta-feira e os curiosos começaram a visitar o seu site da internet, depararam com algo que fazia lembrar os serviços da internet Netflix e Hulu, mas com diferenças interessantes. Todas as séries animadas eram novas e nunca tinham ouvido falar delas. Eram bastante interessantes: a maioria das séries consistia em episódios de 45 minutos, com um bom argumento e terminando sempre de uma forma que deixava as pessoas ansiosas por saber o que acontecia no episódio seguinte. E eram mais baratas do que a concorrência.

O primeiro episódio de cada série era gratuito, e os restantes podiam ser vistos por 49 cêntimos cada, com descontos para a série completa. Inicialmente, havia apenas três séries com três episódios cada, mas todos os dias eram acrescentados novos episódios, bem como novas séries destinadas a diferentes audiências. Ao longo das duas primeiras semanas do Prometheus, as suas competências na produção de filmes aumentaram rapidamente, [em qualidade, quantidade e preço].

(…)

Lançaram [depois] muitas séries com atores simulados semirrealistas, em géneros que concorriam com os tradicionais programas de televisão em direto e filmes. A sua rede emissora revelou-se bastante viciante e teve um crescimento de audiências espetacular. Muitos fãs consideraram os personagens e enredos mais inteligentes e interessantes do que as maiores produções de Hollywood, e ficaram encantados por serem mais baratos. Apoiados por uma publicidade agressiva (que os Ómegas podiam pagar devido aos seus custos de produção próximos do zero), excelente cobertura mediática e excelentes críticas passa-palavra, a sua receita global aumentara para dez milhões por dia um mês após o lançamento.

Ao fim de dois meses, tinham ultrapassado a Netflix, e ao fim de três meses estavam a ganhar mais de 100 milhões de dólares por dia (…). O seu sucesso extraordinário atraiu muita atenção indesejada, incluindo especulação sobre o facto de terem uma IA forte, e os Ómegas puseram em prática uma campanha de desinformação bastante bem-sucedida. A partir de um imponente escritório em Manhattan, os seus porta-vozes recentemente contratados elaboraram as suas histórias oficiais. Como disfarce, foram contratados muitos seres humanos, incluindo verdadeiros argumentistas de todo o mundo.

(…)

A confusa rede internacional de subcontratantes permitiu que a maioria dos seus empregados pensasse que havia outros, em algum lado, que faziam a maior parte do trabalho.

(…)

Novas tecnologias

Num espaço de tempo de meses, o império empresarial controlado pelos Ómegas começou a estar presente em mais áreas da economia mundial, graças ao planeamento sobre-humano do Prometheus. Analisando cuidadosamente os dados de todo o mundo, tinha já, durante a sua primeira semana, apresentado aos Ómegas um plano de crescimento pormenorizado e gradual, e continuou a melhorar e a aperfeiçoar esse plano. Embora o Prometheus estivesse longe de ser omnisciente, as suas capacidades eram agora tão superiores às humanas que os Ómegas o consideravam um oráculo perfeito, dando diligentemente respostas e conselhos brilhantes a todas as perguntas.

(…)

Como o Prometheus podia prever com precisão quanto tempo levariam os seres humanos a compreender e produzir coisas utilizando diversas ferramentas, desenvolveu o caminho mais rápido possível, dando prioridade a novas ferramentas que pudessem ser rapidamente compreendidas e produzidas, e que fossem úteis para o desenvolvimento de ferramentas mais avançadas.

De acordo com o espírito do movimento maker, as equipas de engenharia foram encorajadas a utilizar as suas próprias máquinas para produzir melhores máquinas. Esta autossuficiência permitiu não só poupar dinheiro, mas também as tornou menos vulneráveis a futuras ameaças do mundo exterior. Em dois anos, estavam a produzir material informático muito melhor do que o até então existente. Para evitar ajudar a concorrência externa, mantiveram em sigilo essa tecnologia e utilizaram-na apenas para aperfeiçoar o Prometheus.

No entanto, aquilo em que o mundo reparou foi no extraordinário progresso tecnológico. Empresas emergentes de todo o mundo estavam a lançar novos produtos revolucionários em quase todas as áreas. Uma empresa emergente da Coreia do Sul lançou uma nova bateria que armazenava o dobro da energia da bateria de um computador portátil em metade do volume, e podia ser carregada em menos de um minuto. Uma empresa finlandesa lançou um painel solar barato com o dobro da eficiência dos melhores concorrentes.

Uma empresa alemã anunciou um novo tipo de fio supercondutor à temperatura ambiente, suscetível de ser produzido em massa, revolucionando o setor da energia. Um grupo de biotecnologia sediado em Boston anunciou a fase II de um ensaio clínico daquilo que afirmava ser o primeiro medicamento eficaz para a perda de peso sem efeitos secundários. (…). Os exemplos continuavam a surgir, fazendo com que se falasse de uma nova época de ouro da ciência.

Por último, mas não menos importante, as empresas de robótica estavam a surgir como cogumelos em todo o mundo. Nenhum dos robôs se aproximava da inteligência humana, e a maioria não se assemelhava nada a seres humanos. No entanto, produziram mudanças espetaculares na economia, e nos anos que se seguiram substituíram gradualmente os trabalhadores nos setores da produção industrial, transportes, armazenamento, retalho, construção, mineração, agricultura, silvicultura e pesca. Aquilo que o mundo não percebeu, graças ao trabalho intenso de uma equipa de excelentes advogados, foi que essas empresas eram controladas, através de uma série de intermediários, pelos Ómegas.

O Prometheus estava a inundar os escritórios de registo de patentes de todo o mundo, através de diversos mandatários, e estas invenções levaram gradualmente ao domínio em todos os setores tecnológicos. Embora estas novas empresas revolucionárias fizessem inimigos poderosos entre os seus concorrentes, fizeram amigos ainda mais poderosos. Eram extremamente lucrativas, e com slogans tais como «Investir na nossa comunidade», gastaram uma parcela significativa desses lucros contratando pessoas para projetos comunitários — muitas vezes as mesmas pessoas que tinham sido despedidas pelas empresas concorrentes afetadas.

Utilizaram análises pormenorizadas, elaboradas pelo Prometheus, que identificavam os trabalhos mais compensadores para os empregados e para a comunidade, com o mínimo custo possível, e adaptados às circunstâncias locais. Em regiões com altos níveis de serviços governamentais, centravam-se com frequência no reforço da comunidade, na cultura e na prestação de cuidados, enquanto, nas regiões mais pobres, a sua atividade incluía também a fundação e a gestão de escolas, os cuidados de saúde, os centros de dia, os cuidados aos idosos, a habitação acessível, os parques e as infraestruturas básicas. Praticamente em toda a parte, os residentes locais concordaram que essas coisas deviam ter sido feitas há muito tempo.

Os políticos locais receberam donativos generosos, e foram feitos esforços para que eles beneficiassem a sua imagem ao encorajar esses investimentos empresariais na comunidade.

[Publicado quinta-feira, 13 agosto]

A conquista do poder

Os Ómegas tinham estabelecido uma empresa de média não só para financiar as suas primeiras iniciativas tecnológicas, mas também para o passo seguinte do seu plano audacioso: dominar o mundo. Menos de um ano após a sua fundação, tinham acrescentado canais noticiosos de elevada qualidade à sua programação em todo o mundo. Ao contrário dos seus outros canais, tinham sido deliberadamente concebidos para perder dinheiro e eram apresentados como um serviço público. Na realidade, os seus canais noticiosos não geravam qualquer lucro: não tinham publicidade e eram acessíveis de forma gratuita por qualquer pessoa que tivesse uma ligação à internet.

O resto do seu império de média era uma máquina de gerar dinheiro tão eficaz que podiam gastar muitos mais recursos no seu serviço noticioso do que qualquer outra iniciativa jornalística jamais fizera — e isso era visível. Através do recrutamento agressivo de jornalistas e repórteres de investigação, com salários altamente competitivos, trouxeram para o ecrã talentos e descobertas notáveis.

Com uma rede mundial que pagava a qualquer pessoa que revelasse algo digno de ser noticiado, desde a corrupção local a acontecimentos comovedores, eram normalmente os primeiros a descobrir uma história. Pelo menos, era nisso que as pessoas acreditavam: na realidade, eram com frequência os primeiros porque histórias atribuídas a cidadãos-jornalistas tinham sido descobertas pelo Prometheus por meio da monitorização em tempo real da internet. Todos esses sites de notícias de vídeo tinham também podcasts e artigos de texto.

A fase 1 da sua estratégia de notícias era obter a confiança das pessoas, o que aconteceu com grande sucesso. Esta disponibilidade sem precedentes para perder dinheiro permitiu uma cobertura noticiosa regional e local extraordinariamente diligente, na qual os jornalistas de investigação denunciavam com frequência escândalos que atraíam verdadeiramente os seus espetadores. Sempre que um país estava fortemente dividido politicamente e habituado a notícias partidárias, lançavam um canal de notícias para cada fação, pertencente ostensivamente a diferentes empresas, e obtinham gradualmente a confiança dessa fação. Sempre que possível, faziam isto utilizando mandatários para comprar os canais existentes mais influentes, melhorando-os gradualmente através da eliminação da publicidade e da introdução dos seus próprios conteúdos.

Em países onde a censura e a interferência política ameaçavam esses esforços, concordavam inicialmente com tudo o que o governo exigisse para se manterem em atividade, mantendo o slogan interno secreto: «A verdade, nada mais do que a verdade, mas talvez não toda a verdade.» O Prometheus dava normalmente excelentes conselhos nessas situações, identificando os políticos que precisavam de ser apresentados com uma boa imagem e aqueles (normalmente políticos locais corruptos) que podiam ser denunciados. O Prometheus fornecia também recomendações importantes sobre as estratégias a adotar, quem devia ser subornado e a melhor forma de o fazer.

Esta estratégia foi um enorme sucesso em todo o mundo, com os canais controlados pelos Ómegas a surgir como as fontes noticiosas mais fiáveis.

(…)

Cerca de dois anos depois do lançamento do Prometheus, quando a fase de conquista de confiança foi totalmente concluída, os Omegas lançaram a fase 2 da sua estratégia noticiosa: a persuasão. Ainda antes disso, os observadores astutos tinham-se apercebido da existência de objetivos políticos por trás do novo grupo de média: parecia haver uma suave tendência para o centro, para longe dos extremismos de todos os tipos.

A sua infinidade de canais para diferentes grupos ainda refletia a animosidade entre os Estados Unidos e a Rússia, a Índia e o Paquistão, as diversas religiões, as fações políticas, etc., mas o tom das críticas era ligeiramente mais suave, centrando-se em questões concretas relacionadas com dinheiro e poder, e não em ataques pessoais, alarmismo e boatos sem fundamento.

Quando a fase 2 se iniciou em pleno, este esforço para neutralizar velhos conflitos tornou-se mais visível, com a transmissão frequente de histórias comoventes sobre o sofrimento dos adversários tradicionais, juntamente com reportagens de investigação sobre os partidários mais visíveis do conflito que eram motivados pelo lucro pessoal. Os comentadores políticos sublinharam que, paralelamente ao atenuar de conflitos regionais, parecia haver uma tendência geral no sentido da redução das ameaças globais.

Por exemplo, os riscos de guerra nuclear estavam subitamente a ser discutidos em toda a parte. Vários filmes de grande sucesso apresentaram cenários em que a guerra nuclear global tinha início por acidente ou propositadamente, e dramatizavam as distopias que se instalavam como consequência do inverno nuclear, do colapso das infraestruturas e da fome generalizada.

(…)

Como resultado, começou a desenvolver-se um ambiente político favorável à diminuição dos níveis de alerta dos mísseis e à redução dos arsenais nucleares. Os média deram também uma atenção renovada às alterações climáticas globais, destacando com frequência os recentes progressos tecnológicos promovidos pelo Prometheus, que estavam a reduzir o custo das energias renováveis e a encorajar os governos a investir nessas novas infraestruturas energéticas. A par da sua aquisição dos média, os Ómegas utilizaram o Prometheus para revolucionar a educação. Em função dos conhecimentos e competências de cada pessoa, o Prometheus podia determinar a forma mais rápida de ela aprender uma nova matéria, de maneira a mantê-la altamente interessada e motivada para continuar, e produzir os correspondentes vídeos, instrumentos e materiais de leitura, exercícios e outras ferramentas de aprendizagem otimizadas.

(…)

Quer fosse para um iletrado com 40 anos que queria aprender a ler ou para um doutorado em Biologia que procurava investigar a mais recente imunoterapia contra o cancro, o Prometheus tinha o curso perfeito. Estas ofertas tinham poucas semelhanças com a maioria dos cursos da internet atuais: recorrendo aos talentos de produção de filmes do Prometheus, os vídeos eram verdadeiramente interessantes, com metáforas impactantes, deixando as pessoas com vontade de aprender mais.

(…)

Estes superpoderes educacionais revelaram-se ferramentas poderosas, criando na internet «sequências de persuasão» com vídeos em que as ideias de cada um atualizavam as perspetivas dos espetadores e os motivavam a assistir a outro vídeo sobre um tema relacionado, no qual seriam também convencidos a continuar. Quando o objetivo era neutralizar um conflito entre dois países, por exemplo, documentários históricos eram lançados de forma independente em ambos os países, explicando as origens e a evolução do conflito numa perspetiva mais matizada.

As notícias com caráter pedagógico explicavam quem, do seu próprio lado, beneficiava com a continuação do conflito, e as suas técnicas para o alimentar. Ao mesmo tempo, personagens simpáticos do outro país começavam a aparecer em programas populares nos canais de entretenimento, da mesma forma que personagens pertencentes a minorias apresentados de forma simpática tinham no passado reforçado os movimentos dos direitos civis e dos homossexuais. Em pouco tempo, os comentadores políticos repararam no apoio crescente a objetivos políticos centrados em sete slogans:

  1. Democracia
  2. Redução de impostos
  3. Cortes nos serviços sociais do Estado
  4. Cortes nas despesas militares
  5. Comércio livre
  6. Abertura de fronteiras
  7. Empresas socialmente responsáveis

O que era menos óbvio era o objetivo subjacente: destruir gradualmente todas as anteriores estruturas de poder do mundo. Os itens 2 a 6 tinham esse efeito no poder estatal, e a democratização do mundo dava ao império empresarial dos Ómegas mais influência sobre a seleção dos líderes políticos.

As empresas socialmente responsáveis enfraqueciam ainda mais o poder do Estado, assumindo cada vez mais os serviços que os governos tinham (ou deveriam ter) disponibilizado. A elite empresarial tradicional foi enfraquecida porque simplesmente não podia concorrer no mercado livre com as empresas apoiadas pelo Prometheus e, portanto, possuía uma parcela cada vez menor da economia mundial. Os líderes de opinião tradicionais, dos partidos políticos aos grupos religiosos, não tinham um maquinismo de persuasão que lhes permitisse concorrer com o império mediático dos Ómegas.

Tal como acontece com qualquer mudança radical, houve vencedores e perdedores. Embora houvesse uma nova sensação palpável de otimismo na maioria dos países, à medida que a educação, os serviços sociais e as infraestruturas melhoravam, os conflitos diminuíam e as empresas locais lançavam tecnologias que eram adotadas no mundo inteiro, nem todos estavam satisfeitos. Embora muitos trabalhadores redundantes tivessem sido recontratados para projetos comunitários, aqueles que tinham muito poder e riqueza perderam uma parte de ambos.

(…)

A redução dos conflitos mundiais levou a cortes nos orçamentos de defesa, que prejudicaram os fornecedores militares. As empresas emergentes de sucesso não eram normalmente cotadas na Bolsa, com a justificação de que os acionistas que pretendiam a maximização do lucro iriam bloquear os grandes investimentos em projetos comunitários. Deste modo, a Bolsa de Valores mundial foi perdendo o seu valor, o que ameaçou tanto os grandes financeiros como os cidadãos comuns que contavam com os seus fundos de pensões.

Como se a redução dos lucros das empresas cotadas na Bolsa não fosse suficiente má, as empresas de investimento em todo o mundo tinham constatado uma tendência preocupante: todos os seus algoritmos de compra e venda, que tinham sido bem-sucedidos até então, pareciam ter deixado de funcionar.

(…)

Estavam a acontecer grandes mudanças a um ritmo tão desconcertante que era difícil acompanhar e desenvolver uma resposta coordenada. Além disso, não era claro aquilo que deveriam fazer. A direita política tradicional estava a assistir à adoção dos seus slogans, mas os cortes nos impostos e a melhoria do ambiente de negócios estava sobretudo a ajudar os seus concorrentes de alta tecnologia.

Quase todas as indústrias tradicionais estavam a reclamar um resgate estatal, mas os fundos estatais limitados colocavam-nos num combate sem esperança uns contra os outros, enquanto os média os retratavam como dinossauros que procuravam obter subsídios estatais porque simplesmente não conseguiam concorrer. A esquerda política tradicional opunha-se ao comércio livre e aos cortes nos serviços sociais do governo, mas ficava encantada com os cortes nas despesas militares e com a redução da pobreza.

Na verdade, muito do seu impacto foi perdido devido ao facto inegável de os serviços sociais terem melhorado, agora que eram prestados por empresas idealistas e não pelo Estado. Todas as sondagens demonstravam que a maioria dos eleitores sentia que a sua qualidade de vida estava a melhorar e que, de forma geral, as coisas estavam a evoluir num sentido positivo.

(…)

Consolidação

Como resultado, em sucessivos países, os partidos que aderiam aos sete slogans dos Ómegas tiveram vitórias eleitorais esmagadoras. Em campanhas cuidadosamente otimizadas, apresentaram-se a si próprios no centro do espetro político, denunciando a direita como conflituosa, gananciosa e dependente de subsídios, e criticando a esquerda como contrária à inovação e partidária de impostos elevados e de um Estado gastador. O que quase ninguém percebeu foi que o Prometheus selecionara cuidadosamente as pessoas ideais para preparar como candidatos, e manobrara de forma a assegurar a sua vitória.

Antes do Prometheus, houvera um apoio crescente ao movimento do rendimento básico universal, que propunha um rendimento mínimo financiado pelos impostos para todos como solução para o desemprego tecnológico. Este movimento implodiu quando os projetos comunitários empresariais foram postos em prática, pois as empresas controladas pelo império dos Ómegas estavam de facto a proporcionar a mesma coisa.

Com a desculpa de melhorar a coordenação dos seus projetos comunitários, um grupo internacional de empresas lançou a Aliança Humanitária, uma organização não governamental com o objetivo de identificar e financiar os esforços humanitários mais significativos em todo o mundo. Em pouco tempo, quase todo o império Ómega os apoiava, e lançou projetos globais numa escala sem precedentes, mesmo em países que estavam em grande parte à margem da explosão tecnológica, melhorando a educação, a saúde, a prosperidade e a governação.

(…)

Em vez de se limitar a distribuir dinheiro, tal como nas propostas de rendimento básico, a Aliança (tal como passou a ser conhecida informalmente) envolveu aqueles que apoiava no trabalho pela sua causa. Como resultado, uma fração significativa da população mundial acabou por se sentir grata e leal à Aliança — muitas vezes mais do que ao seu próprio governo. Com o passar do tempo, a Aliança assumiu cada vez mais o papel de um governo mundial, à medida que os governos nacionais viam o seu poder reduzir-se continuamente. Os orçamentos nacionais continuaram a diminuir devido a cortes nos impostos, enquanto o orçamento da Aliança se tornou muito superior ao de todos os governos em conjunto. Todos os papéis tradicionais dos governos nacionais se tornaram cada vez mais redundantes e irrelevantes.

A Aliança proporcionava, de longe, os melhores serviços sociais, a melhor educação e as melhores infraestruturas. Os média tinham neutralizado os conflitos internacionais, ao ponto de as despesas militares serem em grande parte desnecessárias, e a prosperidade crescente eliminara a maioria das causas dos velhos conflitos, que tinham origem na concorrência por recursos escassos.

Alguns ditadores, e outros, tinham resistido violentamente a esta nova ordem mundial e recusaram-se a ser comprados, mas foram depostos através de golpes cuidadosamente planeados ou de levantamentos populares.

Os Ómegas tinham agora concluído a transformação mais dramática da história da vida na Terra. Pela primeira vez, o nosso planeta era governado por um único poder, amplificado por uma inteligência tão vasta que poderia facilmente permitir que a vida prosperasse ao longo de milhares de milhões de anos na Terra, e em todo o Universo — mas qual era precisamente o seu plano?

* * *

É esta a história da equipa Ómega. O resto do livro é sobre uma outra história, que ainda não foi escrita: a história do nosso futuro com a inteligência artificial. Como gostaríamos que ela se desenrolasse? Será que poderia ocorrer algo de remotamente semelhante à história do grupo Ómega? Em caso afirmativo, gostaríamos que isso acontecesse? Deixando de lado as especulações sobre uma IA superior à humana, como gostaríamos que a nossa história começasse? De que formas pretendemos que a IA tenha impacto nos empregos, nas leis e nas armas nas próximas décadas? Olhando para um futuro mais longínquo, como escreveríamos o final? Esta é uma história com proporções verdadeiramente cósmicas, porque implica nada menos do que o derradeiro futuro da vida no nosso Universo. E é uma história que nos cabe a nós escrever.

Vamos publicar as restantes partes deste preâmbulo nos próximos três dias (sempre pelas 12h), acrescentando a este mesmo texto.

Em breve contamos ter uma entrevista exclusiva com o próprio Max Tegmark. Se tiver questões pode enviá-las por mensagem para o nosso Facebook: Dinheiro Vivo.

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