dinheirovivo.pt - 11 ago. 18:57
Espanha lança app anti-covid antes de Portugal. App nacional “está para breve”
Espanha lança app anti-covid antes de Portugal. App nacional “está para breve”
App espanhola de rastreio Radar Covid já está disponível, embora com limitações, e é possível descarregar em Portugal. 500 mil já descarregaram.
Chama-se Radar Covid e é a app de rastreio espanhola, uma das ferramentas possíveis para evitar a propagação do novo coronavírus – e da doença covid-19. Ficou disponível por toda a Espanha esta semana, mas algumas regiões ainda não contam com as notificações em pleno – falta integrar a app com os protocolos de algumas comunidades. O Governo espanhol deposita grandes esperanças, tendo como objetivo inicial chegar a 20% da população, o que prevê com base em testes feitos que possa reduzir em até 30% a pandemia no país (em Portugal não há estudos feitos).
A app portuguesa – de seu nome Stayaway Covid – ainda não está ativa, continua em fase de testes e à espera de uma aprovação da Apple (para poder estar nos iPhone) e de data de lançamento do Governo. Fonte do Ministério da Saúde, já depois do sistema que permite a app ter sido promulgado esta terça-feira em Diário da República, indica-nos que o lançamento em Portugal “será muito em breve”.
No caso da app oficial do Estado espanhol, a app Radar Covid também está disponível em Portugal, pelo menos para utilizadores de iPhone. A loja portuguesa App Store (da Apple) tem a aplicação disponível, mas a loja de apps para utilizadores Android não a tem (tem a indicação que não está disponível em Portugal).
A disponibilização das apps de rastreio nas lojas de outros países tem sido prática corrente, desde que começaram a ser utilizadas com algum sucesso na Ásia ainda em abril – embora em países como Coreia do Sul, China, Singapura ou Taiwan há muitos dados pessoais pedidos pelas apps e, em alguns casos, o seu uso é inclusivamente obrigatório (tudo situações que na Europa não são possíveis por questões de regras e leis). O motivo? Em caso de um nacional de outro país viajar para, por exemplo, Singapura, ou para a Irlanda, tem acesso imediato à app local. E, no caso de Portugal, pode bem ser útil ter a app espanhola para viagens de carro a Espanha.
Só como exemplo, nas lojas portuguesas de apps é possível descarregar as apps de rastreio de Singapura ou da Irlanda – um dos países europeus que implementou primeiro a app, no mês passado, e em duas semanas viu mais de um milhão de utilizadores a aderirem (neste altura terá 20 a 25% da população com a app). O exemplo irlandês é o de maior implementação a nível europeu e em duas semanas houve perto de 100 pessoas a serem alertadas de contacto próximo com um indivíduo infetado com covid-19 – sugerindo que elas próprias sejam testadas.
Curiosamente, a Irlanda é o único país europeu a anunciar registos de pessoas notificadas por terem estado na proximidade de alguém com covid-19. Países como a Alemanha ou a Suíça indicam que no caso da sua app local – todas usam tecnologia semelhante – não têm forma te ter esses dados.
Voltando à app espanhola, o Governo do país indica que só terá a implementação a funcionar em pleno por volta de 15 de setembro, com todas as comunidades autónomas a terem os protocolos prontos para que o rastreio funcione por toda a Espanha.
https://d3v6nxljmlgco0.cloudfront.net/2020/08/stayaway_passo_a_passo_fi_20200806184708/mp4/stayaway_passo_a_passo_fi_20200806184708.mp4(no vídeo em cima pode ver como funciona a app portuguesa, com explicações de um dos seus criadores, o engenheiro Francisco Cruz, do INESC TEC)
Como funciona?Tal como a app portuguesa, que já testámos, a aplicação que promete que todos os dados registados são anónimos, rastreia os contactos que o utilizador teve com pessoas que poderão ter estado a menos de dois metros de distância durante mais de 15 minutos nas últimas 48 horas, no caso português, e nos últimos sete dias no caso espanhol. Ambas as apps são voluntárias e recorrem ao sistema Bluetooth – e não a georeferenciação, para reduzir os dados pessoais e de localização amealhados dos aparelhos – para comunicar com outros telemóveis que têm a app instalada.
Para que tudo funcione, as pessoas que estão infetadas com covid-19, recebem no seu teste oficial do SNS um código que devem colocar na app para que as pessoas com quem estiveram em contacto – sejam conhecidas ou não -, tenham a informação anónima de proximidade com alguém com a doença.
Os dados ficam armazenados no telefone do utilizador durante 14 dias e são depois destruídos.
Ao El País, o Governo espanhol que fez questão de ter a app disponível em inglês (em Portugal só está disponível em português) e continua a melhorá-la diz mesmo que estão a acelerar os prazos para que todas as comunidades autónomas fiquem com os protocolos ativos: “é um lançamento com urgência”.
500 mil downloads em 24 horasDe acordo com o Governo espanhol, entre ontem e esta terça-feira foram feitos mais de 500 mil downloads pela loja Android. De acordo com previsões das autoridades espanholas, se 20% da população utilizar a app, poderia ajudar a reduzir os números de infeções da pandemia em 30% e, a partir daí, a sua contribuição seria em crescendo.
O registo europeu, exceto o caso irlandês, parece pouco promissor. Em França só 3% da população usa a app, em Itália é acima dos 10% e na Alemanha já vai em cerca de 20%. Países como o Reino Unido ainda não lançaram a app de rastreio.
O Governo espanhol diz ao El País que só testado a app no terreno é possível melhorá-la e que o seu uso tem de ser sempre complementar e nunca substituir as regras básicas de distanciamento social e uso de máscara – “só assim é possível prevenir o ressurgimento da pandemia”.
Privacidade garantida?O protocolo europeu utilizado em Espanha e em Portugal é considerado o menos invasivo para a privacidade das pessoas. É isso que dizem os especialistas, incluindo o INESC TEC – que elaborou a app portuguesa -, esclarecendo que em princípio em nenhuma situação será possível identificar os utilizadores ou aqueles que indicam na app estarem infetados. Os códigos aleatórios e temporários que os telefones usam, tal como o utilização da tecnologia bluetooth, impedem qualquer tipo de geolocalização – ao contrário dos modelos baseados em GPS. No entanto, é impossível garantir total privacidade quando se trata de downloads móveis.