ionline.sapo.ptJosé Paulo do Carmo - 7 ago. 11:36

As férias. Portugal a mostrar o que vale

As férias. Portugal a mostrar o que vale

Com toda a certeza, este será um verão que ficará para sempre na nossa memória. Para os que se deslocaram ao Algarve ficará por duas razões: pelas que já conhecemos em termos de regras e procedimentos muito particulares, mas também pela fantástica capacidade que o nosso país demonstra, quer não só na sua vertente mais natural como também no trabalho a que muitos se dedicam todos os dias para nos proporcionar este resultado.

Com o início das minhas férias marcado para 20 de julho, desci como sempre até ao Algarve com muita vontade de limpar a cabeça e desligar num ano tão difícil física mas, sobretudo, psicologicamente. Fui com a curiosidade de perceber como ia o país responder a esta quase obrigatoriedade de passarmos férias por cá, como se iam comportar as pessoas e o que receberiam elas de volta. A realidade é que este nosso pequeno paraíso deu mais uma vez uma demonstração da sua valia, mostrando a alguns que se acham muito modernaços e que lá fora acham tudo fantástico e piam fininho, mas que por cá estão sempre a criticar e a armar barafunda, que somos tão reconhecidos por todo o Mundo porque temos condições únicas que nos posicionam como um destino de eleição por mérito próprio.

E foi preciso chegar a este ano em que talvez as raízes da nossa terra nos tenham ouvido, para nos entregar como prémio merecido, por tudo aquilo que temos passado, para além do sol e calor habituais uma água do mar que em 15 dias nunca baixou dos 22 graus e que chegou a ir aos 26! Só para aqueles que gostam de acusar o Algarve de não ter a temperatura das águas caribenhas, aí está a resposta. Se era o ano em que os portugueses mais mereciam estas condições aqui as têm, de bandeja. Se este ano praticamente não temos turismo e se tantos irão sofrer com isso, pelo menos que aproveitemos uma das poucas coisas boas que isso nos traz, a tranquilidade de umas férias com menos confusão, onde as pessoas respeitam mais as distâncias na areia, nos supermercados ou restaurantes.

Vi empresários muito zelosos no cumprimento das regras de higiene e segurança, vi comerciantes a fazer pela vida mas preocupados com a vida deles e a dos outros e, na sua maioria, nós os turistas a respeitarmos o que nos foi determinado com atenção às máscaras, à desinfeção das mãos e cumprindo o distanciamento social. Mas também vi os chico espertos do costume a refilar nos restaurantes porque a mesa havia sido marcada para 6 e eles eram 10 e, por isso, queriam sentar pessoas à cabeceira para caberem os restantes, em cima de outras mesas, ou os que se recusavam a andar nos espaços com máscara mesmo após diversas chamadas de atenção. Há sempre quem tente furar o instituído, quem desrespeite as normas e se arme em engraçadinho - também temos alguns desses por cá.

A verdade é que o destino está a revelar-se à altura dos seus pergaminhos e da época em particular, com grandes prejuízos e muitas dificuldades, é certo, mas a apresentar um serviço de qualidade a tantos que acorreram às nossas praias para tentar encontrar um pouco de paz e sossego num ano tão estranho. Um pouco de sol em tempos sombrios.
E que sabor estão a ter estas para todos aqueles que, felizmente, ainda as podem gozar. Que trabalham para que, quando tudo mudou, nos possa parecer, por momentos, que nada tenha mudado. E não há país como o nosso para comer um peixinho grelhado na brasa e dar um mergulho no mar…

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