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Autarca de Barcelona exige referendo para instaurar República em Espanha

Autarca de Barcelona exige referendo para instaurar República em Espanha

Ada Colau deixou, este domingo, mensagem nas redes sociais ao reagir a uma notícia que implica o Rei emérito.

A autarca de Barcelona, Ada Colau, acusa a monarquia espanhola de ser "corrupta" e pede um referendo para instaurar a República em Espanha, na sequência de uma notícia publicada este domingo pelo jornal “El Pais” sobre Juan Carlos I.

Em reação à notícia titulada "Corinna Larsen declarou que Juan Carlos I lhe deu 65 milhões 'por gratidão' e não para esconder o dinheiro", Ada Colau, numa mensagem divulgada nas redes sociais, e citada pela agência EFE, afirma que "o título engana" porque, a seu ver, "na realidade é igual ter sido 'por gratidão' ou para esconder dinheiro".

"É um escândalo em todas as explicações possíveis. Temos uma monarquia corrupta que não merece continuar a acumular privilégios e impunidade", escreveu a autarca de Barcelona, que termina a mensagem com a 'hashtag' "#ReferendoRepublicaJá".

Segundo o El Pais, Corinna Larsen, ex-amante de Juan Carlos I, declarou, perante a justiça suíça, que os 65 milhões de euros que o rei emérito transferiu para uma conta sua, segundo ela, como "presente" e "gratidão", foram uma doação ao monarca do falecido rei Abdalá da Arábia Saudita.

As declarações de Corinna Larsen, refere o jornal, foram feitas em 19 de dezembro de 2018, perante o procurador Yves Bertossa.

Em junho, o Supremo Tribunal espanhol decidiu investigar as suspeitas de delito de corrupção do rei emérito, Juan Carlos, na construção do comboio de alta velocidade entre Medina e Meca, na Arábia Saudita.

De acordo com o Ministério Público, a investigação, que passa para o Supremo Tribunal, irá concentrar-se em "delimitar ou descartar" a relevância criminal dos acontecimentos ocorridos desde junho de 2014, quando Juan Carlos deixou de ser Chefe de Estado e, com isso, perdeu a imunidade que a Constituição espanhola lhe concedia.

A procuradoria-geral considera ser necessário realizar "novas diligências que afetam diretamente o rei emérito", que está a ser investigado pelo Supremo Tribunal.

A investigação tem por base um processo iniciado pela procuradoria anticorrupção no final de 2018 para indagar sobre possíveis comissões pagas na adjudicação da construção do comboio de alta velocidade a um consórcio de empresas espanholas em 2011.

O Ministério Público enviou há alguns meses uma comissão rogatória à Suíça para aceder a dados sobre uma alegada doação de 65 milhões de euros de uma fundação com sede no Panamá - chamada Lucum e alegadamente ligada a Juan Carlos - a uma conta de Corinna Larsen.

Uma conversa entre Larsen e um ex-comissário da polícia, José Villarejo, a cumprir pena de prisão desde 2017, deu origem a este processo, que está a decorrer em simultâneo com as investigações do Ministério Público de Genebra (Suíça) contra as movimentações de alegados testas de ferro em contas bancárias neste país.

Segundo o jornal La Tribune de Genève, há alguns meses, o Ministério Público suíço encontrou alegadas provas da movimentação de 100 milhões de dólares por vários gestores de contas na Suíça e suspeita que esse dinheiro, que chegou a uma conta no Panamá da Fundação Lucum, seria proveniente do rei saudita Abdul Aziz Al Saud, sendo o único beneficiário desta fundação Juan Carlos.

Em 2012, segundo o jornal, o dinheiro foi para uma conta de Corinna Larsen, embora o monarca tivesse reservado um milhão para uma outra "antiga amante" residente em Genebra.

Os advogados de Larsen explicaram, numa declaração, que em 2012 a sua cliente tinha recebido um presente "não solicitado" do Rei Emérito, "que o descreveu como uma forma de doação para ela e para o seu filho".

O jornal britânico The Telegrah também publicou que o Rei Filipe VI é o segundo beneficiário de uma conta da fundação panamenha ligada ao seu pai.

Tudo isto terá levado o rei de Espanha, Felipe VI, a anunciar em 15 de março último que renunciava a qualquer futura herança a que tenha direito do seu pai, o rei emérito, e também retirava a Juan Carlos as ajudas de custo anuais que este recebia.

Juan Carlos, de 82 anos, tornou-se rei em novembro de 1975 e foi o chefe de Estado espanhol até à sua abdicação, a favor do filho, em junho de 2014.

Felipe VI, de 52 anos, nega qualquer conhecimento ou envolvimento neste caso.

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