expresso.ptexpresso.pt - 5 jul. 19:40

Porque usámos máscaras ao longo dos tempos?

Porque usámos máscaras ao longo dos tempos?

A razão por que hoje usamos máscara prende-se exclusivamente com a proteção sanitária. Mas, objetos sagrados para muitas civilizações, as máscaras assumiram papéis distintos ao longo da história. Foram muitas vezes um símbolo para a organização social, a noção do bem e do mal e ainda da vida e da morte

A utilização da máscara é uma das mais antigas práticas humanas, uma constante universal documentada desde há longo tempo. O registo arqueológico mostra que há representações de máscaras já em pinturas rupestres. Pensa-se que os humanos portariam a máscara para aceder a uma energia superior capaz de lhe trazer sucesso na atividade da caça. No entanto, as suas funções são múltiplas: convocação de poderes sobrenaturais, ritos de passagem, comunicação com os deuses e antepassados, rituais mágicos, ocultação e criação de outra identidade, atividade teatral, liberdade de expressão, comportamentos lúdicos. Cada máscara tem um determinado uso. A sua origem pode ditar essa funcionalidade, mas não só. É preciso estar atento às suas cambiantes. Vindas da Ásia, de ��frica, das Américas, do antigo Egito ou da Europa determinaram o futuro de comunidades, clãs, tribos e sociedades, levando-as a separar o bem do mal, a vida e a morte, profano e sagrado, poder e contrapoder. Foram ainda o ponto de partida para criações artísticas várias, a começar pela tragédia e pela comédia, tendo marcado em absoluto alguns dos grandes nomes da modernidade nas primeiras décadas do século XX. Vejam-se trabalhos de Picasso, Braque, Matisse ou Derain.

No Mali, uma cabeça de crocodilo emerge no escuro numa noite de Sogobó, o teatro que revela os animais. Em Trás-os-Montes, o chocalheiro veste a máscara do diabo e faz o seu peditório porta a porta. No Brasil, os índios pedem aos deuses boas colheitas com enormes máscaras de palha. No Egito, Tutankhamon (1350 a.C.), o mais célebre faraó, portava a mais rica máscara funerária que o transportaria, perfeito, de boa saúde e confiante para a eternidade. Estas são algumas das práticas que chegaram documentadas até aos dias hoje. Todas elas são traços associados à transfiguração do homem, a algo que cobre o rosto, esconde o seu portador e lhe transforma a identidade.

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