expresso.ptexpresso.pt - 5 jul. 23:09

Habitação. Residências partilhadas resistem à pandemia

Habitação. Residências partilhadas resistem à pandemia

Há grandes projetos de co-living a abrir, mas há “alguma indefinição” quanto ao futuro

Lisboa e Porto surgiam como duas das cidades europeias com maior potencial de procura de arrendamento partilhado — o conceito de co-living —, num estudo da consultora JLL publicado no final de 2019.

Do ponto de vista dos investidores, era um “mercado de oportunidade”. Quase sete meses depois, vários projetos em desenvolvimento mantiveram-se, mas com investidores sem correrem riscos.

A Uhub, por exemplo, um projeto do empresário Jaime Antunes com os belgas da Xior — uma das maiores marcas de residências para estudantes da Europa — tem uma das suas maiores unidades prestes a ficar concluída. “Trata-se de uma residência universitária em Lisboa, junto ao Colombo, 340 quartos, com áreas comuns, ginásio, salas de estudo”, diz ao Expresso Jaime Antunes, admitindo que a pandemia trouxe “alguma indefinição” ao sector.

“É um mercado que está com alguma indefinição porque as próprias universidades ainda não têm os seus calendários definidos, não se sabe quando vão abrir, receber estudantes de Erasmus, nem os prazos. Esperamos que o mercado possa retomar em setembro”, afirma o empresário que tem em operação mais duas residências em Lisboa, e uma no Porto, em construção, que terá perto de 500 quartos.


Outra das maiores residências começou recentemente a sua operação. Trata-se da Smart Studios Carcavelos, que colocou à disposição do mercado de arrendamento 301 estúdios e espaços de co-living, destinado a alunos, professores e jovens profissionais. A nova unidade da marca liderada por Ricardo Kendall pretende colocar no mercado mais de 2700 estúdios até 2025.

As novas unidades representam um acréscimo substancial na oferta deste tipo de arrendamento, “que a nível europeu contabiliza 23.500 camas entre projetos já construídos ou em desenvolvimento, 60% dos quais ficou operacional nos últimos dois anos, segundo o estudo da JLL. “O co-living é uma realidade muito recente no mundo, e ainda mais em Portugal”, explica Maria Empis, que coordenou o estudo da JLL.


Atualmente, há vários projetos em desenvolvimento que partem deste conceito para encontrar soluções residenciais alternativas. Numa fase avançada de construção está, por exemplo, o Smart Studios de Santa Apolónia, que “deverá abrir na segunda metade deste ano”.

Esperar para ver

Num momento em que a pandemia parece longe do fim, será o tempo de recuperação a ditar o sucesso destes negócios, cujo público-alvo são os nómadas digitais. Com a explosão do turismo, Lisboa tornou-se um dos principais destinos destes profissionais, trabalhadores independentes, que se fixam por pouco tempo, normalmente em espaços de arrendamento partilhado.

Antes da pandemia, a JLL estimava uma procura potencial que poderia “atingir as 16 mil a 18 mil camas em Lisboa e no Porto, ou seja, mais 25 vezes que o atual pipeline”, explica Maria Empis. Com o regresso de muitos dos nómadas a casa, para fazerem o confinamento nos seus países, o futuro é ainda incerto, e os investidores mantêm-se na expectativa.

“Provavelmente os nómadas digitais vão passar mais tempo num país, talvez seis a oito a meses. Os investidores estão atentos a essas mudanças e neste momento não vão querer arriscar muito. Os grandes projetos podem demorar”, acrescentou.

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