expresso.ptexpresso.pt - 5 jul. 21:45

Marques Mendes elogia Medina por críticas a autoridades de saúde. “Precisamos de vozes independentes”

Marques Mendes elogia Medina por críticas a autoridades de saúde. “Precisamos de vozes independentes”

No habitual espaço de comentário no Jornal da Noite na SIC, Marques Mendes pôs a tónica na pressão feita pelo presidente da Câmara de Lisboa às chefias regionais de saúde e ao Governo, que “relaxou, facilitou e adiou” a contenção da pandemia

As declarações do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, sobre as autoridades locais de saúde regionais — a quem acusou de ter “más chefias e pouco exército” — continuam a marcar a agenda política. Este domingo, no habitual espaço de comentário no Jornal da Noite, na SIC, Marques Mendes defendeu o autarca. “Acho a polémica exagerada, as críticas [que lhe fizeram] não fazem sentido”, considerou, não só porque “é natural que um político tenha a sua agenda” como porque “tem o direito e até o dever de fazer críticas públicas”.

O desconforto com as palavras de Fernando Medina fizeram sentir-se dentro do próprio PS, com o presidente do partido, Carlos César, a pedir contenção e a lembrar que as autarquias “não são uma espécie de sindicatos de opinião”.

Medina critica autoridades de saúde por causa de Lisboa: “com más chefias e pouco exército não conseguimos ganhar esta guerra” Presidente da Câmara de Lisboa considera que é possível travar o surto na região e deixa cinco ideias. E muitas críticas

Para Marques Mendes, mais importante é que “Medina tem razão no que disse” — “há más chefias na saúde e falta de recursos” — e na pressão colocada sobre o executivo. “Fernando Medina teve a coragem de dizer em público o que muitos dizem em voz baixa. Não sei se falou previamente com António Costa, mas fez isto para dar um safanão na situação”. O comentador da SIC crê que “a política até se prestigia” quando um responsável critica atores da mesma área política. “É um bom serviço que [Medina] presta, precisamos de vozes independentes.”

“Vi muita pieguice, muita lamentação sobre os ‘amigos ingleses’”

A preocupação com o estado da pandemia em Portugal prende-se, sobretudo, com a região de Lisboa e Vale do Tejo, que este domingo voltou a concentrar a maioria dos novos casos: 254 das 328 infeções, o que corresponde a 77%. Marques Mendes apresentou a média de novos casos das últimas cinco semanas e considerou que “não se vê luz ao fundo do túnel” para a situação na Grande Lisboa, lembrando que Portugal é agora “o terceiro pior país da União Europeia, a seguir à Suécia e ao Luxemburgo”. O comentador ilustra-o também com números: “A média de novos casos por 100 mil habitantes na União é de 16 nos últimos 14 dias. Em Portugal é de 46 casos. Este é que é o problema”, porque é o critério, lembra o analista, que a União Europeia escolheu para avaliar os países. “E Portugal está mal.”

A semana ficou marcada pela exclusão de Portugal dos corredores aéreos do Reino Unido, o que Marques Mendes explica com os números e com a inabilidade do Governo português. “Vi muita pieguice, muita lamentação, sobre os ‘amigos ingleses’. Vamos ser francos: a culpa é de Portugal e do Governo português”, atirou o analista da SIC, para quem “na fase de confinamento, não haveria nenhum Governo que fizesse melhor”, mas que nas últimas semanas “relaxou, facilitou e adiou”.

Santos Silva quer que os britânicos corrijam “rapidamente” a exclusão de Portugal e ironiza: “Tiro-lhe o meu chapéu se compreender isto” Portugal está fora do “corredor aéreo” com o Reino Unido. Turistas britânicos vão ter de fazer quarentena no regresso a casa. Ministro dos Negócios Estrangeiros não só não compreende a divulgação de “duas listas” por parte das autoridades britânicas com indicações diferentes relativas à Madeira e aos Açores como não entende, no seu todo, a decisão de excluir Portugal da lista de países isentos de quarentena: “Os países que são amigos tratam-se de outra maneira“

Mesmo que sem atribuir culpas ao governo britânico, Marques Mendes considera a decisão injusta. “Classificar um país de seguro ou inseguro em termos sanitários apenas em função do critério de ‘novos casos’ é injusto. Há outros critérios, como a taxa de letalidade, que devem ser levados em atenção.”

Agora o país, mas sobretudo o Algarve, vai pagar a conta. “No ano passado, em julho houve cerca de 410 voos por semana entre o Reino Unido e o Algarve. Este ano, por causa da pandemia, seriam 114, uma redução enorme. E com esta decisão, temem-se cancelamentos e ainda maior redução”.

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