rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 5 jun. 12:30

Reservas chegam a conta gotas ao Douro

Reservas chegam a conta gotas ao Douro

Turismo no Douro ficou suspenso em março, por causa da pandemia. Agora, verifica-se uma reabertura gradual das unidades hoteleiras e surgem as primeiras reservas.

O Douro, rio e paisagem vinícola, tem atraído nos últimos anos cada vez mais turistas. E pode bem ser um dos destinos de eleição dos portugueses para as férias de verão.

A região é rica em paisagens de montanha e de planalto, igrejas e castelos, caves e quintas onde se produz o vinho do Porto. Oferece experiências ligadas à sua paisagem única, com a vinha implantada nos seus tradicionais socalcos, à produção do vinho, à gastronomia local e à prática de desportos ao ar-livre.

As unidades hoteleiras fecharam em março, por causa da pandemia, na altura em que estaria a arrancar a época alta na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo e estão agora a preparar-se para reiniciar a atividade. As reservas, essas, vão chegando paulatinamente.

Depois de anos de uma forte aposta nos turistas internacionais, o Douro Património Mundial da Humanidade aponta agora para o mercado interno.

Um rio, paisagem, conforto e segurança

Na Quinta da Telheira, um espaço destinado ao turismo de natureza, saúde e bem-estar, em Nogueira, Vila Real, ultimam-se os preparativos para a abertura que deve acontecer a 10 de junho.

O empreendimento é procurado essencialmente por turistas estrangeiros, mas este ano, Fátima Vilela conta essencialmente com os portugueses, a quem assegura “todas as condições de higiene e segurança”.

“Vamos reabrir, adotando novas medidas adaptadas aos tempos da Covid-19, e estamos a preparar a certificação de 'Clean & Safe' do Turismo de Portugal”, diz.

Neste empreendimento turístico os turistas poderão usufruir de mais de 10 hectares de quinta e jardim e fazer caminhadas ao ar livre, disfrutando da “beleza e da tranquilidade da paisagem”. Dentro do espaço de alojamento, com oito quartos, o distanciamento social também está assegurado.

“Temos quatro salas com mais de 50 metros quadrados e estamos a colocar apenas duas mesas em cada sala, o que significa que, no máximo, estarão quatro pessoas em cada sala a tomar o pequeno almoço. Temos esplanadas no exterior e podemos servir aí os pequenos almoços. Nos jardins, as cadeiras também estão distanciadas”, exemplifica.

A Quinta da Telheira conta com reservas para agosto e aguarda que, entretanto, possam chegar outras. Os preços vão manter-se, porque “não dá para baixar”.

Reservas nacionais e estrangeiras

Em Santa Eugénia, na Casa da Trigueira, uma unidade de agroturismo, com selo 'Clean & Safe', as reservas “já estão a chegar, embora em quantidade mínima, o que mostra que há alguma dinâmica de voltar à atividade turística”, conta António Martinho.

“Tive reservas nacionais e reservas de uma família, de um casal francês. Mas já tenho para julho uma reserva nova e depois para setembro”, especifica.

A unidade de turismo seguiu os conselhos do Turismo de Portugal e procurou que as pessoas que tinham reservas as mantivessem, para quando fosse possível.

“E isso está a acontecer também. Há confirmação de reservas. E há duas ou três reservas novas, o que mostra alguma vontade ou alguma expectativa de reinício de atividade”, refere António Martinho, assinalando que “o alojamento local está a fazer um esforço extraordinário para mostrar às pessoas que podem vir ao Douro, porque o Douro, além de belo é seguro, e isso pode ser interessante”.

“O Douro tem, neste momento, uma oferta para aquelas atividades de caminhar, de fluir a natureza, de usufruir da paisagem, esta já muito tradicional, mas, neste momento, pode ser um benefício para as pessoas descansarem de tanta tensão nervosa, de tanto choque que tiveram em termos psíquicos, psicológicos, que viveram durante o tempo da pandemia. Isso pode ser uma mais-valia”, acrescenta António Martinho.

“Será benéfico que os portugueses, com as dificuldades que há de mobilidade, optem por fazer férias em Portugal e optem por vir ao Douro”, conclui.

“Alternativa vantajosa para este ano”

“O Douro e Trás-os-Montes podem ser uma alternativa vantajosa para este ano, para as pessoas fazerem turismo”, considera o gerente da Casa da Trigueira que vai manter os preços.

“Mantivemos, não baixamos os preços, mas também não subimos, devido aos encargos que temos com as exigências da DGS, que nós satisfazemos. Nós candidatamo-nos a seguir todas as exigências da DGS”, adianta, explicando que “é preferível que a margem seja um pouquinho menor, mas que as pessoas se sintam seguras”.

António Martinho entende que “é bom que as pessoas possam continuar a vir” e “subindo os preços, cria mais dificuldades”.

“Eu acho que há aqui um compromisso em criar condições de segurança, sim, mas também criar condições para que as pessoas venham e queiram vir. E nós, felizmente, temos algumas coisas a mais a oferecer, a exteriorizar, e isso é bom, que as pessoas possam vir e queiram vir”, remata.

Mesmo sem reservas, António Ramos da Companhia Turística do Douro vai colocar os cinco barcos no rio Douro, este sábado. E a partir do Pinhão está preparado para transportar os turistas até à Foz do Tua ou até “onde eles desejarem”.

“Todos os barcos foram desinfetados ao pormenor e cumprimos todas as regras da DGS. Também vamos assegurar o distanciamento, pois cada barco só vai levar 20 pessoas. Para já só temos duas reservas para os dias 15 e 16, mas aguardamos ansiosamente a retoma”, diz à Renascença.

A Companhia Turística do Douro organiza e promove Cruzeiros e Circuitos Turísticos no Vale do Douro em Barco Rabelo, o barco típico da região, visitas a Quintas de Vinho do Porto com degustações e provas.

Os clientes, na sua grande maioria, são estrangeiros, mas este ano não vêm, por isso, António Ramos deposita grandes esperanças nos portugueses, porque, diz, “quem vem ao Douro quer fazer um passeio de barco”. E é com os turistas nacionais que o empresário espera “vencer esta barreira”.

“Douro já começou a mexer”

De acordo com o presidente da Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR) o “Douro já começou a mexer”.

“Este sentimento de fazer as férias repartidas, de tirar uns dias, uma escapadinha para dentro do país, ajudar a economia nacional, já está a dar resultados. Os turistas estão a querer vir e desfrutar do que temos para oferecer, quer seja de cultura, de lazer, de bem-estar, de aproveitar a paisagem e todo o potencial que temos para proporcionar uns bons dias de estadia na região”, explica Luís Marques.

O presidente da AETUR assegura que “todos os operadores fizeram a formação” e que “foi o Douro e Trás-os-Montes, na formação 'Clean & Safe', que obtiveram o maior número de selos de garantia de segurança”. “E isso é indicador de que a segurança é levada a sério e as pessoas podem vir com confiança”, realça.

Segundo Luís Marques, “é prematuro estar a fazer futurologia” e afirmar que o Douro vai encher-se de turistas neste verão, adiantando que, neste momento, “as pessoas estão a procurar unidades com piscina para poder estar em família e em grupos de amigos com quem querem estar à vontade e em são convívio”.

Os preços esses não deverão sofrer grande oscilação, porque “há responsabilidade” e “não é característico das pessoas da região o aproveitamento. Os preços não vão variar muito daquilo que seria um ano normal”, garante o representante dos empresários turísticos do Douro e Trás-os-Montes.

“Um destino mais fácil e com mais confiança”

Também o presidente do Turismo Porto e Norte (TPNP), Luís Pedro Martins, acredita que o Douro vai “ao encontro daquilo que os turistas procuram: segurança, privacidade, tranquilidade e contacto com a natureza. Será um destino mais fácil e com mais confiança”.

“Não vale a pena estarmos a criar falsas expetativas, o ano de 2020 é um ano totalmente virado para o turista nacional. Tenho dito que, se alguma coisa de positivo pudéssemos encontrar na pandemia, seria ter trazido estes territórios de baixa densidade para a frente do palco”, acrescenta.

No Douro já há 183 empresas turísticas com o selo ‘Clean & Safe’, lançado pelo Turismo de Portugal, para as empresas do setor do turismo que pretendam ver reconhecido o cumprimento das recomendações da DGS, para evitar a contaminação dos espaços com o SARS-CoV-2 (o novo coronavírus).

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