expresso.ptexpresso.pt - 29 mai. 20:34

Covid-19. Ex-reclusos obrigados a abandonar Monsanto devido à abertura do parque de campismo

Covid-19. Ex-reclusos obrigados a abandonar Monsanto devido à abertura do parque de campismo

Os 15 reclusos foram libertados recentemente ao abrigo da lei criada pelo Governo para a libertação de presos por causa da pandemia. Foram acolhidos pela instituição de apoio social O Companheiro, que ainda não conseguiu arranjar-lhes uma nova habitação

Devido à abertura no final do mês do parque de campismo de Monsanto, em Lisboa, os 15 reclusos que ali se encontravam a viver em “bungalows” e que foram libertados recentemente ao abrigo de uma nova lei criada pelo Governo têm de procurar outra morada. A instituição social que lhes dá apoio, O Companheiro, não conseguiu ainda encontrar uma solução.

A notícia foi avançada ao Expresso pelo presidente da instituição, José Brites, que já terá contactado a Câmara Municipal de Lisboa para tentar encontrar um local onde os ex-reclusos se possam instalar. Ainda não houve respostas concretas.

Eram 20, no início, os ex-reclusos instalados no parque de campismo de Monsanto - duas dezenas de um total de 1929 que foram libertados nas últimas semanas, depois de aprovada uma lei que prevê a libertação de prisioneiros para evitar casos de contágio nas prisões.

Na prática foram libertados todos os reclusos que se encontravam a cumprir penas de curta duração, até dois anos, num total de 1224 pessoas (aqui incluídos também presos que estavam a dois anos de cumprir a pena). A estes juntaram-se 14 indultos concedidos pelo Presidente da República, com base em critérios como a idade ou o estado de saúde. Outros 691 reclusos foram libertados temporariamente, beneficiando de uma licença de 45 dias.

Foi ali, no parque de campismo de Monsanto, que a instituição O Companheiro decidiu acolher os 20 ex-reclusos, depois de ter contactado a junta de freguesia de Benfica. Neste momento encontram-se 15 instalados no parque.

“Sabíamos que iam ser libertados muitos reclusos e que muitos deles iriam ficar em situação de sem-abrigo e eu quis antever essa situação”, diz José Brites, contando que a ideia do parque lhe surgiu quando viu “notícias sobre unidades hoteleiras que se estavam a oferecer para acolher profissionais de saúde e idosos”. “Comecei a fazer contactos depois disso.”

Alguns dos reclusos instalados no parque de campismo já estão a trabalhar, sobretudo em atividades relacionadas com a higiene urbana, “porque a ideia é serem parte integrante da solução e não do problema”, explica também o responsável. Mas seja em Monsanto ou noutro local, a morada que terá de ser encontrada para estes 15 ex-reclusos será sempre “temporária, até as coisas estabilizarem”.

De acordo com uma notícia do Público, publicada esta semana, apenas cinco dos reclusos que beneficiaram das medidas aprovadas recentemente pelo Governo voltaram à cadeia por terem cometido crimes.

Dados da Direcção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais, a que o jornal teve acesso, mostram que nenhum destes cinco reclusos foi novamente preso por ter cometido crimes contra a vida. Todos foram apanhados a cometer crimes contra o património, como furtos e roubos.

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