www.publico.ptpublico.pt - 28 mai. 11:39

Bruno de Carvalho absolvido no caso do ataque a Alcochete

Bruno de Carvalho absolvido no caso do ataque a Alcochete

Juíza também não deu como provados os crimes imputados ao líder da Juve Leo e ao ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting.

Está confirmado, Bruno de Carvalho foi absolvido de todos os crimes que lhe eram imputados no processo do ataque à Academia de Alcochete. Nesta quinta-feira, na leitura do acórdão, no Tribunal de Monsanto, a juíza Sílvia Pires avançou que, relativamente ao ex-presidente do Sporting e aos arguidos Bruno Jacinto (ex-oficial de ligação aos adeptos) e Nuno Mendes (líder da claque Juventude Leonina), “os factos foram dados como não provados”. “Nada se provou contra eles”, acrescentou, detalhando sobre o ex-dirigente: “Não ficou provado que as críticas à equipa tivessem o objectivo de incitar à violência”.

O desfecho do caso da Academia de Alcochete — onde, a 15 de Maio de 2018, jogadores e equipa técnica do Sporting foram agredidos – não é, porém, uma surpresa. No início deste mês, o tribunal alterou o texto da acusação, deixando estes três arguidos – inicialmente acusados de autoria moral do crime – sem aparente matéria criminal para condenação.

Esta posição vai ao encontro das declarações do Ministério Público (MP) nas alegações finais do julgamento, tendo na altura a procuradora Fernanda Matias argumentado que, no caso particular de Bruno de Carvalho, “não se provou que as críticas expressas pelo arguido à equipa de futebol tenham incentivado os adeptos a praticarem os actos”.

O caso não fica, porém, com culpados por apurar. Entre os 44 arguidos, houve algumas condenações a cinco anos de prisão, por já existirem antecedentes criminais.

Já Rúben Marques, autor confesso de agressões mais graves a jogadores e técnicos, nomeadamente Bas Dost, teve uma sentença distinta. O jovem foi condenado a pena suspensa, tendo sido valorizado o facto de não ter antecedentes e ter demonstrado boa postura em tribunal, assumindo os crimes.

“Vou usar um lema do Sporting: vocês não tiveram nem esforço, nem dedicação, nem devoção, nem glória. Quem ama, não bate. Espero que aprendam a respeitar os outros”, acrescentou a juíza Sílvia Pires.

"Fui absolvido porque estou inocente" 

À saída do tribunal, Bruno de Carvalho reforçou a ideia de que sempre esteve tranquilo, ao longo das 35 sessões do julgamento. “Isto que me foi feito foi um crime. Se tiverem a coragem de dizer que fui absolvido porque estou inocente, posso começar a sair do meu confinamento de dois anos. Isto foi a assunção de algo que eu já sabia há dois anos”. 

O ex-presidente do Sporting, que contou com alguns apoiantes no exterior do edifício, a empunharem cartazes de incentivo, lembrou que sempre deu “tudo o que tinha” pelo clube. “Coloquei o Sporting à frente da minha família, muitas vezes. Mas, para mim, isto não muda nada. Ninguém merecia passar por aquilo que eu passei, nenhum cidadão”.

Sem querer alongar-se muito sobre os trâmites do processo, destacou o facto de o colectivo de juízes não ter tido “a tentação de dar uma pena exemplar”. “Esta procuradora teve uma intervenção que eu, enquanto cidadão, só tenho de reconhecer. O que ela fez foi repor a verdade e ficou demonstrado que houve dolo na acusação”.

Satisfeito com o desfecho do processo está também Nuno Mendes. “A investigação foi péssima. Estou satisfeito [com a decisão], é um alívio. Foram nove meses...”, recordou, referindo-se ao período de prisão preventiva. “Vou tratar com o meu advogado de pedir uma indemnização, mas não é algo com que eu esteja preocupado nesta altura”, acrescentou.

Momento de alguma tensão à chegada

​Nesta quinta-feira, a chegada dos arguidos à sessão de leitura do acórdão mostrou, desde logo, que este era um dia diferente das demais 37 sessões de julgamento. Visivelmente menos extrovertidos, os arguidos surgiram, na grande maioria dos casos, bastante circunspectos, atitude que mantiveram já dentro do tribunal. 

Ainda antes do início da sessão, houve tensão com a chegada de Bruno de Carvalho, que, apesar de inicialmente não querer falar à imprensa, acabou por apontar os jornalistas, em geral, como incompetentes na cobertura deste caso. O ex-presidente do Sporting, visivelmente irritado, envolveu-se, inclusivamente, numa discussão sobre princípios jornalísticos com uma repórter da RTP. 

Minutos depois, voltou a haver tensão, desta vez com a entrada no tribunal. Devido às restrições sanitárias impostas pela pandemia de covid-19, boa parte do público, em grande número à porta do edifício, acabou por ficar de fora da sessão, cabendo apenas na sala de audiências dez familiares de arguidos. 

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