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Cinema em casa: "Babel". Centelha de esperança de Alejandro González Iñárritu transcende fronteiras

Cinema em casa: "Babel". Centelha de esperança de Alejandro González Iñárritu transcende fronteiras

Filme cruza histórias e relações humanas separadas por milhares de quilómetros e culturas e línguas distantes para mostrar que, afinal, estamos mais unidos do que parece.

A HISTÓRIA: Uma espingarda é disparada na direção de uma turista americana, por um rapaz marroquino. “Babel” relata a cadeia de acontecimentos que uniram a espingarda, o rapaz e a turista, a uma escala global que percorre quatro países e que se fala em cinco linguagens.

“Babel” faz parte do catálogo da HBO Portugal e pode ser visto em streaming.

Crítica: Filipa Moreno

“Amor Cão” (2000) e “21 Gramas” (2003) são os primeiros filmes da trilogia que uniu o realizador Alejandro G. Iñarritu ao argumentista Guillermo Arriaga. E à distância, vemos que a dupla não só repetiu a fórmula em “Babel”, de 2006, como a apurou. À causalidade das relações humanas, acrescentaram escala e mediatismo. O teste do tempo confirma que estes temas continuam atuais e convidam a ver ou rever o filme.

Para ter escala, Iñarritu e Arriaga amplificaram a ideia de que os acontecimentos são causa e efeito de outros a todo o mundo. Assim, “Babel” acontece em quatro países, em cenários culturais muito distintos.

Para ter mediatismo, foram buscar estrelas como Brad Pitt e Cate Blanchett, mas desengane-se quem pensa que vai ver um filme protagonizado por eles: o elenco é vasto e cada quadro é tão importante quanto o anterior.

A espingarda que vai parar às mãos de um rapaz marroquino é usada para alvejar uma mulher americana num autocarro turístico. O acidente atrasa o regresso da turista e do seu marido aos Estados Unidos da América, onde os dois filhos pequenos do casal estão ao cuidado de uma ama mexicana. Sem ter onde deixar as crianças, a ama leva-as para o México para assistir ao casamento do seu próprio filho.

As ligações de causalidade são interessantes, sobretudo porque Guillermo Arriaga não desenlaça a história de forma linear. Mas “Babel” vai além disso. A universalidade da natureza humana traz densidade às personagens.

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Em cinema, esta premissa traduz-se na ideia simples de que aquelas pessoas podiam ser qualquer um de nós. Sentimos empatia pela família do empresário japonês a quem a espingarda pertencia: a sua mulher suicidou-se e a filha adolescente, que é surda, lida com a descoberta da sexualidade, procurando o conforto em qualquer pessoa. Sentimos empatia pelo casal de americanos, que partiram em viagem para tentar salvar o casamento depois do trauma de terem perdido um filho pequeno.

Na realidade, podemos estar separados por milhares de quilómetros, podemos ter crescido em culturas distintas, podemos até falar línguas diferentes... A língua do cinema é
universal. E a verdade é que estamos unidos. Algo que fazia sentido em 2006 e em 2020.

“Babel” não tem o tom fatalista a que a leitura atual pode ceder. Não se foca em consequências punitivas, não se dedica às catástrofes da humanidade. Em vez disso, prefere olhar para a centelha de esperança no desfecho de alguns dos quadros. E essa também é uma linguagem universal.

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