publico@publico.pt - 29 mar. 08:17
O pangolim e nós
O pangolim e nós
Um olhar atento sobre a origem do novo coronavírus revela que este pode ser consequência directa de uma relação insensata com a natureza. Talvez não seja só coincidência que o animal que transmitiu o vírus aos humanos, o pangolim, se encontre em per
O pangolim é o animal selvagem mais caçado do planeta e encontra-se em risco crítico de extinção. A hipótese, até agora incontestada na comunidade científica, é a de que os morcegos terão transmitido o vírus SARS-CoV-2 (responsável pela doença covid-19) aos pangolins e estes aos humanos. Vale a pena perceber em que contexto é que este animal, estranho e adorável, nos terá transmitido o vírus que parou o mundo. A contaminação ter-se á dado num mercado de Wuhan, China, com uma área de animais selvagens que são pré-vendidos ainda com vida para serem recolhidos, já mortos e esquartejados, cerca de 15 minutos mais tarde. Nestes mercados, cada exemplar vivo de um pangolim pode custar 600 dólares e é apreciado por inteiro: primeiro ferve-se em água para lhe serem extraídas as escamas que, depois de tostadas, moídas e cozinhadas, são usadas na medicina tradicional chinesa para curar malária, surdez ou reumatismo. A carne, geralmente estufada com gengibre e citronela, confere status a quem a serve.