expresso.pt - 23 fev. 18:53
Forças Armadas vivem momento de crise. Situação do Exército é a mais preocupante
Forças Armadas vivem momento de crise. Situação do Exército é a mais preocupante
É cada vez mais difícil encontrar quem queira seguir a vida militar. E os alertas de “pré-falência” e “dificuldades de sustentação e manutenção” feitos por oito generais em carta enviada ao Presidente da República traçam um cenário inquietante do que se passa nas Forças Armadas, e que está a levar “um número crescente” de militares bem preparados a trocar a carreira militar por um emprego no sector privado
As Forças Armadas Portuguesas (FAP) podem ter deixado de ser um emprego e carreira interessante para muitos portugueses. Na edição deste domingo, o “Publico” alerta para o aparente falhanço do “concurso para oficiais contratados” que o Exército abriu no mês passado, e em que não apareceram candidatos para “preencher as 70 vagas que estão em aberto. O Exército recebeu ao todo 145 candidaturas, tendo havido mais mulheres (75) do que homens (70) interessados”.
O fim-de-semana foi, aliás, marcado pelo momento de crise que as FAP atravessam. Sábado, foi o “Diário de Notícias” trazer este título para a primeira página: “Generais alertam Marcelo para ‘pré-falência’ das Forças Armadas”.
O mais antigo jornal português de grande circulação divulga partes de uma carta de oito páginas, que quatro missiva quatro oficiais-generais enviaram ao Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, a 23 de janeiro. Na carta, os generais entre entre os quais estão três ex-chefes do Estado-Maior das Forças Armadas Portuguesas, alertam Marcelo para “o processo de desconstrução e pré-falência com que as Forças Armadas se defrontam”.
Manuel Taveira Martins, ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea, José Pinto Ramalho, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, e Fernando Melo Gomes, ex-chefe do Estado-Maior da Armada, e Luís Sequeira, ex-secretário-geral do Ministério de Defesa Nacional, pedem ao PR, que é também o Comandante Supremo das FAP para que seja “voz desta realidade no sentido de que sejam tomadas as urgentes e imprescindíveis ações para que se possa cumprir a missão patriótica de dar início a um novo ciclo de esperança”.
Reação do PresidenteNo mesmo artigo, o Diário de Notícias, divulga trechos da resposta do PR, a que “também teve acesso”. Marcelo partilha as preocupações dos quatro generais e, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, “considera que a descrição da carta” enviada pelos quatro generais a 23 de janeiro, “é benevolente”.
Para o Presidente da República, “nada indica que essas complexidades e exigências tendam a conhecer outro curso no futuro próximo que não seja o adensamento da imprevisibilidade, o acréscimo de riscos e desafios e a necessidade de reforço da prioridade política da defesa nacional e da decorrente valorização das nossas Forças Armadas”.