expresso.ptexpresso.pt - 28 jan. 07:24

Mesquita Nunes: “CDS é muito vulnerável a questões de identidade política. Só Paulo Portas conseguiu enterrar esse debate”

Mesquita Nunes: “CDS é muito vulnerável a questões de identidade política. Só Paulo Portas conseguiu enterrar esse debate”

Segundo Mesquita Nunes, ainda não se sabe se a narrativa dos valores utilizada por “Chicão” durante a campanha lhe serviu apenas para chegar ao congresso ou se, ao invés, será “a narrativa do seu mandato”

“Sempre que o debate ideológico se instala, ganha quem faz o papel de idealista”, escreve Adolfo Mesquita Nunes, ex-vice-presidente do CDS-PP, num texto de opinião publicado no “Jornal de Negócios” esta terça-feira. O centrista, que era apoiante de João Almeida, levanta várias questões ao recém-eleito presidente do CDS, em particular sobre a equipa que leva consigo para a direção do partido.

“Não sabemos, por exemplo, se a integração de dirigentes profundamente conservadores (um deles acha que a minha orientação sexual pode ser curada, por exemplo; só não me ofereço como cobaia para o provar errado porque tenho coisas melhores para fazer) é mero arranjo de listas ou se, ao invés, importa para o discurso da direção esse conservadorismo de quem considera Aristides Sousa Mendes um agiota de judeus. Não sabemos se quem foi contra um partido catch-all se vai sentir bem numa direção que vai do mais profundo conservadorismo ao liberalismo: uma direção catch-all, no fundo”, atira.

; se vai em busca do eleitorado urbano, jovem, de classe média, “que marcou o nosso [do CDS] crescimento em 2009 e 2011” ou se vai “buscar um outro eleitorado, distinto, alterando o perfil eleitoral” do partido; se o Chega é visto como um “perigo” ou “tentação”; se o vigor, a determinação, e as palavras fortes que pôs no seu discurso ao longo dos quatro anos em que preparou são apenas estilo, forma, ou “sinais derradeiros de uma convicção inabalável no CDS contra o relativismo moral”, afirma.

Para o ex-vice-presidente, o CDS “é muito vulnerável a questões de identidade política”. “Se alguém aparece a dizer que o partido está a transformar-se, a perder a sua identidade, logo o partido se preocupa, logo o debate se espalha, desfocando o partido. Foi sempre assim, há muitos congressos a demonstrá-lo, e só Paulo Portas conseguiu enterrar esse debate com sucesso e resultados”, refere.

“Nada diz que Francisco Rodrigues dos Santos não consiga fazer o mesmo, apesar de, ou com a legitimidade de ter chegado a presidente provocando o debate identitário à exaustão. Se souber não ceder às pressões das tendências que acolheu, se souber descobrir em si outra vocação que não a de representante de valores, isso não será impossível, sendo certo que a tendência para o debate identitário pode intensificar-se à conta da concorrência dos partidos emergentes (uma expressão feliz de Francisco Rodrigues dos Santos)”, nota.

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