expresso.ptexpresso.pt - 28 jan. 09:59

Defesa de Trump tenta ignorar livro de ex-conselheiro de segurança ao sexto dia do julgamento

Defesa de Trump tenta ignorar livro de ex-conselheiro de segurança ao sexto dia do julgamento

Segundo passagens divulgadas pelo “New York Times”, John Bolton revela no livro como o Presidente lhe falou da sua determinação em reter a ajuda militar à Ucrânia até que Kiev concordasse em investigar o rival democrata Joe Biden. Os senadores deverão votar esta sexta se chamam testemunhas e se solicitam documentos para o julgamento no Senado

A equipa de defesa do Presidente dos EUA, Donald Trump, tentou esta segunda-feira ignorar um desenvolvimento importante no processo. O sexto dia do julgamento político de ‘impeachment’ no Senado seguiu-se à divulgação de excertos de um livro do antigo conselheiro de segurança nacional John Bolton. Nele, o ex-responsável revela como Trump lhe falou da sua determinação em reter a ajuda militar à Ucrânia até que Kiev concordasse em investigar o rival democrata Joe Biden.

O relato desfaz as alegações do Presidente de que o atraso no envio da ajuda e os esforços para convencer o seu homólogo ucraniano a anunciar uma investigação não estão relacionados, escreveu este domingo o jornal “The New York Times” ao revelar excertos do livro.

As passagens transcritas de “The Room Where It Happened” (A Sala Onde Aconteceu), com edição marcada para 17 de março, contêm detalhes sobre a atuação de altos funcionários da Casa Branca, incluindo o Secretário de Estado, Mike Pompeo, o procurador-geral, William Barr, e o chefe de gabinete interino, Mick Mulvaney.

A exceção à ausência de referência a este desenvolvimento na segunda-feira veio do advogado de defesa Alan Dershowitz: “Nada nas revelações de Bolton, mesmo se fossem verdadeiras, constituiria um abuso de poder ou um crime passível de ‘impeachment’.”

Bastam quatro republicanos para chamada de testemunhas

Na sexta-feira, os senadores deverão votar se chamam testemunhas e se solicitam documentos. Tendo em conta a distribuição na câmara alta do Congresso (53 republicanos contra 47 democratas), estes só precisam do apoio de quatro republicanos para terem a maioria necessária para convocar testemunhas, algo que há muito defendem.

Segundo o jornal “The Washington Post”, o senador republicano Pat Toomey comentou a possibilidade de se negociar com os democratas o depoimento de Bolton em troca do de uma testemunha que os republicanos queiram chamar.

Apesar de considerar que “testemunhas adicionais não são necessárias”, o senador republicano Ted Cruz sublinhou que gostaria de chamar o filho de Joe Biden como testemunha. “Se no final desta semana o Senado decidir ir por essa via, a testemunha mais importante a ouvir é Hunter Biden”, disse.

Em declarações aos jornalistas, o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, referiu: “O americano comum está a perguntar-se: ‘Porque é que eles não querem testemunhas nem documentos?’. A questão essencial é: se o Presidente não fez nada de errado, porque é que tem tanto medo de ter testemunhas e documentos?”.

Abuso de poder e obstrução do Congresso

O ‘impeachment’ centra-se nas alegações de que Trump pressionou a Ucrânia a anunciar publicamente uma investigação ao ex-vice-Presidente democrata Joe Biden. Em concreto, o Presidente ucraniano deveria anunciar que estava em curso uma investigação à produtora de gás Burisma, que contratara Hunter, filho de Biden, e só assim Kiev receberia a ajuda militar prometida.

Em dezembro, a Câmara dos Representantes aprovou duas acusações formais de abuso de poder e obstrução à ação do Congresso. Os democratas consideram que Trump abusou do cargo que ocupa ao pedir a Kiev para investigar Biden, um dos candidatos mais bem posicionados para conseguir a nomeação democrata às eleições de novembro. A acusação de obstrução baseia-se nas diretivas da Casa Branca para que os seus funcionários não cooperassem com o inquérito à destituição presidencial e para não serem disponibilizados os documentos solicitados.

Trump nega ter cometido quaisquer irregularidades e classifica o processo de ‘impeachment’ como “uma farsa”. É necessária uma maioria de dois terços para que o Presidente seja efetivamente destituído, um cenário bastante improvável, uma vez que, até ao momento, nenhum senador republicano deu indicação de que votaria pela destituição.

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