expresso.ptexpresso.pt - 27 jan. 20:22

Procura de máscaras aumentou nas farmácias portuguesas: “Evidentemente que os vírus passam por aquelas coisas”

Procura de máscaras aumentou nas farmácias portuguesas: “Evidentemente que os vírus passam por aquelas coisas”

Esta temática tem criado ceticismo entre virologistas quanto à eficácia das máscaras vendidas em farmácias para enfrentarem vírus e bactérias que pairam no ar. A professora catedrática da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Maria Alexandre, partilha do ceticismo

O coronavírus que teve origem em Wuhan já galgou as fronteiras do território chinês e espalhou-se para Austrália, Camboja, Canadá, . “Evidentemente que os vírus passam por aquelas coisas [máscaras]”, começa por dizer ao Expresso. A docente explica que, quando vemos asiáticos com as mesmas máscaras, muitas vezes tem a ver com a poluição do ar. “Podem ter uma certa sensibilidade ou são asmáticos. Pode ser pela poluição.”

De acordo com este artigo da BBC, as máscaras cirúrgicas, assim são chamadas as que estão à venda nas farmácias, começaram a ser usadas em hospitais no fim do século XVIII. A população em geral começou a usá-las aquando da epidemia da gripe espanhola em 1919, que terá vitimado mais de 50 milhões de pessoas.

A professora partilhou um vídeo com o Expresso em que se pode verificar as diferenças entre máscaras cirúrgicas e máscaras respiratórias. Uma das primeiras mensagens é: uma máscara cirúrgica não é uma máscara respiratória.

Ou seja, a segunda, de muito mais difícil acesso, é que teria algum sucesso na prevenção contra vírus e bactérias que andam por aí, pois são compostas por diferentes materiais e munidas de filtros, ao contrário das outras, que não passam de um “tecidinho”.

“Aquelas máscaras que nós colocamos quando alguém está doente é só para não levarmos com os perdigotos em cima”, diz Maria Alexandre, que prefere agir em conformidade com a Direção-Geral de Saúde: “Não há nenhuma indicação da DGS para se comprar [máscaras], mas sim lavar muito bem as mãos, que é como se estivessemos a vacinar-nos contra os vírus respiratórios, principalmente quando as pessoas andam nos transportes públicos”.

Este coronavírus, explica a professora da Universidade do Porto, “é primo da SARS”, a Síndrome Respiratória Aguda Grave que matou mais de 800 pessoas durante uma epidemia entre 2002 e 2003. Tanto um como outro podem ser transmitidos através de pessoas e animais. O que Maria Alexandre sabe é que este vírus com origem em Wuhan, na China, não é parecido com o MERS, um vírus que atacou na Península Arábica. “Esses são os três grandes vírus que emergiram. Saltaram dos animais e viu-se a adaptação”, explica, garantindo que as cobras nada têm a ver com esta história como foi noticiado.

“É um engano. Os virologistas estão a dizer que aquilo nem devia ter sido publicado. Não sabem qual é o caso índice. Aqueles dias em que [o vírus] foi passando de pessoa em pessoa, em que se dizia que não havia transmissão humana, só lhe demos tempo para se adaptar. Sofrem mutações, originando que as suas chaves encontrem a fechadura certa. A fechadura dos animais é um bocadinho diferente da nossa mas quando deixamos replicar... Foi isso que se passou. A transmissão pessoa a pessoa é mais do que sustentável.”

Esta segunda-feira, o autarca de Wuhan, Zhou Xianwang, admitiu ter escondido informações sobre o surto, algo que terá contribuído para uma escalada da contaminação global, pois durante aquele período em que omitiu o que sabia saíram daquela cidade pelo menos cinco milhões de pessoas.

Maria Alexandre, ainda assim, iliba os virologistas. “Os chineses desta vez atuaram. Estão muito mais abertos para o Ocidente. Têm uma tecnologia fantástica, fazem uma investigação fantástica. Têm virologistas fantásticos. Em menos de 15 dias conseguiram identificar [o problema]."

GOVERNO VAI FRETAR AVIÃO CIVIL PARA 20 PORTUGUESES

A diretora-geral da DGS apelou na sexta-feira à tranquilidade dos portugueses. "O Ministério da Saúde e a Direção-Geral da Saúde, com os seus parceiros (...), têm planos de contingência que são regularmente testados e que nos permitem dizer que nós estaremos preparados para detetar precocemente um possível caso que venha para Portugal e, perante essa deteção, fazer o isolamento, o diagnóstico laboratorial e eventual tratamento, contendo a exportação", disse Graça Freitas, que garantiu uma capacidade de resposta "das melhores do mundo", aconselhando os portugueses a "aguardarem com tranquilidade a evolução do surto".

O Governo de Portugal admitiu esta segunda-feira que colocou em marcha “de imediato" o processo para retirar os 20 portugueses que estão em Wuhan, uma cidade em quarentena. Para tal, o Executivo vai fretar um avião civil, noticiou esta tarde a agência Lusa.

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