Subitamente, hordas de comentadores e políticos escreviam coisas piores do que alguma vez eu tinha escrito sobre Ricardo Salgado. E, sendo eu um suposto “radical”, tinham sido muitas. Era sinal de que ele já não mandava. E, como já não mandava, deixei de escrever sobre ele. A cena regressa agora, em versão mais audaciosa, porque o dinheiro de Isabel dos Santos era demasiado novo para lhe esconder o rasto. Lá fora, com uma opinião pública menos atenta a Angola, o exercício de hipocrisia é fácil. A PwC está chocada porque foi enganada por quem lhe paga para isso mesmo. O Fórum de Davos está chocado porque tinha entre os convidados uma criminosa que se deixou apanhar. Portugal tenta indignar-se. Mas receber dinheiro roubado aos angolanos foi um imperativo nacional. As grandes empresas angolanas de Lisboa estão a abarrotar de políticos retirados. E Isabel entrou pela porta grande, de braço dado com a família Amorim.

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