rr.sapo.ptOpinião de Francisco Sarsfield Cabral - 12 dez. 06:15

​A ambição europeia

​A ambição europeia

Se a Europa comunitária quer evitar o caminho para a irrelevância, terá de fazer a diferença na área ecológica. Apesar dos custos que o combate às alterações climáticas envolve.

Ao avançar com o objetivo da fazer da Europa o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, está a lançar um desafio ambicioso, difícil de concretizar, mas indispensável para que o “velho continente” tenha algum peso no mundo daqui a poucas décadas.

A UE não será uma grande potência militar. E nas novas tecnologias perdeu terreno face aos EUA e à China. Mas consegue manter o chamado modelo social europeu, apesar das dificuldades em o adaptar às novas circunstâncias, nomeadamente demográficas (o envelhecimento da população) – vejam-se as reações em França à indispensável reforma do sistema de segurança social.

O combate às alterações climáticas deve ser uma outra área onde a UE poderá fazer a diferença. Recorde-se que a China deixou que a poluição chegasse a níveis altíssimos em várias das suas enormes cidades e só recentemente iniciou um sério combate climático. Quem manda na China é o ditatorial partido comunista chinês, o que facilita a tomada de decisões drásticas, mas o método não é aceitável em sociedades democráticas. É o dilema que a Índia enfrenta, depois da terrível nuvem de poluição que há semanas cobriu Nova Deli.

Quanto aos EUA, é chocante que Trump tenha esta semana anunciado novas medidas contra a preservação do ambiente, alegadamente para beneficiar algumas empresas. Veremos até quando a opinião pública americana aceita este escândalo.

Voltando à Europa, o Pacto Ecológico que Ursula van de Leyen e a sua Comissão propõem procura conciliar os custos do combate às emissões de Co2 (basta pensar no que implica travar a poluição provocada por aviões e navios) com novas oportunidades de investimento empresarial. O Pacto promete envolver “todas as nossas políticas – desde os transportes até à fiscalidade, da alimentação à agricultura e da indústria às infraestruturas”.

O Parlamento Europeu apoia esta ambição. O mesmo será arriscado dizer quanto aos governos dos 27. É que os benefícios desta “guerra” pelo clima não serão imediatamente visíveis, o que exige estadistas e não meros políticos, empenhados na sua reeleição. Mas é por aqui que a Europa comunitária poderá fazer a diferença, evitando caminhar para a irrelevância.

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