www.jornaldenegocios.ptGustavo Soares - 9 dez. 18:55

O luxo e o imobiliário

O luxo e o imobiliário

No caso específico das propriedades, o luxo continua a ser um negócio de nicho que em termos gerais, representa entre 10 a 12 mil transações por ano, equivalentes a 8 mil milhões de euros e representando cerca de 30% do valor total das transações realizadas. - Opinião , Máxima.

Boa notícia é que os estrangeiros compram cada vez mais em Portugal e que o luxo está cada vez mais na moda. Como tema de grande atualidade proponho-me introduzir algumas reflexões sobre esta palavra e toda a sua dinâmica ao nível do setor imobiliário.

De muitas definições e opiniões, podemos concluir que luxo, é algo com carácter único, que gera conforto ou prazer e onde o que é comprado são sobretudo emoções e sentimentos, semelhantes aos obtidos ao deslumbrar uma obra de arte ao desfrutar de uma paisagem magnífica ou ao ter uma experiência única.

Surgindo assim o prazer e a emoção, como fatores fundamentais e críticos no processo de decisão de comprar e que na verdade são aquilo que o dinheiro, a partir de determinado montante, consegue comprar.

No caso específico das propriedades, o luxo continua a ser um negócio de nicho que em termos gerais, representa entre 10 a 12 mil transações por ano, equivalentes a 8 mil milhões de euros e representando cerca de 30% do valor total das transações realizadas. Encontrando-se a crescer, há cerca de 4 anos, em linha com o mercado a uma taxa média de 20% ao ano, com um preço médio por transações a rondar o valor dos 750 mil euros.

Em termos de localização destacam-se 3 eixos fundamentais: Lisboa, Cascais e Sintra representando cerca de 30% das transações, Loulé e Lagos com cerca de 14% e Porto, Gaia e Matosinhos onde se realizam cerca de 10% destes negócios.

Ao nível das nacionalidades é um negócio verdadeiramente global onde os portugueses continuam a liderar contribuindo com cerca de 40% das transações, seguidos pelos Franceses (25%), Ingleses (12%), Brasileiros e Chineses e uma extensa diversidade de cerca de 15 nacionalidades distintas.

Em termos de produto e em relação às propriedades residenciais, o luxo vai para além das simples características construtivas, relacionando-se sempre com características emocionais. Podendo-se assim distinguir dois tipos de propriedades, aquelas que dão resposta às necessidades básicas das famílias, tais como a segurança o espaço a proteção e aquelas que preenchem naturalmente as anteriores mas que essencialmente dão resposta a necessidades emocionais, e que no caso especifico, estaremos a falar de coisas várias como uma vista deslumbrante, um estilo arquitetónico, uma localização exclusiva ou proximidade com o mar e que podem surgir com a designação de "amenities".

Outra característica diferenciadora é que neste segmento e porque as decisões são mais baseadas na emoção do que na razão, podem muitas vezes alterar-se as leis da oferta e da procura, levando em certos casos a uma inflação nos preços de venda, circunstância pontual e muito própria deste nicho e que não deve ser transposta a outros segmentos mais baixos de mercado.

Também as variáveis como o preço, localização e projeto surgem como vitais neste segmento, sendo a sua perfeita conjugação um dos maiores desafios impostos quer aos proprietários individuais quer a promotores ou investidores, sendo assim crucial que todos estes players olhem a arquitetura cada vez numa perspetiva real de mais-valia, e que os municípios pensem os seus planos de pormenor numa ótica mais abrangente.

Por último, referir que o luxo não depende apenas da decisão de trabalhar nele, mas também e sobretudo do legado histórico da credibilidade e notoriedade que as marcas representam e que se consolida naquilo que se costuma designar de "heritage", o que significa que nem sempre está ao alcance de todos.

Empresário e Gestor

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