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Sindicatos ainda esperam aumentos acima de 0,4%, mas luta já está na mesa

Sindicatos ainda esperam aumentos acima de 0,4%, mas luta já está na mesa

Margem para subidas era de 95 milhões de euros em abril e aumentos expressivos são adiados para 2021. Proposta do governo é conhecida esta tarde.

Os sindicatos da Administração Pública conhecem nesta segunda-feira a proposta negocial para aumentos na função pública no próximo ano. A discussão corre em calendário relâmpago para ficar fechada já na quarta-feira, e surge à partida limitada pela intenção do Ministério das Finanças de conter subidas na inflação “que hoje se observa” (estava em 0,4% até outubro), possibilidade que já foi considerada “um insulto” pelas estruturas que esperam recuperação do poder de compra dos trabalhadores naquela que será a primeira atualização de salários desde 2009.

Em abril, o governo reservava no Programa de Estabilidade uma margem de 95 milhões de euros para subidas e novos recrutamentos, com mais 527 milhões destinados a promoções e progressões em resultado do termo do processo de descongelamento de carreiras que se conclui neste mês, com encargos para o próximo ano. Aumentos mais expressivos só em 2021, ano em que o plafond para atualizações atinge os 205 milhões de euros nas contas do ministro Mário Centeno. Sobe aos 386 e 307 milhões de euros de euros em 2022 e 2023, respetivamente.

As expetativas dos sindicatos, porém, são de que se possa ir mais longe em 2020. As reivindicações partem dos 3% pedidos pelo Sindicato dos Técnicos do Estado (STE) e 3,5% reivindicados pela Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), chegando a uma proposta de aumento em 90 euros para todos os trabalhadores exigido pela Frente Comum.

O secretário-geral da Fesap, José Abrão, ainda acredita que o governo deverá pôr na mesa um aumento de ordem maior que a inflação deste ano. “Não há razão nenhuma para que se inverta a tendência de negociação com base na inflação previsível, por mais baixa que seja, incluindo ainda alguns ganhos de produtividade e recuperação de poder de compra. São expetativas realistas. Não queremos tudo de uma vez. Queremos é compromissos que produzam resultados já em 2020 mas também nos anos subsequentes”.

O nível de inflação esperado pelo governo em 2020, de acordo com a proposta levada a Concertação Social para aumento do salário mínimo, é de 1,4%. Caso sirva de referencial para aumentos deixará ainda os trabalhadores numa perda real média de poder que andará acima dos 10% após dez anos sem atualização de vencimentos.

Por isso, também o STE espera mais. “A atualização ao nível da inflação é uma atualização nominal e é uma perda real de remuneração. É legítimo que esperemos uma negociação séria no sentido de que se faça um esforço para que não seja assim”, defende a presidente Maria Helena Rodrigues.

Já a Frente Comum confessa ter “expetativas muito más” para a reunião que decorre esta tarde e revela ter já marcada para dia 19 uma reunião para decidir ações de luta caso se verifique o pior cenário. “Tanto quanto sabemos pode nem sequer ser 0,4%”, afirma a coordenadora Ana Avoila a admitir mesmo ausência de atualizações. “Vamos ver o que sai dali”.

Se para o próximo ano o governo prometeu subir salários de forma generalizada, ainda que não de forma expressiva, a opção em 2019 foi a de limitar as subidas às remunerações mais baixas num encargo limitado por Mário Centeno a um máximo de 50 milhões de euros de despesa. O nível de entrada na função pública, aplicado às carreiras com menores vencimentos (assistentes operacionais), passou dos 580 euros aos 635,07 euros, deixando de estar ligado à evolução do salário mínimo – que, entretanto, sobe aos 635 euros no próximo ano.

A Fesap mantém nas reivindicações avançar mais um patamar, para que o governo faça este ano chegar as remunerações mais baixas aos 683,10 euros – o que implicaria a reformulação mais global da tabela de remunerações.

São mais as pretensões dos diferentes sindicatos, incluindo matérias como a recuperação de 25 dias de férias na função pública, o alargamento da ADSE aos trabalhadores com contrato individual de trabalho ou a revis��o do regime de avaliação dos trabalhadores, o SIADAP. Mas, para já, o novo Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública liderado por Alexandra Leitão pretende fixar a discussão desta semana nas matérias com impacto no orçamento do próximo ano. Outras discussões são reservadas para o futuro, em data em aberto.

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