expresso.ptexpresso.pt - 8 dez. 18:48

Onde Boris Johnson tem de evitar uma vergonha inimaginável

Onde Boris Johnson tem de evitar uma vergonha inimaginável

As sondagens dão aos conservadores uma maioria ampla a nível nacional mas há um local no qual os trabalhistas apostam tudo: é onde Boris Johnson tem de ser reeleito se quiser continuar a ser primeiro-ministro. Reportagem do Expresso em Uxbridge, no Reino Unido

Uma fila de barcos longos e esguios acompanha as margens do rio Frey. Estão alinhados, encostados uns aos outros, vizinhos forçados. Da ponte distinguem-se às dezenas; depois o rio faz uma curva e há que descer até à margem para continuar a acompanhá-los. Têm cores diferentes, nomes pintados de lado — “Almost There”, “Quase Lá”, é dos que ficam na memória —, e o estado de conservação de muitos sugere abandono. Nos telhados há quem tenha semeado hortas de subsistência e veem-se muitos painéis solares.

Craig vive num destes barcos, um barge, como se diz aqui. Começa por avisar que não fala de política nem diz o apelido. Contra o frio de Uxbridge, na Grande Londres, oferece chá e café e volta a recordar que não fala de política. “A minha mãe sempre me disse que neste país toda a gente promete respeitar opiniões diferentes, mas só até ao momento em que dás a tua.”

Tiago Miranda

Até há meses, Uxbridge and South Ruislip era local conhecido dos londrinos por ser uma das extremidades da linha Picaddilly do metro. Agora atrai atenções porque é onde o primeiro-ministro tem de segurar o seu lugar de deputado. Se perder no seu círculo eleitoral, Boris Johnson não pode chefiar o Governo.

É algo que nunca aconteceu, pelo que não há precedente para resolver a questão. Um deputado eleito pelos conservadores poderia demitir-se e o partido enviar Johnson como substituto para esse círculo eleitoral, onde tentaria vencer uma eleição intercalar. Mas não eliminaria a vergonha.

PRIVILÉGIO E MENTIRA

“Os nossos políticos não têm a noção de vergonha dos humanos comuns. Ele já mentiu noutras coisas. Garantiu que nos tiraria da UE. Mas se olharmos para os adversários, com [Jeremy] Corbyn à cabeça, nenhum tem a noção do que é ter de viver num barco por ser impossível comprar casa para uma família de quatro. O que prometem e não cumprem não os afeta. Ou acham que Corbyn é um moço de origens pobres?”, pergunta Craig, de 54 anos. A sua mulher, Donna, de 52, chega com compras. O voto dela não é para Johnson. “Não podemos ter uma pessoa com tão pouco contacto com o mundo real como primeiro-ministro. É mesmo muito mentiroso.”

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