expresso.ptexpresso.pt - 8 dez. 23:05

Calouste Gulbenkian: A incrível história de um rapaz arménio

Calouste Gulbenkian: A incrível história de um rapaz arménio

Dormiu com a mãe até aos 14 anos, sofreu bullying no colégio em Londres e escreveu um livro de viagens aos 20 anos, depois de ter estado pela primeira e única vez num campo petrolífero. O fim da história é sobejamente conhecido: Calouste Sarkis Gulbenkian era o homem mais rico do mundo quando faleceu em Lisboa, em 1955, deixando a sua fortuna a uma fundação que se tornou das mais importantes instituições nacionais. No ano em que se assinala o 150º aniversário do seu nascimento, surgem novas revelações sobre a sua juventude e de como um rapaz que mal se conseguia exprimir se tornou dono de um império financeiro

Campos petrolíferos, refinarias e minas nos cinco continentes, 5% das receitas de petróleo no Médio Oriente, influência sobre os grandes decisores mundiais e uma fortuna calculada em mais de 20 mil milhões de euros; aquando da sua morte, em 1955, Calouste Gulbenkian tinha o poder de um Estado. “Raro, ou mesmo inédito, é o caso em que um homem sozinho, sem pátria e sem exército, consegue construir um império semelhante ao de uma poderosa nação”, comenta, ao Expresso, Razmik Panossian, diretor do Serviço das Comunidades Arménias da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

Um feito que se torna ainda mais surpreendente quando os investigadores do seu percurso convergem na opinião de que Gulbenkian raramente recorria à mentira no desempenho da sua profissão: “Cedo percebeu que a honestidade é uma arma para os negócios, e foi por ser confiável que empresários e políticos recorreram aos seus serviços”, diz Martin Essayan, bisneto de Calouste e administrador da FCG. Porém, um delicioso episódio relatado na biografia “O Homem Mais Rico do Mundo — As Muitas Vidas de Calouste Gulbenkian”, de Jonathan Conlin, publicada este ano em Portugal, mostra que o arménio também sabia recorrer à manha quando as circunstâncias assim o ditavam. “Em 1903, Gulbenkian estava a servir de intermediário entre Frederick Lane, da Rothschild de Paris, e o magnata arménio do petróleo Alexander Mantachev. Rabugento depois de uma sessão dura de negociações, Mantachev ficou a cismar enquanto Lane lia os termos do contrato de venda cláusula a cláusula. Lane fazia uma pausa após cada cláusula, primeiro para permitir que Gulbenkian a traduzisse para arménio e depois para que Mantachev confirmasse o seu acordo, também em arménio. A resposta de Mantachev a cada momento era ‘mayrt kunem’, que em arménio significa ‘fodo a tua mãe’. Gulbenkian vertia a expressão para inglês como se fosse um assentimento cortês, ao que Lane agradecia a Mantachev e passava à cláusula seguinte.”

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