www.publico.ptpublico.pt - 8 dez. 16:34

Via Esquerda promove “Convergência” para disputar liderança do Bloco

Via Esquerda promove “Convergência” para disputar liderança do Bloco

O encontro nacional “de diversas sensibilidades e origens” do BE que decorre este domingo em Lisboa quer avançar com uma candidatura alternativa à da direcção de Catarina Martins.

A sala da Fábrica de Braço de Prata em Lisboa escolhida para o encontro nacional de militantes do Bloco de Esquerda (BE) insatisfeitos com a linha da actual direcção foi pequena para acolher todas as pessoas que quiseram participar – cerca de 200, segundo a organização. O encontro realiza-se sob o signo da “Convergência”, mas prepara-se para divergir. “É para ir à próxima Convenção e disputar a liderança” a Catarina Martins, ouviu o PÚBLICO.

Entre os militantes mais conhecidos presentes no encontro deste domingo estão os ex-deputados Pedro Soares e Carlos Matias, os ex-líderes da UDP Mário Tomé e Carlos Marques, Manuela Tavares e Maria José Magalhães, feministas dirigentes da UMAR ou António Soares Luz, um dos fundadores do Bloco que integra a Via Esquerda, uma corrente interna que existe desde 2018 e que promoveu o encontro deste domingo.

PÚBLICO - Foto O encontro "Convergência" decorre à porta fechada Francisco Romão Pereira

É o culminar de um processo de desilusão que se foi avolumando desde a convenção bloquista de Novembro do ano passado, momento a partir do qual a direcção do BE assumiu querer integrar o Governo liderado pelo PS que saísse das legislativas deste ano. Para a Via Esquerda, que apoiou a moção de Catarina Martins nessa altura, os bloquistas deviam assumir claramente a oposição ao Governo socialista. “Geringonça nunca mais”, disse ao PÚBLICO um militante que participa nesta “Convergência”.

Há pouco mais de um mês, num texto publicado no seu site sobre o rescaldo das legislativas, o Via Esquerda sublinhava que os resultados das eleições deram ao PS e ao bloco central um “equilíbrio de forças favorável”. Para esta corrente interna, “o PS foi o principal beneficiário eleitoral da ‘geringonça'” porque “a sobrevalorização do acordo de maioria, em vez de criar alguma dificuldade ou demarcação com o PS, acabou por ser oportuna para a campanha de António Costa”.

PÚBLICO - Foto Francisco Romão Pereira PÚBLICO - Foto Francisco Romão Pereira

Os resultados eleitorais confirmaram, de acordo com essa leitura, os receios que Pedro Soares já tinha transmitido interna e publicamente em Junho, quando anunciou que não seria de novo candidato a deputado nas legislativas de Outubro passado. Na altura, em entrevista ao PÚBLICO, o ex-deputado defendia que o Bloco “não deve vincar alianças governamentais com o PS”, mas antes ter “uma atitude de procurar novos avanços em termos económicos, sociais, mas com uma afirmação clara do seu programa, da sua política”.

Mas as divergências com a direcção do Bloco também têm origem no modo de funcionamento do próprio partido e daquilo que é considerado uma “captura” das suas estruturas por duas outras correntes internas: a Tendência da Esquerda Social, conhecida por TIA, e a Rede Anti-Capitalista, a RAC.

Um dos episódios que mais mossa fez foi a designação, pela direcção nacional, de Fabíola Cardoso como cabeça de lista por Santarém às legislativas, quando o plenário distrital  tinha votado por ampla maioria o nome de Carlos Matias, deputado na anterior legislatura. Nessa altura, Carlos Matias considerou à Lusa que se tratava de uma decisão irregular à luz dos estatutos e que tinha como efeito “enfraquecer e dividir” o partido em vésperas de eleições.

A reunião "Convergência" deve terminar ao final da tarde e só nessa altura deverão ser feitas declarações públicas.

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