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Testes rápidos para ajudar a erradicar o VIH

Testes rápidos para ajudar a erradicar o VIH

Consórcio constituído por várias entidades e 21 farmácias do concelho de Cascais lançou um projeto para aumentar o número de rastreios do VIH e hepatites. Objetivo é contribuir para alcançar as metas fixadas pela ONU para o diagnóstico e tratamento das doenças.
Em 2014, o Programa Conjunto das Nações Unidas para o VIH/SIDA (ONUSIDA) lançou a iniciativa "Cidades na Via Rápida para Acabar com a Epidemia VIH", uma rede de parceria mundial das cidades com elevada carga de VIH.

Na que ficou conhecida como a Declaração de Paris, os signatários comprometeram-se a atingir até 2020 a primeira meta "90-90-90": 90% das pessoas que vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana sejam conhecedores do seu diagnóstico, 90% dos diagnosticados estejam em tratamento antirretrovírico e 90% das pessoas em tratamento apresentem, sustentadamente, carga vírica suprimida. Metas definidas para atingir o desígnio de erradicar a epidemia da sida até 2030.

Em maio de 2017, a Câmara de Cascais subscreveu a Declaração de Paris e no plano estratégico concelhio 2018/2020 estabeleceu como objetivo o aumento da realização de testes de rastreio de forma a promover a deteção precoce e aumentar a proporção de indivíduos com conhecimento do seu estatuto serológico, não só para o VIH mas também para as hepatites B e C.

E é na sequência deste compromisso que, em 2018, nasce o projeto "Prevenção e rastreio de VIH" da Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à SIDA (Ser+), que, num consórcio com várias entidades, nomeadamente 21 farmácias comunitárias do concelho, assumiu o objetivo de "aumentar os locais de testes rápidos no território de Cascais", recorda Andreia Pinto Ferreira, coordenadora geral da Ser+.

1.020 Testes rápidos Em menos de um ano, este projeto já possibilitou a realização de 1.020 testes rápidos
Nove meses depois, as farmácias do concelho já tinham realizado 1.020 testes rápidos, de forma anónima, confidencial e gratuita, dos quais 558 para o VIH.

Em relação aos testes da hepatite, que no caso da B só começaram em março deste ano, foram efetuados 462. Andreia Pinto Ferreira destaca ainda o número de utentes que realizaram o teste pela primeira vez na vida. "O aumento do número de rastreios é uma prioridade de saúde pública e quanto mais cedo conseguirmos detetar uma destas infeções, maior será o sucesso do tratamento e melhor será a saúde da pessoa em causa, reduzindo-se igualmente a possibilidade de transmitir a infeção", sublinha.

Este projeto conta com a participação do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Cascais, da Equipa de Tratamento do Eixo Oeiras/Cascais da Toxicodependência da Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, do Hospital de Cascais e da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, através dos estabelecimentos do Linhó e de Tires, e da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Perspetivar o controlo e erradicar as infeções

Além de destacar o facto de este projeto pioneiro ter mobilizado entidades de diferentes naturezas (pública, privada e social) e perfis distintos (comunidade, centros de saúde, farmácias, hospital e serviços de saúde), Andreia Pinto Ferreira salienta que "todos os ‘stakeholders’ têm um papel relevante a desempenhar e os resultados preliminares já alcançados com o projeto-piloto em curso têm excelentes indicadores".
A associação, que conta com uma unidade móvel, lançou ainda vários “flyers” e cartazes dirigidos à população sobre este e outros projetos desenvolvidos no âmbito da prevenção e combate ao VIH e hepatites. A associação, que conta com uma unidade móvel, lançou ainda vários “flyers” e cartazes dirigidos à população sobre este e outros projetos desenvolvidos no âmbito da prevenção e combate ao VIH e hepatites. A responsável da associação garantiu que o aumento da "facilidade e acessibilidade destes testes através do envolvimento da rede de proximidade das farmácias contribuiu já para que hoje possamos perspetivar o controlo destas infeções e, num futuro, erradicá-las".

Andreia Pinto Ferreira conta que a avaliação feita em 2017 sobre o primeiro e "mais frágil" indicador - que estimou que 87,5% das pessoas viviam com a infeção por VIH em Cascais já estavam diagnosticadas - obrigou "cada uma das entidades a posicionar-se estrategicamente no território com o objetivo de implementar ações inovadoras ou melhorar as atuais de forma a alcançar até 2020, os 90%".

Além de "flyers" e cartazes sobre o serviço dirigido à população e um site ( www.cascaissemsida.com) com os locais para realizar o rastreio e os parceiros envolvidos, a coordenadora geral da Ser+ destacou os resultados dos questionários aos utilizadores do projeto.

Uma das principais conclusões é que 20% dos utentes que realizaram os testes rápidos disseram que nunca o tinham feito e quase metade (47,2%) fizeram-no por terem tido uma "relação sexual desprotegida".


A figura
Andreia Pinto Ferreira
Coordenadora geral da Associação Ser+

Andreia Pinto Ferreira, nasceu em 1973, é formada em Serviço Social, e é, desde 2001, coordenadora geral da Associação Ser+. Desde 2017 é a responsável por fortalecer a coordenação entre os vários parceiros do Consórcio de Cascais no âmbito do projeto, "Cascais, na Via Rápida para Acabar com o VIH e Eliminar a Hepatite C até 2030".

Sílvia Rodrigues é outra das figuras centrais deste projeto. Esta farmacêutica é vogal da direção da Associação Nacional de Farmácias (ANF) desde 2013, presidente do conselho de administração do Infosaúde e diretora da revista Saúda.


Andreia Pinto Ferreira
Coordenadora geral da Associação Ser+

Projeto contribuiu para alargar acesso

Que balanço é que faz do projeto "Prevenção e Rastreio de VIH"?
Em menos de um ano de projeto, as 21 farmácias de Cascais envolvidas contribuíram positivamente para o acesso alargado à rede de farmácias, com mais utentes a realizar testes pela 1.ª vez (41,1% no VIH); o acesso a populações mais vulneráveis (25,6% dos utentes são estrangeiros); e o acesso a novas subpopulações mais jovens e mais velhas (dos utentes que nunca fizeram teste, 56,2% têm 18-34 anos e 10,1% têm +65 anos).

[Projeto] terá impacto positivo noutros municípios que estejam em vias de aderir. andreia pinto ferreira
Que opiniões recolheram junto da população?
Salientamos que 50% dos utentes consideraram o "reduzido tempo de espera para ser atendido" (57,9%), a "privacidade do atendimento" (57,1%), a "confiança no farmacêutico" (51,8%) e "horário de funcionamento adequado às necessidades" (50,9%) como fatores extremamente importantes na escolha de fazer o teste.

Que contributos traz a Cascais e outras câmaras?
O município de Cascais tem sido pioneiro na criação de sinergias entre os diferentes parceiros, que viabilizaram a implementação no terreno do Fast Track Cities, o que também terá um impacto positivo noutros municípios que já tenham aderido ou estejam em vias de aderir a este desafio.


"Os vídeos dos projetos finalistas ficam disponíveis, a partir de 22 de novembro, em  www.premiosaudesustentavel.negocios.pt "
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