visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 13 nov. 17:00

Estudo português revela que os sacos reutilizáveis estão contaminados com micro-organismos

Estudo português revela que os sacos reutilizáveis estão contaminados com micro-organismos

Várias bactérias diferentes - incluindo a responsável pela listeriose, potencialmente grave - foram encontradas em sacos de compras reutilizáveis. Uma das autoras do estudo diz à VISÃO que é fundamental as pessoas lavarem os sacos e não misturarem diferentes tipos de produtos

A guerra ao plástico de uso único, por razões ambientais, tem resultado em apelos para que as pessoas optem por sacos reutilizáveis, quando vão às compras. Mas um estudo de quatro investigadores portugueses, publicado na revista científica Food Control, concluiu que estes sacos ficam contaminados com vários micro-organismos depois de serem usados.

A investigação que deu origem ao artigo, intitulado Microbiological contamination of reusable plastic bags for food transportation (contaminação microbiológica de sacos de plástico reutilizáveis para transporte de alimentos), analisou sacos de polipropileno (os sacos grandes reutilizáveis, vendidos nos supermercados) e concluiu que todos continham micro-organismos, desde Enterobacterieaceae a estafilococos, passando até pela Listeria monocytogenes, - que provoca a listeriose, uma infeção potencialmente muito grave para grávidas, recém-nascidos, idosos e doentes imunodeprimidos (nestes dois últimos grupos, e segundo a Direção-Geral da Saúde, "ocorrem, por vezes, infeções graves como sépsis, meningite ou encefalite, podendo atingir uma taxa de letalidade de 30%").

"Recolhemos 30 sacos de voluntários e fizemos uma análise microbiológica da superfície do interior dos sacos. Verificámos que, de facto, os sacos tinham micro-organismos e até agentes patogénicos", explica à VISÃO Paula Teixeira, uma das autoras do estudo e investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina, da Universidade Católica Portuguesa, no Porto. “Os sacos estão contaminados e há o risco de contaminação cruzada”, adverte.

Outra conclusão inquietante do estudo é a falta de relação entre o aspeto do saco e as bactérias encontradas. “O facto de parecer sujo ou limpo, novo ou velho, não nos diz nada sobre o grau de contaminação. Encontrámos sacos muito contaminados que pareciam limpos. Os micróbios não se veem…”, lembra Paula Teixeira. E a contaminação tinha efetivamente origem nas compras, confirma: nos sacos de controlo do estudo, novos, não se encontraram bactérias. “Não são micro-organismos ambientais – são mesmo dos produtos transportados lá dentro”, conclui a investigadora.

Paula Teixeira sublinha que a"reutilização é importante do ponto de vista da sustentabilidade", mas alerta que a saúde não pode ser esquecida. “As pessoas deviam usar um saco para cada tipo de produto, e depois lavá-lo bem. Mesmo a carne embalada tem micro-organismos no exterior da embalagem.”

Leia o artigo sobre a guerra aos plásticos de uso único na edição desta semana da revista VISÃO.

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