vidaeconomica.pt - 23 out. 17:27
Estirpe de corrida
Estirpe de corrida
“Pegar” num modelo desportivo e “apimentá-lo” ainda mais. Foi o que a equipa da Renault Sport fez com o Mégane RS ao criar uma versão Trophy.
As diferenças são algumas. A que salta mais à vista são os 20 cv de potência adicionais, alcançando o mesmo motor 1.8 turbo de injeção direta a fasquia simbólica dos 300 cv pela primeira vez na gama RS. O Mégane RS Trophy equipa chassis cup. Face ao chassis sport do Mégane RS, este tem diferencial autoblocante mecânico Torsen, suspensões com quatro batentes hidráulicos de compressão (herdada dos ralis), mas também amortecedores 25% mais rígidos, molas 30% mais firmes e barras estabilizadoras mais rígidas em 10%. Estes são alguns dos melhoramentos a uma base tecnológica já muito grande. Realce para a tecnologia 4Control da Renault, um sistema de quatro rodas direcionais que permite melhorar a agilidade nas curvas apertadas e a estabilidade nas curvas rápidas. A baixa velocidade, as rodas traseiras viram no sentido oposto ao das rodas dianteiras, com um comportamento incisivo para oferecer uma direção mais direta e uma maior sensação de agilidade, pouco vista em veículos de tração dianteira. A alta velocidade, todas as rodas, dianteiras e traseiras, viram no mesmo sentido para obter um equilíbrio do trem traseiro e uma maior estabilidade. Este sistema é uma das bandeiras tecnológicas do mais emblemático modelo da atual gama da Renault. Se é de tecnologia que falamos, basta dizer que este modelo herda muita da quem vem da Fórmula 1, pelo que a coisa não pode ficar mais “séria” do que isto.
“Correr” na estrada Mas “metamos” a mão na massa. Se por fora só os mais desatentos não percebem que não se trata de um Mégane “normal”, uma vez a bordo, tudo remete para as corridas neste RS Trophy, muito mais na unidade conduzida, que equipava uns vistosos bancos dianteiros da Recaro (opcional de 4200 euros) e estofos em couro e pele “alcântara” (opcional de 1700 euros). Com uma posição de condução ainda mais baixa (em 20 mm), os bancos da Recaro oferecem, sem surpresa, um grande apoio lombar, mas também um visual “racing”. Isso é, também, o que respira o volante (de série) com couro perfurado do modelo. Se é verdade que o visual é importante, no que qualquer carro desportivo tira todas as teimas é em movimento. E aí este Mégane RS Trophy impressiona. Quem escolher os modos Sport ou Race (os outros são o Confort e o Neutral, cada um com diferenças visuais e, sobretudo, de afinação de direção e gestão eletrónica da rotação do motor) fica impressionado. A forma como as rotações sobem faz mesmo o coração mais experiente ficar a bater, dada a rapidez com que a próxima curva chega e como todos os outros carros na estrada parece que estão parados. Lá chegados (à curva ou próximo do veículo à frente), a travagem é ainda mais impressionante – já referimos que o modelo herda tecnologia da Fórmula 1? – graças aos discos de travões dianteiros bimatéria. Com uma redução de 1,8 kg por roda em termos de massas não suspensas, oferecem uma melhor dissipação do calor em utilização intensiva, para obter uma melhor resistência. A qualidade do conjunto é tal que, mesmo sem sistemas eletrónicos ligados (o modo Race desliga quase tudo o que é eletrónica), este tração à frente dificilmente vai aos limites e mesmo leigos como nós nos sentimos condutores. Para tal também contribuem os pneus Bridgestone Potenza S001 desenvolvidos à medida. O resultado final é emoção em estado puro. As medições da marca apontam para 260 km/h de velocidade máxima e 5,7 segundos dos zero aos 100 km/h. Os preços do Renault Mégane RS Trophy arrancam nos 48 235 euros (a que há a juntar os opcionais, que no caso da “nossa” unidade se aproximavam de seis mil euros).