expresso.ptexpresso.pt - 23 out. 22:13

Capacidade do centro de acolhimento de migrantes de Lampedusa vai ser aumentada

Capacidade do centro de acolhimento de migrantes de Lampedusa vai ser aumentada

O 'hotspot' da ilha de Lampedusa está quase sempre com gente a mais. À pequena ilha chegam, em alguns meses do ano, centenas de pessoas e o centro não tem forma de as acomodar. Mas mais espaço, reclamam os ativistas, tem de querer dizer melhores condições ainda que estas não devam substituir aquilo que é mesmo preciso: um processo célere de pedido de asilo para quem a ele tem direito

É uma boa notícia mas também representa um desvio da abordagem que defendem as organizações não-governamentais (ONGs). O Centro de Acolhimento de Emergência de Lampedusa (conhecido como hotspot), a pequena ilha italiana ao largo da Sicília que recebe milhares de migrantes por ano, vai passar a poder acomodar 132 pessoas, quando neste momento a capacidade máxima é para 96. As condições de vida no centro já foram criticadas por várias ONG. Por vezes falta água para os banhos, há infiltrações, não há espaço para toda a gente dormir nem qualquer privacidade para mulheres e crianças. Mas o maior problema é de base e não se resolve com aumento do espaço, apesar de, se as condições também melhorarem, essa ser uma boa notícia.

Segundo o jornal “La Sicilia”, até março do próximo ano o hotspot de Lampedusa terá os tais 132 lugares, incluindo uma área para menores não acompanhados. E quando todas as obras estiverem concluídas (ainda não há data) terá 439 vagas no total, com uma área dedicada às famílias. A promessa foi feita pela ministra do Interior, Luciana Lamorgese, que sublinhou estar “sempre” atenta ao que se passa em Lampedusa. Lamorgese, citada pelo jornal, disse que o seu Ministério “solicitou velocidade máxima para a requalificação”.

Neste momento o centro abriga 48 pessoas, das quais 41 são homens e 7 são mulheres: 38 tunisinos, quatro egípcios e seis mulheres da Costa do Marfim, que sobreviveram ao naufrágio da noite entre 6 e 7 de outubro e que vão ser transferidas em breve para outros centros na Sicília onde podem dar início ao processo de regularização da sua situação.

Quem trabalha todos os dias com migrantes em Lampedusa não pode dizer que o aumento da capacidade do centro é uma coisa má mas todos frisam, em diversas publicações nas suas redes sociais durante esta quarta-feira, que só a velocidade de transferência e a melhoria constante dos serviços legais que permitem aos requerentes de proteção internacional conseguirem papéis podem melhorar a situação.

Yasha Maccanico, italiano residente no Reino Unido e voluntário na integração de migrantes, partilhou no Facebook a sua frustração: “Eles não querem entender que o problema não é a capacidade, mas a desumanização das pessoas. Encaixar pessoas em condições degradantes não resolve e multiplica os abusos, mas para os Estados-membros significa ordem e controlo. É assim que a barbárie racista e o poder autoritário são disfarçados à medida que as políticas de imigração se normalizam”.

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