expresso.ptexpresso.pt - 23 out. 12:02

Biogen dispara em Bolsa com promessa de medicamento que trata doentes de Alzheimer

Biogen dispara em Bolsa com promessa de medicamento que trata doentes de Alzheimer

Em março, a farmacêutica norte-americana e a sua parceira japonesa Eisai anunciaram que a sua tentativa de descoberta da primeira droga que trata este tipo de doença tinha sido um falhanço. Ontem, um anúncio surpresa de que, afinal, irá ser submetida para aprovação uma terapia inovadora, pôs ao rubro os investidores

Há uma nova esperança para milhões de pacientes, e seus familiares, que sofrem com a doença de Alzheimer. A farmacêutica norte-americana Biogen anunciou, ontem, terça-feira, que pretende submeter para aprovação das autoridades reguladoras um medicamento experimental que poderá vir a ser a primeira droga que combate a esta forma de demência, quando atualmente apenas existem tratamentos que atenuam os sintomas da doença.

O reflexo da notícia no desempenho da cotada nos mercados norte-americanos foi intenso, com as ações da farmacêutica a chegarem a valorizar mais de 42%. No fecho da sessão do Nasdaq, cada título da Biogen subiu 26% (mais 58,36 dólares) atingindo os 281,87 dólares, o que se traduziu num aumento de 10 mil milhões de dólares na capitalização bolsista da companhia, para 51,9 mil milhões de dólares (cerca de 46,5 mil milhões de euros).

No início deste ano, as expectativas da Biogen e da japonesa Eisai, parceira no desenvolvimento do fármaco inovador, dos doentes e dos investidores em relação ao medicamento "aducanumab" levaram um balde de água fria, quando foi anunciado que ia ser abandonado o desenvolvimento da nova terapia, o que fez cair mais de 25% a sua cotação na bolsa de Nova Iorque

O que mudou, entretanto, para surgir este anúncio surpresa?

De acordo com um comunicado da Biogen, uma nova análise de um maior conjunto de dados mostrou que o "aducanumab" teve impacto nos doentes que se encontram numa fase inicial da doença de Alzheimer. “Depois de reuniões com a FDA [Food and Drug Administration, a autoridade do medicamento norte-amerciana], a companhia planeia submeter um pedido de licenciamento no início de 2020”, adianta a Biogen, acrescentando que também pretende oferecer o tratamento aos pacientes que sejam elegíveis e que estiveram previamente envolvidos nos ensaios clínicos.

“O resultado positivo desta nova análise resulta da comparação de uma administração de uma dosagem mais alta do aducanumab com os resultados obtidos anteriormente [em março de 2019, quando as duas farmacêuticas revelaram que iam abandonar a investigação]”. Resumindo, no âmbito de ensaios clínicos de nível III (a última fase de desenvolvimento de um remédio antes da submissão às autoridades para aprovação), a Biogen descobriu que uma dose mais elevada da nova droga fez diferença nos doentes com a patologia num estágio precoce.

“Os pacientes que tomaram o aducanumab tiveram melhorias significativas em termos cognitivos e de funções, como a memória, orientação e linguagem. Os doentes também ganharam em termos do desempenho de atividades diárias, incluindo tratar das finanças pessoais ou fazer tarefas domésticas, como limpar, ir às compras ou tratar das roupas, e até viajar de forma independente”, garante a farmacêutica.

A Biogen reforça que, caso seja aprovado, o aducanumab será a primeira terapia que reduz a degeneração associada a esta doença que se caracteriza pela deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas.

A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47.5 milhões de pessoas com demência, número que pode atingir os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135.5 milhões, segundo refere a Associação Alzheimer Portugal na sua página de internet.

“A doença de Alzheimer assume, neste âmbito, um lugar de destaque, representando cerca de 60 a 70% de todos os casos de demência” e, em Portugal, “não existindo até à data um estudo epidemiológico que retrate a real situação do problema, podemos ter como referência os dados da Alzheimer Europe (2014) que apontam para cerca de 182 mil pessoas com demência”, é dito ainda.

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