expresso.ptexpresso.pt - 23 out. 17:41

Vista Alegre pede €50 milhões emprestados para se livrar das amarras da CGD e BCP

Vista Alegre pede €50 milhões emprestados para se livrar das amarras da CGD e BCP

Sobre as marcas comerciais da Vista Alegre recai um penhor a favor da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Comercial Português. Também há limitações no que diz respeito ao pagamento de remuneração aos acionistas. É precisamente reembolsar as dívidas aos dois bancos e levantar estes obstáculos que a empresa pretende com o encaixe com a emissão de obrigações anunciada esta semana

A Vista Alegre conseguiu 50 milhões de euros junto de grandes investidores. O dinheiro utilizado servirá para reduzir o seu endividamento junto da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do Banco Comercial Português (BCP). Mas não só: o objetivo é libertar-se das limitações impostas por esses financiamentos, desde logo o penhor que existe sobre as suas marcas comerciais.

A Vista Alegre Atlantis (VAA), grupo de produção, distribuição e venda de artigos de porcelana e louça, concretizou uma emissão de obrigações ��� colocação de títulos representativos da sua dívida – junto de investidores institucionais (bancos, seguradoras, fundos), no montante total de 50 milhões de euros. É uma espécie de empréstimo: o valor é agora recebido pela empresa, e depois será reembolsado até 2024, com juros de 4,5%, na sua maioria, mas também, numa pequena parcela de 5 milhões, de 3,5%.

“A emissão destas obrigações veio diversificar as fontes de financiamento da VAA e alongar a maturidade média da dívida contribuindo nessa medida para o crescimento sustentado dos seus negócios nos diferentes segmentos e mercados em que opera”, explica o comunicado enviado pela empresa do Grupo Visabeira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta terça-feira, 22 de outubro.

A redução das dívidas

Só que uma leitura mais aprofundada da operação, através do memorando publicado também no site do regulador, permite perceber que o objetivo é diminuir o endividamento junto da CGD (que tem 3,4% do capital da VAA) e do BCP. O contrato de financiamento que une os bancos ao grupo tem inúmeros penhores não só sobre fábricas e outros imóveis, mas também sobre as marcas comerciais. Além disso, os bancos limitavam a possibilidade de empresa remunerar os seus acionistas através de dividendos até 2026 (a data do vencimento dos empréstimos).

Um dos casos é um empréstimo sindicato concedido por estes dois bancos à VAA e à sua acionista, a Visabeira Indústria, em que a primeira recebeu 5 milhões de euros, a segunda de 25 milhões. Com o dinheiro agora emprestado pelos investidores, a empresa quer pagar estes montantes aos bancos: paga diretamente 5 milhões, e outros 25 milhões à sua acionista Visabeira (por dívidas já existentes), que, em seguida, devolverá o dinheiro às duas instituições financeiras.

A explicação é deixada no documento, onde a Vista Alegre explica em que pretende utilizar o dinheiro encaixado com esta operação.

Recuperar as marcas

Além do reembolso, a empresa de porcelanas pretende pedir o levantamento “total” das respetivas garantias “tais como – mas não limitadas – ao penhor sobre as marcas e os ativos detidos pelo grupo”. Os empréstimos têm a hipoteca dos imóveis e o penhor sobre as marcas a favor dos dois bancos, em partes proporcionais. São visadas quatro marcas: Vista Alegre e Atlantis (segmento de luxo), Casa Alegre (em que se encontra as louças vendidas ao IKEA) e ainda a Cook&Serve, louça de forno.

Também haverá o reembolso de outro financiamento da CGD à Ria Stone, de 9,1 milhões de euros (com imóveis e equipamento como garantia).

Por devolver ficam outros financiamentos, incluindo ao banco público mas também ao Novo Banco (cerca de 10 milhões), entre outros.

Como garantia das novas obrigações consta o capital da empresa Ria Stone, fábrica de louça que tem o IKEA como principal cliente.

Em entrevista à Lusa em abril, o presidente da administração da Vista Alegre, Nuno Marques, tinha assumido que tinha uma prioridade: pagar a dívida. “Primeiro, iremos tratar deste primeiro ponto, a Vista Alegre vai ficar livre e disponível para poder distribuir dividendos aos seus acionistas”, afirmou, então. Depois, poderá voltar a pensar em pedir dinheiro a acionistas para reforçar o seu capital - no ano passado, teve de cancelar a operação desse género que pretendia fazer.

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