expresso.ptexpresso.pt - 23 out. 21:41

Aluno que agrediu professora em escola em Linda-a-velha tem “transtorno neurológico”

Aluno que agrediu professora em escola em Linda-a-velha tem “transtorno neurológico”

Professora de 32 anos foi agredida e levada para o hospital com ferimentos ligeiros

Um aluno de 14 anos agrediu esta quarta-feira uma professora na escola Escola Básica e Secundária Amélia Rey Colaço, em Linda-a-velha, Oeiras. Ao Expresso, a PSP, que esteve no local, confirmou a agressão, sublinhando que o jovem em causa está diagnosticado com um “transtorno neurológico”.

O Expresso tentou entrar em contacto com a direção da escola, mas até ao momento não foi possível obter qualquer resposta. Em declarações à Renascença, o diretor daquele estabelecimento de ensino confirmou o “episódio protagonizado por um aluno da Unidade de Ensino Estruturado”. “O espectro do autismo enquadra um perfil comportamental diverso que pode incluir elevados índices de agressividade”, explicou Hernâni Pinho, acrescentando que, em pessoas com este diagnóstico, episódios como o desta quarta-feira “acontecem com alguma frequência”. “A diferença é que desta vez foi por ter sido mais grave e, por precaução, solicitámos a intervenção de uma equipa médica. De resto, quer a polícia quer o encarregado de educação foram imediatamente chamados e informados.”

Contacta pelo Expresso, Júlia Serpa Pimentel, presidente da Pais em Rede e professora do ISPA - Instituto Universitário, explica que, estando em causa um jovem com autismo, a “situação é completamente diferente”. “Uma crianca neurotípica - a chamada criança com um desenvolvimento normal - num momento de raiva tem a plena consciência do que está a fazer. De maneira geral, e independentemente de qual a perturbação do espectro do autismo em causa, um criança autista faz isso sem medir as consequências do que está a fazer, sem ter noção das consequências dos seus atos”, diz ao Expresso Júlia Serpa Pimentel.

Os poços de agressividade em crianças com este diagnóstico acontecem muitas vezes, explica, pela incapacidade de se fazerem entender (“várias delas têm grandes dificuldades na comunicação verbal”), porque se sentem marginalizadas ou porque não compreendem por que razão não podem fazer aquilo que querem. “A frustração acaba por levar à agressividade. Não podemos nunca esquecer que estamos a falar de crianças e jovens com dificuldades gravíssimas de interação social”, explica Júlia Serpa Pimentel.

Pela sua experiência, a psicóloga e também membro da associação Pais em Rede, a falta de uma pessoa de referência na escola, “de alguém que conheça muito bem a criança”, é uma lacuna que propicia episódios de maior agressividade. “E depois desencadeia-se uma espiral de gritos e gritar tem um efeito muito mais assustador para uma criança autista.”

Desconhecendo em detalhe o caso desta quarta-feira, Júlia Serpa Pimentel refere ainda que em casos destes o melhor é lidar com tranquilidade, mas, admite, “uma professora ao ser agredida dificilmente conseguirá lidar calmamente com a situação”. “A ansiedade e a reação de quem está à volta da criança nestes momentos acabam por piorar a reação.”

O alerta foi dado às autoridades por volta das 09h, que foram chamadas à escola para intervir numa agressão. “No local esteve a patrulha da Escola Segura da PSP de Oeiras e o caso foi entregue ao Ministério Público, que irá dar o seguimento habitual”, informaram as autoridades.

A professora de 32 anos ficou com ferimentos ligeiros e foi levada para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

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