pplware.sapo.ptpplware.sapo.pt - 23 out. 21:00

Astrofísicos e geoquímicos apresentam novas evidências de que a Terra não é única

Astrofísicos e geoquímicos apresentam novas evidências de que a Terra não é única

Muito se tem falado na possível existência da Terra 2.0. Contudo, ainda são apenas algumas teorias e eventuais cenários de conformidade de habitabilidade. Segundo sugere um novo estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, os planetas parecidos com a Terra podem ser comuns no Universo.

A equipa de astrofísicos e geoquímicos apresenta novas evidências de que a Terra não é única. O estudo foi publicado dia 18 de outubro na revista Science.

Aná branca pode ser o Sol de uma outra Terra?

Os cientistas, liderados por Alexandra Doyle, estudante de geoquímica e astroquímica da UCLA, desenvolveram um novo método para analisar em detalhe a geoquímica dos planetas para lá do nosso Sistema Solar. Doyle fê-lo analisando os elementos em rochas de asteroides ou fragmentos de planetas rochosos que orbitavam seis estrelas anãs brancas.

Acabámos de aumentar a probabilidade de muitos planetas rochosos serem como a Terra e há um número muito grande de planetas rochosos no Universo. Estamos a estudar a geoquímica de rochas de outras estrelas, o que é quase inédito.

Referiu o coautor Edward Young, professor de geoquímica e cosmoquímica da UCLA.

As estrelas anãs brancas são os remanescentes densos de estrelas normais. Assim, a sua forte atração gravitacional faz com que os elementos pesados como carbono, oxigénio e azoto “afundem” rapidamente nos seus interiores, onde os elementos pesados não podem ser detetados por telescópios. A estrela anã branca mais próxima estudada por Doyle fica a cerca de 200 anos-luz da Terra e a mais distante está a 665 anos-luz.

Determinar a composição de planetas fora do nosso Sistema Solar é muito difícil. Usámos o único método possível – um método pioneiro – para determinar a geoquímica de rochas para lá do Sistema Solar.

Disse a coautora Hilke Schlichting, professora associada de astrofísica e ciência planetária da Universidade de Harvard.

Ferrugem pode ser indício de uma outra Terra

Os dados analisados por Doyle foram recolhidos por telescópios, principalmente pelo Observatório W. M. Keck no Hawaii, que os cientistas espaciais haviam recolhido anteriormente para outros fins científicos.

Conforme explicou Young, quando o ferro é oxidado, partilha os seus eletrões com o oxigénio, formando uma ligação química. Esse processo é chamado de oxidação e pode ser visto quando o metal se transforma em ferrugem.

O oxigénio rouba eletrões do ferro, produzindo óxido de ferro em vez de ferro. Nós medimos a quantidade de ferro oxidado nestas rochas que atingem a anã branca. Estudámos o quanto o metal enferruja.

Explicou Edward Young.

Segundo o professor de geoquímica e cosmoquímica, as rochas da Terra, de Marte e de outras partes do nosso Sistema Solar são semelhantes em composição química e contêm um nível surpreendentemente alto de ferro oxidado.

Rochas da terra e de Marte são “parecidas”

O Sol é composto principalmente de hidrogénio, que faz o oposto da oxidação – o hidrogénio acrescenta eletrões. Os investigadores disseram que a oxidação de um planeta rochoso tem um efeito significativo na atmosfera, no núcleo e no tipo de rochas que produz à superfície.

Até agora, os cientistas não sabiam em detalhe se a química dos exoplanetas rochosos era semelhante ou se era muito diferente da química da Terra. Nesse sentido, quão semelhantes são as rochas que a equipa da UCLA analisou, com as rochas da Terra e de Marte?

Muito parecidas. São parecidas com as da Terra e com as de Marte em termos de ferro oxidado. Estamos a descobrir que rochas são rochas em toda a parte, com geofísica e geoquímica muito semelhantes.

O motivo pelo qual as rochas no nosso Sistema Solar são tão oxidadas sempre foi um mistério. Não é o que seria de esperar. Também queríamos saber se isto seria verdade noutras estrelas. O nosso estudo diz que sim. Isto é muito bom para a procura por planetas parecidos com a Terra no Universo.

Disse Doyle.

Anãs brancas são um ambiente raro para os cientistas analisarem

Os investigadores estudaram os seis elementos mais comuns nas rochas: ferro, oxigénio, silício, magnésio, cálcio e alumínio. Usaram cálculos e fórmulas matemáticas porque os cientistas não conseguem estudar rochas reais em torno de anãs brancas.

Os investigadores referiram que é possível determinar matematicamente a geoquímica destas rochas e comparar estes cálculos com as rochas que temos da Terra e de Marte.

A compreensão das rochas é crucial porque revelam a geoquímica e geofísica do planeta.

Se as rochas extraterrestres têm uma quantidade de oxidação semelhante à da Terra, então podemos concluir que o planeta possui placas tectónicas parecidas e potencial para campos magnéticos semelhantes aos da Terra, que se pensa serem ingredientes para a vida.

Realçou Schlichting.

Conforme referem os especialistas, este estudo é um salto em frente no que toca às inferências de corpos para lá do nosso Sistema Solar e indica que é muito provável que existam realmente análogos da Terra.

Terra 2.0: astrónomos dizem que há um planeta semelhante ao nosso

NewsItem [
pubDate=2019-10-23 22:00:28.0
, url=https://pplware.sapo.pt/ciencia/astrofisicos-e-geoquimicos-apresentam-novas-evidencias-de-que-a-terra-nao-e-unica/
, host=pplware.sapo.pt
, wordCount=742
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2019_10_23_1228215123_astrofisicos-e-geoquimicos-apresentam-novas-evidencias-de-que-a-terra-nao-e-unica
, topics=[tecnologia, planetas, terra, astrofísicos, ciência, universo]
, sections=[ciencia-tecnologia]
, score=0.000000]