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Seis episódios para assinalar os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães

Seis episódios para assinalar os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães

A Primeira Volta ao Mundo é uma nova série documental do Canal História que recorre a depoimentos de 53 especialistas internacionais e usa actores para entrevistas ficcionadas com os protagonistas da expedição.

Foi em 1519, a 20 de Setembro, que o português Fernão de Magalhães (1480-1521), navegador português ao serviço de D. Carlos I de Espanha, partiu de Sanlúcar de Barrameda, em Espanha. Três anos depois, com Magalhães morto, Juan Sebastián Elcano voltaria ao início para finalizar aquela que ficou registada como a primeira viagem de circum-navegação da Terra. A efeméride dos 500 anos de tal feito é assinalada com uma nova série documental do Canal História dividida em seis episódios. A Primeira Volta ao Mundo, uma produção espanhola, arranca neste sábado, às 22h15.

O objectivo da série é explorar não tanto “a gesta, mas sim o gesto”, afirmou Sergio Ramos, vice-presidente de programação da versão ibérica do canal, na apresentação de A Primeira Volta ao Mundo na Biblioteca Nacional de Madrid esta quarta-feira à tarde. Ou seja, queriam mostrar como era o dia-a-dia em alto-mar dos entre 230 e 270 tripulantes das cinco naus da expedição — dos quais só restaram, no fim, 18 homens e uma nau —, bem como a maneira como o feito deles mudou o mundo e como a Europa percebeu a dimensão do resto do globo e a vastidão dos oceanos. Ao PÚBLICO, explicou ainda que queriam “dar um twist” à história, com “linguagem e imagem contemporâneas”, como comparar a montagem da expedição com uma start-up, o que acontece no primeiro episódio.

Para tal, a série conta com o depoimento de 53 especialistas de várias nacionalidades e áreas, dos portugueses Jorge Rosas, gerente das Adegas Ramos Pinto, Joaquim António Gonçalves Guimarães, arqueólogo, ou José Manuel de Carvalho Marques, ex-presidente da Câmara de Sabrosa, a historiadores, escritores, navegadores, políticos, guias turísticos, cozinheiros, biólogos, músicos ou militares argentinos, chilenos e espanhóis, nacionalidades que estavam representadas na expedição. Estes falam de como, no caso de Jorge Rosas, os tripulantes bebiam vinho, ou, no caso de Javier Velázquez, dono de restaurante e cozinheiro argentino, de como é que os tripulantes comiam carne de guanaco, animal sul-americano, tudo em nome da sobrevivência sob condições duras que testaram a capacidade de resistência do ser humano.

230 e 270 tripulantes das cinco naus da expedição inicial, dos quais só restaram 18 homens e uma nau

De fora, ficaram testemunhos como os dos filipinos, um território importante da viagem. “Era o destino principal que queríamos tratar, mas deparámo-nos com um problema, que é não haver muita gente com esse conhecimento. Encontrávamos alguém que disse que falaria disso, mas depois não sabia muito”, confessa Daniel Terzagui, produtor executivo. “É mais fácil encontrar essa informação aqui”, continua Carmen Mena-García, professora catedrática de História da América na Universidade de Sevilha e uma das especialistas retratadas na série. Também não houve possibilidade de incluir, por questões de agenda, o historiador Rui Manuel Loureiro, que a académica espanhola nomeia como alguém “que está a fazer coisas muito interessantes com documentos portugueses”. Longe das polémicas e disputas recentes entre Portugal e Espanha sobre esta efeméride, tanto Terzagui como Mena-García realçam o papel de Portugal na expedição, em termos de “todo o conhecimento e infra-estrutura”.

Entrevistas de agora com o passado

Além das pessoas reais que prestam declarações, há um esforço para uma reconstituição de época com actores que interpretam algumas das figuras históricas envolvidas a falaram para a câmara. A ideia destas entrevistas ficcionadas, sustenta o responsável do canal, era não pedir “aos actores que interpretassem algo que não sabíamos se ocorreu ou não”, mas dar uma ideia do que seria o dia-a-dia a bordo da expedição. Já Daniel Terzagui, o produtor executivo, sublinhou o foco em factos verificáveis. Henrique de Malaca, por exemplo, o escravo de Magalhães que provavelmente terá sido a primeira pessoa realmente a circum-navegar o mundo, não é uma personagem muito presente, visto não haver muita informação sobre ele, e muitas perspectivas contraditórias.

Segundo o Ministério da Cultura espanhol, há mais de 190 iniciativas oficiais espanholas que vão decorrer ao longo dos próximos três anos. A série é uma delas. A efeméride está, conta Carmen Mena-García, a levar a cada mais investigações sobre o assunto, pelo que, volvidos esses três anos, “vamos falar de uma maneira diferente” sobre a circum-navegação.

A série surge no ano em que o História comemora 20 anos de presença ibérica, algo que decidiram celebrar juntando duas efemérides: a dos 500 anos da circum-navegação e dos 50 da chegada do homem à Lua, traçando um paralelo entre elas. Não vai ser o único evento televisivo a assinalar o feito. A RTP1, por exemplo, dedicará o dia de sexta-feira a uma emissão especial em directo do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, a partir das 10 da manhã.

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