observador.ptLuís Areias - 19 set. 00:18

Eis o social – ismo

Eis o social – ismo

O mais grave é que, tipicamente, o Estado não só não se preocupa em economizar, pois os recursos não foram ganhos com suor mas sim tirados coercivamente aos contribuintes, como nunca maximiza o valor.

Enquanto indivíduo que acredita profundamente no liberalismo, sou amiúde posto em confronto por outras pessoas com a seguinte frase: “Bom…realmente o Estado e os seus serviços são mal geridos, mas o que devia acontecer não é privatizar ou reduzir o tamanho do Estado mas antes torná-lo competente, eficiente e bem gerido”. Para se compreender as razões pelas quais isto nunca aconteceu, não acontece e dificilmente algum dia acontecerá, é preciso abordar alguns pontos.

A primeira coisa que gosto de dizer a alguém que defende a posição supra é que ninguém cuida do que é seu como o próprio. Próprio, o indivíduo, não o Estado. Não me interpretem mal, não estou a dizer que é impossível alguém ser cuidadoso com os recursos dos outros. Embora sejam uma minoria, acredito que há pessoas que são capazes de ser briosas na gestão e utilização do dinheiro dos outros, tentando economizar ao máximo. Contudo, quando falamos em racionalidade económica, procura-se, na utilização dos recursos, economizar ao máximo e, em simultâneo, maximizar o produto/valor. Isto, como tem sido bom de ver, dificilmente é alcançável pelo Estado. Só o próprio indivíduo conseguirá de acordo com o seu perfil, com a sua grelha de gostos e valores, economizar ao mesmo tempo que maximiza a utilidade. O mais grave é que, tipicamente, o Estado não só não se preocupa em economizar, pois os recursos não foram ganhos com suor mas sim tirados coercivamente aos contribuintes, como nunca maximiza o valor pela razão já aduzida.

Depois disto reforço que, em geral e pela lógica, o Estado tende a ter menos gente tão competente nas cúpulas como o mercado pela simples razão que, geralmente, paga menos aos cargos dirigentes e de chefia. Responde-me a pessoa: “bom…mas então pague-se mais, pague-se até ao limite que uma pessoa igualmente competente recebe no mercado”. Logo aqui deparamo-nos com um problema. Como avaliar competência entre alguém que trabalha na cúpula do Estado, que pode até desempenhar funções sem paralelo no mercado (ministros, secretários de Estado, directores de observatórios, institutos, repartições, etc.) e cuja avaliação de desempenho é duvidosa quando não inexistente, com alguém que opera em mercado?

Contudo, a maior lacuna do Estado é não funcionar numa lógica de rentabilidade e lucro. Pois só estes conceitos incutem a racionalidade económica e só o desenvolvimento económico promove o bem-estar social. Abrem-se aqui, portanto, duas portas: ou reduzimos o peso do Estado na economia ou poderíamos equacionar um modelo em que o Estado operasse para o lucro, distribuindo posteriormente os “dividendos” pelos contribuintes. Devo desde já dizer que sou favorável à primeira, admitindo a segunda como melhor alternativa ao que hoje temos. Mas mesmo esta segunda opção é mais ineficiente que a primeira por razões óbvias. Retiram-se recursos aos contribuintes a montante para depois dar-lhes uma parte a jusante, sem nunca se conseguir maximizar a utilidade de cada indivíduo. Devemos por isso deixar ao máximo possível os recursos do lado dos indivíduos para que estes façam as suas escolhas. Dessa forma o indivíduo, em geral, procura maximizar o binómio valor obtido por cada unidade gasta, contribuindo assim para o bem-estar social.

Num dos vários debates que fui tendo onde defendi esta minha visão, cheguei a ser apelidado de “anti-socialista”. Eu até percebo, pois sob a capa de um nome bonito e sedutor, com uma pretensa preocupação social, adoptam-se medidas que, no final do dia, agridem, agrilhoam e empobrecem a vasta maioria dos indivíduos. Por isso tenho combatido a predominância da lógica socialista na gestão da “coisa pública”. Por muita conversa que façam de “contas certas”, a realidade demonstra que o Bem-estar social não tem sido promovido. Bastando olhar para o estado de vários serviços públicos, começando na Saúde, passando pela Educação e por tantos outros cujas repartições coleccionam filas e pendências.

O pensamento que verdadeiramente consegue o Bem-estar das pessoas, não por ser o seu fim, mas por criar as condições para tal, é o Liberalismo. Direi até mais, o verdadeiro “Social – ismo” é o Liberalismo. O sistema político, económico, social e humano que mais promove o bem-estar de todos e que mais faz pelo “social – ismo” é sem dúvida o Liberalismo. Por isto é que sou liberal e por isto é que finalmente terei no boletim de voto uma verdadeira alternativa ao socialismo. Nas legislativas votarei Iniciativa Liberal.

Controlador Financeiro e de Gestão

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