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As Mulheres em números

As Mulheres em números

Na PSP apenas 9,7% dos lugares correspondem a mulheres. Na GNR tal percentagem é de 7,8% e, nas Forças Armadas, 11%. - Opinião , Sábado.

Qual é, em concreto, a situação média da mulher portuguesa? Como é a sua vida, comparada com a do homem? Estão numa situação de paridade? Uma consulta na "PORDATA – Base de Dados de Portugal Contemporâneo" permite-nos algumas respostas e, como tal, algumas conclusões.

Os homens começam a vida em vantagem numérica: nascem 100 mulheres por cada 105 homens. Porém, a taxa de mortalidade, relativamente aos homens, é mais elevada em todas as faixas etárias do que resulta que, a partir dos 30 anos, exista sempre uma preponderância de mulheres. Com efeito, de acordo com os dados relativos ao ano de 2016, em Portugal, 53% da população era do género feminino. Na União Europeia só três países são a excepção: Suécia, Luxemburgo e Malta.

A esperança de vida (dados relativos a 2015) é de 83 anos para as mulheres e 78 anos para os homens. A vantagem inicial masculina vai decrescendo com a idade, de tal modo que no "final da vida" (85 anos ou mais) existem 100 mulheres para cada 47 homens.

Os dados relativos a 2017 dizem-nos que em cada 20 mulheres (entre os 18 e 24 anos), duas não concluem o ensino secundário. Na mesma situação, são três os homens que não completam esse ciclo de ensino. No ano de 2015, no total de matrículas no ensino superior 54% respeitavam a mulheres e apenas 46% a homens. No mesmo ano, 1587 mulheres completaram doutoramento. Os homens que o fizeram foram 1382. 

Mas as vantagens, da vida em números das mulheres, terminam aqui.

Com referência a 2017 existiam 387.000 famílias monoparentais femininas e apenas 52.000 famílias monoparentais masculinas. São elas que continuam a assegurar, em primeira linha, os cuidados totais aos filhos. Em média casam-se aos 31 anos e têm o primeiro filho aos 30,4 anos. Os homens casam, em média, aos 33.

A menor percentagem de emprego (49%) também é delas. E, em 2017 existiam 377.000 mulheres domésticas enquanto apenas 10.000 homens o eram. São pois elas que, em larga maioria, permanecem em casa.  

As mulheres em risco de pobreza representam uma percentagem de 54% da população, exactamente igual à percentagem de mulheres que recebem subsídio de desemprego. É de 51% a percentagem de mulheres beneficiárias do RSI. É pois clara a situação de maior vulnerabilidade económica e social das mulheres.

Em média os homens, em Portugal, ganham mais 18% do que as mulheres. A média da União Europeia é de 16%.

Na justiça, as mulheres dão as cartas. Numa profissão que apenas em 1974 foi aberta às mulheres, no ano de 2018, em 1743 juízes, 1061 são mulheres e 682 homens. Também as Magistradas do Ministério Público e as Advogadas se encontram em maioria.

Mas elas apenas constituem 6% de toda a população prisional (ano de 2018) e, no ano de 2017 apenas 6.928 mulheres sofreram condenações judiciais. Foram 44.460 os homens condenados no mesmo período temporal.

Contudo, a percentagem de mulheres vítimas de violência doméstica – sem dados concretos apurados mas com números e estudos credíveis a apontar para mais de 86% - é muito superior à dos homens, tornando esta quase irrisória.

Na PSP apenas 9,7% dos lugares correspondem a mulheres. Na GNR tal percentagem é de 7,8% e, nas Forças Armadas, 11%. Note-se porém que apenas desde 1991/92 é permitido o acesso das mulheres a estas duas últimas forças.

No que concerne ao trabalho não pago (doméstico e de prestação de cuidados a terceiros) a mulher despende, em média, 1 hora e 45 m por dia a mais do que o homem.  

Porém, são eles que se reformam mais cedo, aos 63 anos. Elas, em média, aos 64 anos.  

Está bom de ver que a vida das mulheres não é fácil e que está longe de se equiparar à dos homens.

Muito há ainda a fazer. E as mulheres não são números, são reais. Não é só uma questão de igualdade, é sobretudo uma questão de Justiça! 

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