expresso.ptexpresso.pt - 15 set. 12:07

Maternidade Alfredo da Costa ‘fecha’ Urgência este domingo

Maternidade Alfredo da Costa ‘fecha’ Urgência este domingo

Falta de anestesistas limita a capacidade de resposta a grávidas vindas de fora. Há vários dias que o serviço já estava “em contingência”

No dia em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) faz 40 anos, uma das suas maiores conquistas dá sinais de fraqueza: a saúde materna e infantil. Precisamente este domingo, a emblemática Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, tem a porta da Urgência fechada. A falta de anestesistas para assegurar todas as escalas impede a prestação de cuidados a grávidas que cheguem de fora.

Na véspera, no sábado ao final do dia, a diretora clínica tinha dado ordens para que apenas fossem recebidas mais três grávidas. Apesar das indicações, esse número foi ultrapassado durante a madrugada e a MAC deixou de ter capacidade de resposta além das mulheres que já se encontram internadas.

“Há vários dias que o CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] estava em contingência”, explicou ao Expresso fonte da MAC. Ou seja, já havia instruções para não encaminhar grávidas para a maternidade e fossem procuradas alternativas. Na manhã deste domingo, com apenas um anestesista de serviço desde as 08h00, foi decidido ‘fechar’ a Urgência da MAC ao longo de todo o dia.

Ainda durante a madrugada de sábado para domingo, os clínicos de serviço na MAC já tinham tentado transferir para outra unidade uma grávida que deu entrada na maternidade pelas 06h00. Ao todo, foram contactados os cinco hospitais da área da Grande Lisboa (Amadora-Sintra, Beatriz Ângelo, Santa Maria, Garcia da Orta e São Francisco Xavier) mas a resposta foi negativa. Isto é, também eles disseram que não tinham capacidade para receber a mulher. Perante a impossibilidade de transferência e apesar da falta de condições ideais – as alternativas seriam os hospitais de Vila Franca de Xira ou de Cascais – a equipa médica decidiu realizar o parto na MAC.

O Expresso contactou o Ministério da Saúde que prometeu uma resposta sobre a situação ainda este domingo. Os responsáveis pela Urgência da MAC, da Administração Regional de Lisboa e do INEM foram igualmente contactados, ainda sem resposta.

Ministra quer "novas formas de funcionamento das equipas"

A falta de anestesistas nas Urgências de ginecologia-obstetrícia na Grande Lisboa tem frequentemente colocado em causa a prestação de cuidados e ainda recentemente, nos meses de verão, foi necessário adotar medidas excecionais, no caso aumentar o valor pago aos especialistas, para garantir todas as portas abertas. O primeiro plano de resposta previa o funcionamento alternado das Urgências nos vários hospitais mas a ideia foi logo contestada por vários especialistas.

A necessidade de concentrar a resposta obstétrica a casos urgentes tem sido muito defendida por vários peritos como solução para a falta de recursos humanos, evitando a dispersão dos especialistas, e a própria ministra da Saúde não descarta essa solução. Na entrevista que há algumas semana deu ao Expresso, Marta Temido foi clara: “Nos sítios onde é preciso cortar (no número de serviços a funcionar) é sobretudo necessário encontrar novas formas de funcionamento das equipas. Havia uma referência de que os hospitais têm dificuldades em despirem-se dos seus egoísmos e a obrigação do ministro, de ter visão sistémica, é também a dos hospitais. Há aspetos que numa lógica de rede não são defensáveis e temos de ter isso presente.”

NewsItem [
pubDate=2019-09-15 13:07:58.0
, url=https://expresso.pt/sociedade/2019-09-15-Maternidade-Alfredo-da-Costa-fecha-Urgencia-este-domingo
, host=expresso.pt
, wordCount=512
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2019_09_15_752985563_maternidade-alfredo-da-costa-fecha-urgencia-este-domingo
, topics=[sociedade]
, sections=[sociedade]
, score=0.000000]