sol.sapo.ptsol.sapo.pt - 14 set. 18:14

Festival Manobras: onde o público também programa

Festival Manobras: onde o público também programa

Na terceira edição do Manobras, que este ano se espraia por dez municípios, quebraram-se fronteiras: a programação foi também escolhida pelos espectadores.

Sete idosas de Abrantes, Sobral de Monte Agraço e Alcobaça estarão em residência uns dias para depois, na data marcada, subirem ao palco nas respetivas terras para participarem no espetáculo Para Vós, de Cláudia Andrade, que reflete sobre o tempo e a memória das nossas avós. Esta é apenas uma das propostas da terceira edição do Manobras – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas que arrancou ontem e que até 31 de outubro vai decorrer em dez municípios da Artemrede: Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Pombal, Sobral de Monte Agraço e Tomar.

Ao todo, o festival contará com dezanove espetáculos, cinco oficinas e quatro objetos audiovisuais, de companhias nacionais e estrangeiras. Outra das propostas será Mininu, de Fernando Mota, que passará por Tomar, Pombal e Palmela, uma coprodução apoiada pelo festival, «inspirada nos sons da Guiné», e que após estas apresentações seguirá caminho para salas como o S. Luiz ou o CCB, diz ao SOL Marta Martins, diretora do Manobras.

Há espetáculos que vão circular entre os municípios, outros que terão apresentações apenas num palco, e há ainda locais que preferiram apostar na programação de rua. E foram, efetivamente, os espetadores de cada território, em conjunto com os programadores das autarquia e com a organização do festival, a decidir o que faria mais sentido para cada uma das localidades. A iniciativa chama-se Visionários e é exatamente o que o nome indica. «Os Visionários são grupos de espectadores que se tornam programadores e que, em cada um dos locais, se encontraram ao longo do ano para ver as propostas de espetáculos. Depois discutiram, pensaram e, no final, tiveram uma palavra a dizer nas decisões de programação», indica, sublinhando que esta é uma (inédita) mais-valia. «É o quebrar de uma fronteira, a de perguntar às pessoas para quem trabalhamos o que gostariam de ver». Este programa, que começou por ser aplicado num festival na Toscana, em Itália, tem sido acolhido pelos voluntários a visionários portugueses, havendo já, ao todo, nove grupos por cá.

Esta é mais uma forma encontrada pelo Manobras de ir ao encontro do público, até porque este é um festival que pretende contrariar a bicefalia Lisboa-Porto com o intuito de «transformar estes territórios não só em recetores como centros de criação e produção». Aqui, uma dicotomia: é que o Manobras espraia-se tento no território como dentro de cada uma das localidades de diversas formas. Haverá, por exemplo, espetáculos com visitas guiadas a pontos de interesse, aproveitando-se também estes percursos para saltar dos tradicionais palcos para, em sítios menos habituais, como a rua ou até uma igreja, interpelar o público. A oferta é extensa – para consultar o programa, o melhor será mesmo consultar a página da Artemrede. Depois da abertura que aconteceu ontem em Pombal, o ponto final ficará a cargo da coreógrafa italiana Costanza Givona, autora de Fogo Lento, o espetáculo de encerramento que se dará em Alcobaça.

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