expresso.ptexpresso.pt - 14 set. 18:52

Geringonças à espreita na reta final da campanha madeirense

Geringonças à espreita na reta final da campanha madeirense

A uma semana das eleições regionais — e de se confirmar o fim do tempo das maiorias absolutas na Madeira —, os partidos deixam recados sobre o futuro. BE e PS abrem a porta à criação de uma 'geringonça' nova. Miguel Albuquerque contra-ataca: “Imaginem o que era a Madeira governada por comunistas, por socialistas, por nulidades políticas, por indivíduos que não conseguem fazer uma sandes de queijo sem se enganarem na receita?”

Oito dias: é este o tempo que será preciso esperar para perceber se a Madeira poderá ter, pela primeira vez, uma mudança brusca de cenário político, acabando com a governação do PSD, que dura desde as primeiras eleições em democracia. Mas já há uma (grande) mudança garantida: também pela primeira vez, o que está em causa não é uma maioria absoluta dos sociais-democratas, que desta feita veem o PS aproximar-se significativamente nas intenções de voto.

Com a maioria absoluta segurada por muito pouco (com uma margem de apenas um deputado) nas eleições de 2015, Miguel Albuquerque, líder do PSD regional, espera agora vencer nas urnas no próximo domingo. Em qualquer caso, terá de gerir um mandato minoritário de forma diferente - e a hipótese mais viável para um acordo futuro parece, de momento, ser uma aliança com o CDS. O mesmo acontece para o PS: Paulo Cafôfo, que venceu o jardinismo na Câmara Municipal do Funchal e agora quer repetir a façanha a nível regional, terá de considerar acordos, provavelmente à esquerda, para conseguir governar.

Este sábado, em mais um dia de campanha - é o último fim de semana de estrada antes das eleições regionais - os líderes voltaram a apelar ao voto. E a mostrar inclinação para geringonças futuras. Questionado pela Lusa sobre a hipótese de criar a sua própria geringonça na Madeira, Cafôfo mostrou abertura: “Estou sempre disponível, com os diversos partidos, para dialogar e chegar a um acordo parlamentar com aqueles que estejam alinhados com os compromissos do PS e que também possam garantir uma estabilidade política.”

Do lado do Bloco de Esquerda, uma aparente sintonia. Foi aliás a coordenadora a nível nacional, Catarina Martins, que também em declarações à Lusa falou no mesmo sentido: “O Bloco de Esquerda está disponível para todas as soluções exigentes que puxam pela vida das pessoas”. Motivação comum? Acabar com a hegemonia do PSD. “Bem precisamos de outra solução que afaste o PSD e que possa responder pelas pessoas. O BE não faltará a essa solução exigente e não haverá uma mudança exigente sem o BE”, frisou.

O apoio do BE não é, no entanto, sinónimo de cheque em branco: o cabeça de lista bloquista na Madeira, Paulino Ascenção, aproveitou para acusar o PS de “cobardia” por não apresentar propostas para acabar com os monopólios instalados na ilha, como a gestão pública do porto, da zona franca ou das vias rápidas: “Não corrigir estes privilégios para não incomodar os seus beneficiários é uma grande cobardia.”

À direita, uma grande aposta na comunidade luso-venezuelana (cerca de oito mil pessoas) que chega com um preconceito em relação ao “socialismo” e portanto poderá considerar PSD e CDS como opções mais favoráveis - e os dois partidos têm explorado essa oportunidade. A mensagem, nas palavras de Miguel Albuquerque (citado pela Lusa), é esta: “Imaginem o que era a Madeira governada por comunistas, por socialistas, por nulidades políticas, por indivíduos que não conseguem fazer uma sandes de queijo sem se enganarem na receita?”.

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