expresso.pt - 20 ago. 11:21
Evelyn, violada e acusada de aborto depois de perder o bebé, foi absolvida em novo julgamento. Tinha sido condenada a 30 anos de prisão
Evelyn, violada e acusada de aborto depois de perder o bebé, foi absolvida em novo julgamento. Tinha sido condenada a 30 anos de prisão
“Graças a Deus, justiça foi feita”, desabafou Hernández, emocionada, depois do julgamento. Em julho de 2017, Evelyn foi condenada a 30 anos de prisão por suposto aborto. Procuradores queriam 40
Evelyn foi violada, engravidou e, oito meses mais tarde, perdeu o filho. As autoridades de El Salvador, um país conservador e católico, investigaram a jovem por um suposto aborto. O caso chegou à justiça: o Tribunal ditou, em julho de 2017, uma pena de 360 meses por homicídio. Ou seja, 30 anos. Os procuradores pediam 40.
A defesa de Evelyn Beatriz Hernández, hoje com 21 anos, recorreu da sentença e, em fevereiro de 2019, acabou por garantir a reversão da sentença e a repetição do julgamento. Apesar de ter passado 33 meses na cadeia, Evelyn, que esperaria pelo julgamento em liberdade (limitada à sua casa), viu a esperança renovada. Esta segunda-feira, a jovem salvadorenha foi absolvida, conta o “The Guardian”.
“Graças a Deus, justiça foi feita”, desabafou Hernández, emocionada, depois do julgamento. Bertha Maria Deleon, a advogada falou em justiça: “Acreditamos que o juiz foi muito justo no julgamento. Ele disse que não havia maneira de provar o crime e, por essa razão, absolveu-a”.
OSCAR RIVERA
A versão de Evelyn dizia desde o início que, nos primeiros dias de abril, deu à luz, durante o banho, o filho de 32 semanas. Estava sem vida. A autópsia revelou que não resistiu a uma pneumonia adquirida, ou seja, a uma infeção aguda do tecido pulmonar. Os especialistas não sabiam dizer se tinha nascido ou não sem vida.
De acordo com o “The Guardian”, cerca de 25 mil mulheres engravidam anualmente naquele país depois de violações. Muitas delas têm problemas com a justiça quando vão aos hospitais, por isso o número de abortos clandestinos é muito elevado: milhares.
Segundo várias organizações de direitos humanos daquele país, conta este artigo da BBC, existem pelo menos 20 mulheres em cativeiro por causa da lei do aborto, algumas delas condenadas a 40 anos de prisão depois de terem experienciado abortos espontâneos e problemas na gravidez. Esses ativistas terão conseguido libertar 30 mulheres durante a última década.