expresso.pt - 22 jul. 17:00
Comandante acusado em Pedrógão combateu fogo de Mação: “Se houvesse limpeza, como devia, o fogo não ardia como ardeu. Estava tudo na mesma”
Comandante acusado em Pedrógão combateu fogo de Mação: “Se houvesse limpeza, como devia, o fogo não ardia como ardeu. Estava tudo na mesma”
O único operacional que foi constituído arguido pelo incêndio de Pedrógão Grande em 2017 voltou ao combate no fogo de Mação. O comandante Augusto Arnaut diz que lhe custou, mas que ao fim do dia, saiu com “a sensação de dever cumprido”
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, voltou ao comando de uma brigada para combater o fogo de Mação este fim de semana. Desencantado depois de ter sido o único operacional constituído arguído pelas mortes no incêndio de Pedrógão Grande, Arnaut disse ao Expresso que pensou duas vezes antes de arrancar para o terreno.
"Estava muito bem no meu sofá, mas fiz o trabalho como sempre fiz e correu tudo bem. Estamos todos de volta e saí de lá com a sensação de dever cumprido e isso é que interessa. Fiz o meu dever como cidadão e como comandante". Quanto aos meios disponíveis, nomeadamente os de combate aéreo, comparativamente aos que pôde utilizar em 2017, Arnaut responde apenas: "Só uso os meios que me dão."
Questionado sobre a cadeia hierárquica a que se encontrou submetido no fogo de Mação e sobre o facto de ter tido de obedecer à Autoridade Nacional de Proteção Civil, cujos comandantes não foram acusados no processo de Pedrógão, o comandante dos bombeiros é sucinto: "A Proteção Civil somos todos nós." Para concluir: "Voltei a fazer e espero voltar a fazer o meu trabalho enquanto puder."
Ao Expresso, Arnaut disse ainda que "não há comparação possível com os incêndios de 2017", quando diz que a intensidade e os efeitos do vento foram muito mais graves. Quanto ao comportamento das autarquias e das populações, o comandante diz não ter visto grandes mudanças: "Se houvesse limpeza, como devia, o fogo não ardia como ardeu. Estava tudo na mesma".
Comandante das operações de socorro em Pedrógão Grande entre as 15H10 e às 19H55, Augusto Arnaut foi acusado de ter cometido muitos erros, nomeadamente de ter atrasado a montagem do Posto de Comando Operacional e não ter pedido um reforço dos meios aéreos.